Quem o escreveu para a posteridade, na sua página no Twitter, foi o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.
Aonda de indignação com a TVI chegou ao Governo. Depois de o programa ‘Você na TV’ ter tido, esta quinta-feira, Mário Machado como convidado, a polémica ‘estalou’. Muitos foram os deputados, nomeadamente socialistas e bloquistas, e personalidades que, nas redes sociais, contestaram o ‘palco’ que a estação de Queluz deu a um líder da extrema-direita condenado judicialmente no passado
Hoje foi a vez de o ministro da Defesa comentar o que considera uma atitude não “muito diferente” à de “quem ateia incêndios pelo prazer de ver as labaredas”. Partilhando um tweet do líder do LIVRE, Rui Tavares, com o qual diz concordar, o ministro Gomes Cravinho critica a TVI.
E o que disse Rui Tavares? “Apresentar Mário Machado como um mero opinador em temas políticos é mais do que uma falha deontológica. Significa elevar um criminoso racista a uma posição de respeitabilidade sem qualquer contextualização ou informação ao público”. Palavras que mereceram uma partilha do ministro e um elogio: “Importante e certeiro texto do Rui Tavares”.
Saliente-se que devido à polémica gerada nas redes sociais, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) emitiu, ao final da tarde de ontem, um curto comunicado onde confirma a "receção de participações que visam o programa 'Você na TV' emitido, no dia 3 de janeiro de 2019, no serviço de programas TVI", e garante que as mesmas "serão apreciadas pelos serviços da ERC, nos trâmites habituais".
Indiferente também não ficou a associação SOS Racismo que, numa publicação partilhada no Facebook, de Mamadou Ba, defende que a TVI não pode justificar o convite a Mário Machado com a liberdade de expressão quando este já esteve “mais de 12 anos preso ao longo da sua vida por vários crimes, alguns envolvendo crimes de ódio racial”, como, recorda, a morte de Alcino Monteiro, na qual ficou provado o envolvimento do líder de extrema-direita.
Aproveitando este caso, Mamadou Ba alerta que este não é caso único na estação de Queluz e acusa os responsáveis do canal de televisão de darem espaço a comentários racistas e xenófobos. “O cardápio de figuras públicas com posições racistas nos programas da TVI é guarnecido por personagens como Barra da Costa, Quintino Aires, Susana Garcia ou André Ventura. Todos estes foram já motivo de queixas e processos na Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) por declarações racistas”, reporta a organização, acrescentando que se esta é uma “estratégia empresarial para alcançar mais audiência, ela revela-se torpe e imoral”.
Também alvo de muitas críticas foi o apresentador Manuel Luís Goucha que, fez questão de salientar o jornalista e comentador Daniel Oliveira, apagou o post que havia publicado na manhã de ontem a anunciar a presença de Mário Machado no 'Você na Tv', fazendo acompanhar a publicação da seguinte legenda: "Na rubrica 'Diga de Sua (In)Justiça' de hoje falamos com Mário Machado, autor de algumas declarações polémicas".
Já esta sexta-feira, o apresentador da TVI no início do programa quis explicar-se, começando por afirmar que "no jogo democrático todo tipo de ideias pode ser debatido". Mais, prosseguiu Manuel Luís Goucha. Esse jogo "tem é de ser confrontado com ideias que neste caso refletem a nossa maneira de viver. Portanto, as ideias de Mário Machado tiveram da nossa parte, e esse é o nosso papel enquanto entrevistadores, de ser confrontadas com ideias que nos parecem justas. E mais, ideias que a democracia, o verdadeiro jogo democrático, a verdadeira prática democrática e a história, já provaram serem justas e serem eficazes. Desenrolou-se aqui uma conversa com pontos de vista de um convidado e com os nossos pontos de vista em jeito de contraditório. Na falta de um contraditório, assumimos nós esse contraditório".
Goucha disse ainda acreditar que muitas das manifestações nas redes sociais partiram de pessoas que não assistiram ao programa. “A discussão acesa, a polémica foi galvanizada durante a tarde e eu tenho a certeza que largas centenas de opiniões refletem a postura de alguém que não se deu ao trabalho de ir ver e ouvir a conversa”, acrescentou.
No final do seu longo esclarecimento, assegurou que a sua "forma de pensar só pode ser afunilada ou roubada por uma demência porque venha que governo vier", Manuel Luís Goucha garante que nunca deixará de "lutar pela liberdade. Nem que tenha de dar a vida por isso”.
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