AVISO

OS COMENTÁRIOS, E AS PUBLICAÇÕES DE OUTROS
NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO ADMINISTRADOR DO "Pó do tempo"

Este blogue está aberto à participação de todos.


Não haverá censura aos textos mas carecerá
obviamente, da minha aprovação que depende
da actualidade do artigo, do tema abordado, da minha disponibilidade, e desde que não
contrarie a matriz do blogue.

Os comentários são inseridos automaticamente
com a excepção dos que o sistema considere como
SPAM, sem moderação e sem censura.

Serão excluídos os comentários que façam
a apologia do racismo, xenofobia, homofobia
ou do fascismo/nazismo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011



Estado de sítio - partindo a corda ....


Estado de sítio, por Leonel Moura, JNegócios
"Nunca se deve encurralar uma fera. Mesmo os portugueses, que são mansos, não gostam de ser encurralados. Mas é isso que está a suceder. Todos os dias o governo aperta ainda mais o cerco, retirando meios de subsistência, paralisando a economia, não apresentando qualquer saída positiva. Tanto ministro e secretário de estado e ninguém é capaz de proferir uma única palavra de esperança ou anunciar uma medida estimulante. Estiveram um dia inteiro fechados num forte e a única coisa que saiu foi maior facilidade em despedir. Como dizia o meu amigo Ernesto, esta gente tem pelos no coração.
Perante isto, os primeiros sinais de agitação da fera mansa começam a surgir. São os pórticos das autoestradas destruídos a tiro; o vandalismo crescente; os ataques no ciberespaço; o ódio à polícia cada vez mais descarado; a criminalidade que aumenta em quantidade e brutalidade.
Aliás, os brandos são os piores. É dos telejornais que os maiores assassinos, aqueles que saem à rua com uma arma e desatam a matar pessoas, são invariavelmente descritos pelos vizinhos como excelentes pessoas. Sempre pensei o mesmo da brandura dos portugueses. Ela esconde uma raiva funda que a qualquer momento pode rebentar. E, em boa verdade, desde o 25 de Abril nunca estiveram reunidas tantas condições, sociais, económicas, políticas e psicológicas, para que "salte a tampa" a alguns portugueses.
A primeira vez que Passos Coelho falou em tumultos achei que estava a exagerar. Ele tentava refrear os ímpetos do sindicalismo e do PC, mas conhecendo o "modus operandi" destes, sempre formalista, pareceu-me que estava mais a pedir agitação do que a preveni-la.
Umas quantas semanas depois, muitos cortes, subidas de impostos e um declarado desdém pela sorte dos portugueses e já acho que o medo dos tumultos faz mesmo sentido. Não tanto na versão camarada da "agit-prop", mas em atos de sabotagem, violência gratuita e mesmo naquilo que por estes dias se apelida de terrorismo.
Acresce um outro fator de caráter sociológico que pode vir a tornar-se determinante para o aumento da violência social. A situação da juventude. Após o Maio de 68, a Europa conseguiu refrear o radicalismo dos jovens metendo-lhes dinheiro no bolso e dando-lhes coisas para comprar. A juventude tornou-se consumidora e, nessa condição, conservadora. A austeridade imposta por troikas e governo afeta sobretudo os jovens e estes não têm mais dinheiro, nem futuro. A tal ponto que o próprio primeiro-ministro, mostrando muita falta de sensibilidade humana e política, diz que o melhor é irem-se embora porque o país não tem nada para lhes oferecer. Em resultado, uma nova geração de jovens está em vias de se radicalizar e agir em conformidade. Os epítetos de anarquistas, agitadores, vândalos e outros de ocasião, podem sossegar jornalistas e políticos mas não bastam para iludir o desassossego crescente. A juventude portuguesa não está numa situação muito diferente dos jovens árabes que incendiaram vários países. E vão provavelmente começar a fazer estragos.
Como se não bastasse, a oposição política é um deserto de ideias. Não existem alternativas no campo partidário e nem sequer temos intelectuais ou figuras com reconhecimento cultural e público com capacidade e crédito para mobilizar o descontentamento. Os portugueses que sofrem a investida de uma governação que só pensa como lhes extorquir ainda mais do parco rendimento, estão totalmente abandonados à sua sorte. Ou seja, e como disse no início, estão encurralados numa curva da história.
Antigamente estas situações resolviam-se com guerras ou em alternativa com revoluções. A guerra, embora seja constante, é surda, distante e subterrânea. Não é previsível que possa eclodir nas ruas da Europa. Pelo menos no médio prazo. Quanto a revoluções, elas passaram para o campo do tecnológico e muito dificilmente surgirão, à antiga, com barricadas e movimentos de massas enfurecidas.
É por tudo isto que, do caldo de frustração e beco sem saída em que nos encontramos, antevejo um tempo de pequenos e medianos atos subversivos que irão desestabilizar a nossa sociedade. Mas claro, isto sou eu a pensar neste fim de ano nada entusiasmante. Boas festas. "

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante esse fogão de mesa, poucas pessoas aborda esse assunto como você abordou, como eu não cozinho pouco eu também prefiro o cooktop 2 bocas não toma muito espaço

Anónimo disse...

Você poderia gravar seu conteúdo, ficaria top, muitas pessoas fazem o uso dessa Pistola de Pintura Elétrica para pintar portões, portas, você poderia mostrar como faz seu trabalho. Ficaria top

Anónimo disse...

Agora, essa Escada Articulada ela não pode colocar varias posições? Você poderia falar mais sobre isso