ESTADOS UNIDOS
CIA pede desculpa por espiar Senado norte-americano
O diretor da CIA (agência norte-americana de serviços secretos externos) pediu desculpa aos senadores norte-americanos depois de uma investigação ter confirmado acusações de que agentes tinham acedido "indevidamente" aos computadores do Senado, indicou hoje aquela agência.
Em março, o diretor da CIA, John Brennan, rejeitou acusações segundo as quais a agência teria espiado investigadores da comissão de informações do Senado em busca de provas de possível tortura, declarando: "Nada poderia estar mais longe da verdade".
Mas hoje, num súbito 'volte-face', a agência de informações norte-americana confirmou que uma investigação feita pelo seu próprio inspetor-geral confirmou que alguns agentes tinham realmente agido além da respetiva autoridade.
Um porta-voz indicou que Brennan se reuniu com a presidente do Senat Select Committee on Intelligence (SSCI, Comissão sobre Informações Criada pelo Senado), a senadora Dianne Feinstein e o seu adjunto "e lhes pediram desculpa".
O escândalo gira em torno de um arquivo informático, RDINet, instalado pela CIA num edifício seguro no Estado da Virginia para disponibilizar documentos secretos aos membros do Senado que estavam a investigar acusações de que aquela agência governamental teria torturado prisioneiros entre 2002 e 2006.
Em março, Feinstein acusou furiosamente a CIA de ter penetrado nesse arquivo durante a investigação do Senado, numa aparente violação da separação entre os poderes governamentais legislativo e executivo consagrada na Constituição.
Hoje, a agência admitiu que "alguns funcionários da CIA agiram de forma inconsistente com o acordo estabelecido entre a SSCI e a CIA em 2009 no que diz respeito ao acesso à RDINet".
O porta-voz da CIA, Dean Boyd, indicou que um novo inquérito -- conduzido por um "painel para apurar responsabilidades" com o poder de punir agentes -- será ordenado sob a direção do antigo senador Evan Bayh.
A investigação conduzida pela comissão entre 2009-20012 produziu um relatório secreto de 6.300 páginas sobre "técnicas avançadas de interrogatório" -- incluindo algumas habitualmente consideradas tortura, como 'waterboarding' (técnica que consiste em submergir repetidamente a cabeça dos detidos em água para obrigá-los a confessar) -- utilizadas pela CIA nos primeiros anos da chamada "Guerra contra o Terrorismo".
Em teoria, o relatório deveria eventualmente acabar por deixar de ser secreto e por ser tornado público, mas o Governo do atual Presidente norte-americano, Barack Obama, ainda não iniciou o processo para que tal aconteça.
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