A embarcação de socorro de emergência e transporte de doentes «Ria Solidária» está desde fevereiro em terra, oficialmente para manutenção, e não tem ainda uma data prevista para voltar ao serviço.
A situação está a causar preocupação à população das ilhas-barreira da Ria Formosa, que estranha o tempo que está a demorar uma operação de rotina.
Contactado pelo «barlavento», o comandante da Força Operacional Conjunta (Focon) dos Bombeiros de Faro Aníbal Silveira esclareceu que o barco está parado «única e exclusivamente para manutenção» e que os bombeiros farenses, que são responsáveis pela embarcação que é propriedade do Governo Civil do Distrito de Faro, estão «dependentes das empresas» responsáveis pelos trabalhos para o voltar a colocar dentro de água.
Até lá, o socorro e transporte de doentes está assegurado pelo INEM e pela Marinha, acrescentou Aníbal Silveira.
«A emergência não está posta em causa. A Marinha, através do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), já disponibilizou uma embarcação e, em casos mais urgentes, pode ser acionado o helicóptero do INEM ou da Proteção Civil, ambos estacionados em Loulé, como já aconteceu para socorrer uma pessoa numa das ilhas», garantiu.
A estadia do barco-ambulância em terra foi denunciada na passada semana pelo movimento Com Faro no Coração (CFC), que considerou a situação «intolerável».
Também a presidente da Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC) Sílvia Padinha considerou que «três meses é muito tempo», apesar de compreender que a embarcação tenha de ser sujeita a manutenção ciclicamente.
«Neste momento, estamos a ser servidos por um semi-rígido de 6,5 metros do ISN, que não oferece as melhores condições de segurança, principalmente para pessoas com dificuldades motoras», ilustrou Sílvia Padinha. Esta era, de resto, a solução ao dispor dos ilhéus, antes da chegada do «Ria Solidária».
«Esta embarcação foi uma reivindicação da população das ilhas durante anos. Faz muita falta e sentimos a diferença. Sabemos que a manutenção leva algum tempo, mas já começa a ser estranha a demora», assegurou a presidente da AMIC.
Aníbal Silveira admite que a preocupação dos habitantes da Culatra é legítima e que eles saberão «melhor» o tempo normal para este tipo de intervenção. Mas sustenta que o caso está nas mãos das empresas contratadas. O atraso nos trabalhos poderá estar ligado ao facto de se estar a intervir nos dois motores de 150 cavalos, apurou o «barlavento».
«Os motores têm de ser vistos e o casco tem de ser pintado. Não quero arriscar uma data exata de quando estes trabalhos estarão concluídos, pois não sou técnico de nenhuma das áreas», referiu. Ainda assim, assegurou, o barco voltará ao serviço «seguramente antes do verão».
O barco-ambulância «Ria Solidária», a primeira embarcação do género em Portugal, foi adquirido pelo Governo Civil de Faro em 2008 e cedido à Associação Humanitária dos Bombeiros de Faro, que gere o corpo de voluntários da capital algarvia, para assegurar o serviço de apoio às ilhas-barreira.
Construído em Vila Real de Santo António, este barco foi feito à medida para permitir o embarque e o desembarque seguro de doentes, através de uma prancha que permite a entrada de macas e cadeiras de rodas.
Também foi instalado um Posto de Emergência Médica a bordo da embarcação.
Fonte: Barlavento
Sem comentários:
Enviar um comentário