Da maldita bebedeira
o Domingo é que é culpado
e a pobre da segunda feira
é que a tem sempre aguentado
de manhã começa ela
com uns copos de aguardente
e ao meio dia já se sente
a fermentar a cadela
perdida toda a cautela
quando se trata da petisqueira
fica limpa a algibeira
com tantos copos pagar
que eu terei que me queixar
da maldita bebedeira
ás vezes á hora morta
a filha duma magana
vai do quarto prá cabana
até perde o rumo á porta
muitas vezes por ser torta
vai dormir pró sobrado
no palheiro já tem ficado
arrisco a dar fogo á palha
e toda a semana trabalha
e o do mingo é que é culpado
pra que nunca mais eu sinta
no meu corpo a fazer mal
eu vou por em tribunal
a sexta, a quarta e a quinta
e a terça que não minta
que é testemunha verdadeira
que também sofre a canseira
e está farta de sofrer
a ver se pode defender
a pobre da segunda feira
para acabar com as manias e evitar as discussões
têm culpa todos os dias
de se empinar uns canhões
e para me livrar de ações
e ninguém seja incomodado
quem bebe demasiado
noite e dia e a toda a hora
e não deita nada fora
é que a tem sempre aguentado !
1 comentário:
Ouvi pela primeira vez este poema por inteiro, declamado por ti próprio!
Um poema muito bem estruturado, satiríco, revela dom, embora o seu autor não tivesse a noção disso (penso)!
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