Língua portuguesa pode perder-se na era digital
“São necessárias medidas imediatas para assegurar a sua posição internacional de comunicação”, alerta António Branco
2012-11-09
Por Susana Lage
A investigação, elaborada por mais de 200 especialistas e documentada numa colecção de Livros Brancos, avaliou o nível de desenvolvimento da tecnologia da linguagem para 30 das cerca de 80 línguas europeias existentes e concluiu que em 21 delas este é, na melhor das hipóteses, ‘nulo’ ou ‘fraco’.
No caso da língua portuguesa, apesar de ser a quinta mais falada no mundo, com cerca de 220 milhões de falantes em quatro continentes, o que o Livro Branco indica é que, “dependendo das diferentes vertentes em análise, o desenvolvimento da tecnologia da linguagem para a língua portuguesa apresenta um nível muito baixo, ou mesmo nulo, na generalidade dessas vertentes”, afirma António Branco ao Ciência Hoje.
Segundo o investigador da Universidade de Lisboa envolvido neste estudo, isto revela que “em termos de tecnologia da linguagem e de preparação para a era digital, a língua portuguesa se encontra próximo de outras línguas faladas por comunidades bem mais minoritárias e exposta a riscos similares quanto à sua sobrevivência na era digital”.
De acordo com o investigador português, “a tecnologia da linguagem é o novo factor disruptivo que está a desencadear uma nova revolução tecnológica, sem precedentes, para a linguagem natural. Apenas a tecnologia da linguagem desenvolvida e adaptada especificamente para a uma dada língua permitirá que esta sobreviva na era digital e que os seus falantes e a sua cultura tenham assegurada uma cidadania plena na sociedade da informação”.
Em face destes resultados, no Livro Branco para o português é assinalado que “são necessárias medidas imediatas para que se possam obter progressos importantes para o português assegurar a sua posição como língua internacional de comunicação”, refere. "Uma dessas medidas é a adesão de Portugal à recém criada Infraestrutura Europeia de Investigação CLARIN, dedicada à ciência e à tecnologia das linguagens naturais”, ilustra.
O Livro Branco para a língua portuguesa vai ser lançado no próximo dia 16, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Trata-se de uma obra dirigida a um público o mais vasto possível, não especializado nestas matérias, incluindo comunidades linguísticas, jornalistas, políticos ou docentes, entre muitos outros.
“As consequências desejáveis são as de que as suas conclusões ajudem a desenhar as melhores políticas da língua para o português e as melhores políticas de apoio à ciência e tecnologia da linguagem aplicada ao português, em vista do superior interesse da língua portuguesa”, diz António Branco.
Uma vez identificadas as principais lacunas na investigação sobre a tecnologia da linguagem aplicada ao português, os próximos passos na investigação serão assim o “desenvolvimento de recursos linguísticos e ferramentas de processamento específicos, por toda a comunidade que trabalha sobre a língua portuguesa, que possibilitem caminhar no sentido de eliminar estas lacunas, desde que este trabalho seja apoiado por políticas de desenvolvimento científico e tecnológico adequadamente planeadas”, avança o professor.
Segundo o investigador da Universidade de Lisboa envolvido neste estudo, isto revela que “em termos de tecnologia da linguagem e de preparação para a era digital, a língua portuguesa se encontra próximo de outras línguas faladas por comunidades bem mais minoritárias e exposta a riscos similares quanto à sua sobrevivência na era digital”.
Tecnologia da linguagem
As revoluções tecnológicas que no passado envolveram a linguagem natural (o advento da escrita, a imprensa mecânica, etc.), levaram a que muitas línguas perdessem a sua relevância e algumas acabassem por se extinguir à medida que os seus falantes deixavam de poder beneficiar desses avanços tecnológicos. “Para uma língua prosperar na era digital que se avizinha, é necessário que esteja devidamente equipada do ponto de vista tecnológico de forma a poder ser usada para se aceder a todas as pessoas, serviços e bens que irão ficando disponíveis apenas na e através da sociedade da informação”, afirma António Branco.De acordo com o investigador português, “a tecnologia da linguagem é o novo factor disruptivo que está a desencadear uma nova revolução tecnológica, sem precedentes, para a linguagem natural. Apenas a tecnologia da linguagem desenvolvida e adaptada especificamente para a uma dada língua permitirá que esta sobreviva na era digital e que os seus falantes e a sua cultura tenham assegurada uma cidadania plena na sociedade da informação”.
O Livro Branco para a língua portuguesa vai ser lançado no próximo dia 16, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Trata-se de uma obra dirigida a um público o mais vasto possível, não especializado nestas matérias, incluindo comunidades linguísticas, jornalistas, políticos ou docentes, entre muitos outros.
“As consequências desejáveis são as de que as suas conclusões ajudem a desenhar as melhores políticas da língua para o português e as melhores políticas de apoio à ciência e tecnologia da linguagem aplicada ao português, em vista do superior interesse da língua portuguesa”, diz António Branco.
Uma vez identificadas as principais lacunas na investigação sobre a tecnologia da linguagem aplicada ao português, os próximos passos na investigação serão assim o “desenvolvimento de recursos linguísticos e ferramentas de processamento específicos, por toda a comunidade que trabalha sobre a língua portuguesa, que possibilitem caminhar no sentido de eliminar estas lacunas, desde que este trabalho seja apoiado por políticas de desenvolvimento científico e tecnológico adequadamente planeadas”, avança o professor.
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