Portugueses emigrados nos EUA estão envelhecidos e trabalham na indústria e construção
Apesar de continuarem a ser o terceiro país do mundo com mais portugueses emigrados, os EUA atraem cada vez menos emigrantes portugueses. Em 2012, foram apenas 811. E, entre 2000 e 2013, aquela comunidade perdeu cerca de 60 mil portugueses.
Apesar de continuar a ser o terceiro país do mundo com mais portugueses emigrados (cerca de 166 mil), os EUA são hoje um destino secundário da emigração portuguesa. Na última década, e segundo o Observatório da Emigração, entraram anualmente naquele país mil portugueses em média.
Além de envelhecidos, os 166,582 portugueses que vivem actualmente nos EUA têm tendência a diminuir, porque a entrada de novos imigrantes (foram 811 em 2012, contra os 20 mil emigrados para o Reino Unido, naquele mesmo ano) não tem sido suficiente “para compensar a mortalidade e eventuais movimentos de retorno”, segundo o retrato da emigração portuguesa naquele país esboçado pelo Observatório da Emigração. Contas feitas, entre 2000 e 2013, a população portuguesa emigrada nos EUA perdeu cerca de 60 mil pessoas.
E, apesar de menos desqualificados do que os que se encontram noutros destinos, os níveis de qualificação escolar e profissional dos portugueses emigrados nos EUA são muito baixos quando comparados com os imigrantes de outras nacionalidades.
Apenas 10% dos portugueses emigrados nos EUA tinham, em 2001, um diploma do ensino superior. Entre os restantes, cerca de 60% tinham, no ano passado, apenas um diploma do secundário e 30% do ensino básico. “Não surpreende quando se tem em conta os níveis de escolarização da população portuguesa à data dos últimos grandes movimentos de saída de Portugal para aquele país”, lembram os autores do relatório.
Quanto às profissões que desempenham, apenas um quinto trabalha por conta própria, sendo que a grande maioria (70%) encontrou emprego no sector privado. Onde? Na indústria transformadora, na construção, no comércio e na reparação de veículos automóveis, motociclos e bens de uso pessoal e doméstico, pormenorizam os autores do relatório. São, em síntese, “actividades pouco qualificadas”. A situação melhora um pouco quando a análise incide sobre os descendentes de portugueses já nascidos nos EUA, entre os quais 22% trabalhavam já nos serviços de educação, saúde e protecção social.
Com uma história marcada por sucessivas vagas de emigração portuguesa – a última das quais na década de 1960 em que chegaram aos EUA mais de 175 mil portugueses –, os EUA parecem ter perdido atracção migratória nos últimos anos. Desde a entrada de Portugal na União Europeia, em 1986, mas também a partir do ataque às Torres Gémeas de Setembro de 2001, que levaram os norte-americanos a adoptar políticas migratórias mais restritivas. Este declínio da emigração portuguesa para os EUA traduziu-se, como era de esperar, numa queda das remessas enviadas a partir deste país: de 395 milhões, em 2000, para apenas 140 milhões, em 2013.
No total das remessas dos emigrantes portugueses, aqueles montantes, que correspondiam a cerca de 13% das remessas, em 2000, representavam apenas cerca de 5%, treze anos depois. Os EUA tornaram-se assim no sétimo país de origem das remessas de emigrantes recebidas em Portugal, apesar de continuarem a ser (a par com a França, com quase 600 mil portugueses) um dos países com maior presença de imigrantes portugueses.
Entre a população de luso-americanos contam-se mais de um milhão de descendentes das várias gerações de emigrantes portugueses. Quase todos nascidos nos EUA, “três quartos apenas falam inglês em casa” e também cerca de três quartos dos indivíduos nascidos em Portugal adquiriram entretanto a nacionalidade americana. Cerca de 37% dos emigrantes nascidos em Portugal vivem na região de Nova Inglaterra, onde se situam os estados de Massachusetts e de Connecticut, e outros 37% nos estados de Nova Jérsia e de Nova Iorque.
Independentemente do local onde se encontram, a estrutura de idades dos portugueses naquele país é reveladora da antiguidade deste fluxo migratório: “os mais jovens, entre os 15 e os 39 anos, representam apenas 15% do total”. Entre os restantes, 56% têm entre 40 e 64 anos. Em 13 anos, entre 2000 e 2013, a percentagem de emigrantes com 65 e mais anos de idade quase que duplicou: passou de 16% para 28% do total.
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