França aumenta ingerência em África
Presidente Francês |
por Carlos Lopes Pereira
"Para consagrar o estabelecimento desde aparelho militar, Hollande visitou no final da semana passada Abidjan, Niamey e Djamena, onde foi recebido pelos seus homólogos, amigos e aliados Allassane Ouattara, Mahamadou Issoufou e Idriss Déby Itno. Todos estão de acordo com a necessidade desta «ajuda» das tropas francesas na luta contra os grupos «terroristas» que actuam em todo o Sahel a partir do Sul da Líbia.
Convenientemente, pouco se falou durante a visita da participação da França na brutal agressão da NATO à Líbia (intervenção de que resultou a destruição de um dos países mais desenvolvidos de África). Ou da missão Sangaris, lançada por Paris em finais de 2013 na República Centro-Africana e que provocou no país o disparar da violência étnica e religiosa e o caos sem fim à vista. Ou ainda do fracasso da operação Serval, no Mali, considerada «terminada» mas na verdade deixando activos os grupos jihadistas e por resolver as reivindicações independentistas dos movimentos tuaregues."
A França está a reorganizar e reforçar o seu dispositivo militar no Sahel, colocando sob comando único três mil soldados e equipamento sofisticado localizado em diferentes países oeste-africanos.
Trata-se de mais uma medida no quadro da velha política neocolonialista de Paris em relação a África, que se intensificou com a chegada ao Eliseu de François Hollande. Sob novas roupagens, a «Françafrique» continua a caracterizar-se pela exploração económica das riquezas africanas, por interesses e negócios obscuros, por frequentes golpes de estado e intervenções militares nas antigas colónias.
A partir de 1 de Agosto, a operação Barkhane, com quartel-general na capital chadiana, Djamena, vai substituir as missões Serval, no Mali (que visou travar o avanço para Bamako de grupos jihadistas e conter os autonomistas tuaregues), Épervier, no Chade, e Licorne, na Costa do Marfim (estas destinadas a restabelecer a «ordem» e a colocar no poder dirigentes «amigos»).
O sistema mediático mundial, nestes dias ocupado a esconder mais um massacre de Israel sobre os palestinianos na faixa de Gaza e a deitar achas para a fogueira das provocações dos fascistas da Ucrânia contra a Rússia – com o incondicional apoio dos Estados Unidos, da França e de outros países ocidentais –, dedica habitualmente pouca atenção às questões africanas.
Mas, de acordo com as revistas «Jeune Afrique» e «Afrique Asie» e os web sites «MondAfrique» e «Survie», cinco países são abrangidos pela reconfiguração da presença de tropas francesas na África do Oeste. O objectivo declarado é permitir em toda a zona sahel-sahariana «intervenções rápidas e eficazes em caso de crise», em associação com forças africanas, para «melhor responder à ameaça terrorista» dos islamitas. Dito de forma mais clara, Paris prepara-se para alargar a ingerência militar em África, neste caso ao longo do Sahel, da costa atlântica até ao Índico.
O Chade é o centro nevrálgico do renovado dispositivo e passa a ser a principal base das legiões gaulesas na região. Djamena acolhe o estado-maior da Barkhane e 1250 soldados, além de aviões Mirage e Rafale. Haverá uma ou duas bases avançadas no Norte chadiano, em Faya-Largeau e talvez em Zouar.
O Níger, onde estacionam cerca de 300 homens, é considerado o «pólo dos serviços de informações». A base aérea de Niamey abriga drones não armados (dos tipos Reaper e Harfang), aviões de vigilância e, em alguns períodos, caças. É possível a construção de uma base avançada em Madama, junto da fronteira com a Líbia. Na capital nigerina, também os Estados Unidos possuem especialistas dos serviços de inteligência, conselheiros militares, pilotos, aviões e drones. (O Níger, sabe-se, fornece através da empresa Areva a maior parte do urânio indispensável à indústria nuclear francesa).
No Mali, depois da recente intervenção armada, a França fica com uma base na histórica cidade de Gao e com um milhar de soldados. Dispõe ainda de outra base avançada em Tessalit, na zona fronteiriça com a Argélia.
