Enfim, boas notícias? (1)
Nos últimos meses as más notícias quer a nível internacional , quer internamente, têm sido tão más, que uma notícia onde se descortine uma réstea de esperança é recebida com suspiros de alívio. Foi o que aconteceu ontem, com duas notícias que, embora não nos afectem directamente, terão influência no nosso futuro.
A primeira veio da Alemanha e permite vislumbrar uma solução pacífica para a Ucrânia. Sigmar Gabriel - social democrata parceiro de Merkel no governo alemão- deu uma entrevista ao "Die Welt am Sonntag", em que defende que só uma maior autonomia para as zonas do leste da Ucrânia de maioria pró russa, conducente a uma federalização do país, poderá trazer a paz de volta à região.
O mais curioso é que Merkel- que foi no sábado a Kiev levar um cheque de 500 milhões, cuja provisão tem como exigência que uma parte seja gasta em material de guerra ( comprado à Alemanha, obviamente)- corroborou ontem a opinião de Sigmar Gabriel, aceitando-a como uma via possível para a paz. Claro que esta mudança de posição da Alemanha, no mesmo dia em que Obama ameaçava Moscovo com mais sanções, se deve ao facto de o governo alemão já ter percebido que o efeito"boomerang" das sanções aplicadas pela UE atingirá em cheio a Alemanha.
Por isso, antes de mais, interpreto as declarações de Gabriel e de Merkel como um aviso a Obama. Descodificando: a UE não aplicará mais sanções à Rússia e fará os possíveis para aliviar rapidamente as já aplicadas. É que, além dos prejuízos já sentidos, vem aí o Inverno e nunca se sabe o que Putin poderá decidir em relação ao fecho da torneira de gás.
Não há razão para entrar em grande euforia, mas o facto de a Alemanha ter aberto uma porta para a solução da crise ucraniana ( que a própria Alemanha criou- convém não esquecer...) é uma notícia que acalenta alguma esperança no desanuviar de um conflito que pode incendiar a Europa.
cronicasdorochedo.blogspot.pt
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