O secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa voltou hoje a defender a renegociação da dívida pública portuguesa, em alternativa à ajuda externa, frisando que «ninguém está a ajudar Portugal desinteressadamente». «Como é sabido, a verba atribuída para a intervenção externa leva uma imediata cobrança de taxas de juro que significam não um favor mas um ganho para esses países» que vão ajudar Portugal, afirmou esta tarde Jerónimo de Sousa momentos antes da apresentação da lista de candidatos a deputados pelo círculo do Porto às eleições de 5 de Junho.
Logo acrescentou: «que fique claro, ninguém está a ajudar Portugal desinteressadamente. Aquilo que vai ficar ao dispor da banca, há uma outra parte que fica logo retida tendo em conta taxas de juro elevadas».
Para o líder do PCP, há «outra alternativa», considerando ser «falso que a chamada ajuda [externa] venha resolver os problemas estruturantes do país».
Durante o discurso de apoio à lista do Porto, encabeçada novamente por Honório Novo e com Jorge Machado a número dois, Jerónimo de Sousa defendeu «a imediata renegociação da dívida pública portuguesa, quer quanto a prazos, quer quanto a taxas de juro».
«Esta proposta do PCP pode não ser entendida agora, mas há-de chegar o momento em que esta questão da renegociação da dívida, dos prazos e taxas, vai ter que ser colocada na ordem do dia em nome dos interesses de Portugal. Não estamos na fase de dizer não pagamos . O grande drama é se não há essa renegociação, corremos o risco de um dia dizer que não podemos pagar», salientou aos jornalistas.
Criticando o governo socialista, destacou que a decisão «inaceitável» e «ruinosa» de pedir ajuda externa «deixou bem claro que é a banca que comanda a ação do governo» e que «Sócrates pode dizer que a culpa é de quem chumbou o PEC que nada pode apagar [essa] subserviência».
Falando sobre eleições, o comunista disse mesmo que PS, PSD e CDS «querem um país resignado e condenado a escolher entre a solução pior e a pior solução», acrescentando que esses partidos «disfarçam com o empolamento de diferenças secundárias».
Apresentou por isso o PCP como uma «alternativa» capaz de «salvar o país».
Instado sobre o apoio de Fernando Nobre ao PSD, respondeu aos jornalistas ter «avisado» que o ex-candidato às presidenciais teve um percurso «ora apoiando um e outros consoante as circunstâncias», pelo que este «desfecho» não o surpreendeu.
Realçou porém que «para as pessoas bem intencionadas que participaram na campanha de Fernando Nobre, isto deve ser motivo de reflexão».
Lusa / SOL
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