Ainda no âmbito da Barkhane – nome dado no Sahara a uma duna em forma de crescente –, forças especiais francesas prontas a intervir estão estacionadas no Burkina Faso (em Ouagadougou, a capital) e, em menor número, na Mauritânia (em Atar).
A base de Port-Bouet, em Abidjan (na Costa do Marfim) não faz parte do dispositivo mas servirá como apoio logístico e como reserva de tropas, em caso de necessidade.
No continente africano, a França mantém paralelamente bases militares em Dakar (no Senegal), em Libreville (no Gabão) e, já na costa oriental, em Djibuti – onde, aliás, coexistem forças de países europeus, dos Estados Unidos e até do Japão…
Para consagrar o estabelecimento desde aparelho militar, Hollande visitou no final da semana passada Abidjan, Niamey e Djamena, onde foi recebido pelos seus homólogos, amigos e aliados Allassane Ouattara, Mahamadou Issoufou e Idriss Déby Itno. Todos estão de acordo com a necessidade desta «ajuda» das tropas francesas na luta contra os grupos «terroristas» que actuam em todo o Sahel a partir do Sul da Líbia.
Convenientemente, pouco se falou durante a visita da participação da França na brutal agressão da NATO à Líbia (intervenção de que resultou a destruição de um dos países mais desenvolvidos de África). Ou da missão Sangaris, lançada por Paris em finais de 2013 na República Centro-Africana e que provocou no país o disparar da violência étnica e religiosa e o caos sem fim à vista. Ou ainda do fracasso da operação Serval, no Mali, considerada «terminada» mas na verdade deixando activos os grupos jihadistas e por resolver as reivindicações independentistas dos movimentos tuaregues.
Fonte: http://avante.pt/pt/2121/internacional/131379/
Mafarrico Vermelho
O Níger, onde estacionam cerca de 300 homens, é considerado o «pólo dos serviços de informações». A base aérea de Niamey abriga drones não armados (dos tipos Reaper e Harfang), aviões de vigilância e, em alguns períodos, caças. É possível a construção de uma base avançada em Madama, junto da fronteira com a Líbia. Na capital nigerina, também os Estados Unidos possuem especialistas dos serviços de inteligência, conselheiros militares, pilotos, aviões e drones. (O Níger, sabe-se, fornece através da empresa Areva a maior parte do urânio indispensável à indústria nuclear francesa).
No Mali, depois da recente intervenção armada, a França fica com uma base na histórica cidade de Gao e com um milhar de soldados. Dispõe ainda de outra base avançada em Tessalit, na zona fronteiriça com a Argélia.
Ainda no âmbito da Barkhane – nome dado no Sahara a uma duna em forma de crescente –, forças especiais francesas prontas a intervir estão estacionadas no Burkina Faso (em Ouagadougou, a capital) e, em menor número, na Mauritânia (em Atar).
A base de Port-Bouet, em Abidjan (na Costa do Marfim) não faz parte do dispositivo mas servirá como apoio logístico e como reserva de tropas, em caso de necessidade.
No continente africano, a França mantém paralelamente bases militares em Dakar (no Senegal), em Libreville (no Gabão) e, já na costa oriental, em Djibuti – onde, aliás, coexistem forças de países europeus, dos Estados Unidos e até do Japão…
Para consagrar o estabelecimento desde aparelho militar, Hollande visitou no final da semana passada Abidjan, Niamey e Djamena, onde foi recebido pelos seus homólogos, amigos e aliados Allassane Ouattara, Mahamadou Issoufou e Idriss Déby Itno. Todos estão de acordo com a necessidade desta «ajuda» das tropas francesas na luta contra os grupos «terroristas» que actuam em todo o Sahel a partir do Sul da Líbia.
Convenientemente, pouco se falou durante a visita da participação da França na brutal agressão da NATO à Líbia (intervenção de que resultou a destruição de um dos países mais desenvolvidos de África). Ou da missão Sangaris, lançada por Paris em finais de 2013 na República Centro-Africana e que provocou no país o disparar da violência étnica e religiosa e o caos sem fim à vista. Ou ainda do fracasso da operação Serval, no Mali, considerada «terminada» mas na verdade deixando activos os grupos jihadistas e por resolver as reivindicações independentistas dos movimentos tuaregues.
Fonte: http://avante.pt/pt/2121/internacional/131379/
Mafarrico Vermelho
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