Paulo Portas e ...
... uma descarada
falsificação da história
falsificação da história
Esta afirmação foi feita pelo ministro Paulo Portas na passada-sexta-feira no encerramento do debate na generalidade do OE/2013 e, por isso, não é tarde de mais para voltar a ela como descarado exercício de rasura da história.
Dito assim, e mais não disse Paulo Portas, poderá alguém mal informado pensar que ao longo de décadas e décadas a classe operária e gerações de trabalhadores da Europa, além do trabalho produtivo, andavam sobretudo entretidos a beber copos nas tabernas e a jogar o chinquilho e, que sem que eles tivessem pedido nada, reclamado nada e lutado por nada, os democratas-cristãos, os sociais-democratas e os socialistas lhes foram oferecendo numa bandeja toda uma série de conquistas e regalias sociais que, progressivamente e no seu conjunto, viriam a constituir o normalmente chamado «Estado Social».
Desenganem-se pois todos os que, em livros de história ou em qualquer outra fonte de informação, ouviram falar das lutas heróicas dos trabalhadores durante a Revolução industrial e de todo o riquíssimo património de milhares e milhares de lutas desencadeadas e de milhares de actos repressivos e centenas de mortos sofridos pelo movimento operário, a partir de certa altura com uma contribuição determinante dos partidos comunistas, para já não falar do peso que, nas concessões a que os partidos no poder foram forçados, tevena época a capacidade de atracção gerada pelas conquistas sociais na União Soviética.
Fiquem-se pois pela mentirosa teoria da bandeja e da generosidade das famílias políticas invocadas por Paulo Portas. E nem sequer lhe lembrem, para não o perturbar, que, naquele contexto histórico, se está a referir a partidos sociais-democratas ou socialistas então ainda sob a influência maior ou menor do marxismo. E também nem sequer lhe perguntem de que lado é que estavam ou estiveram os partidos democratas-cristãos (ou as similares direitas) em embates tão cruciais como as medidas progressistas da Frente Popular em 1936 ou Acordos de Grenelle em 1968, ambos na França.
Sim, não desasosseguem o homem: ele vê bondades governantes e avenidas de facilidade e mares de rosas onde a história regista sangue, suor, lágrimas, sacríficios sem conta dos trabalhadores e do movimento operário e sindical. É o que lhe convém.
O tempo das cerejas
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