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1918 - 2018
Logo após a Alemanha ter declarado guerra a Portugal, em 9 de março de 1916, na sequência da retenção de todos os navios alemães em portos portugueses, no total de 72 navios, em 23 de fevereiro de 1916, pelo Governo português a pedido da Inglaterra, a declaração de guerra da Alemanha a Portugal determinou o início da intervenção portuguesa na frente europeia, dando lugar ao entendimento entre os Partidos Democrático e Evolucionista na constituição do Governo de União Sagrada.
Foi necessário proceder-se à rápida mobilização e preparação dum corpo militar. O então Ministro da Guerra entre 1915 e 1917, o general José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (1867 - 1955), publicou um diploma a 24 de maio, ordenando o recenseamento militar obrigatório de todos os cidadãos com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos, juntamente com a colaboração do general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva (1856-1924), o responsável pela organização do Corpo Expedicionário Português (CEP), no centro de instrução de Tancos, o chamado "milagre de Tancos", como ficou conhecido.
Foram afixados editais de grandes dimensão nas portas dos edifícios públicos, nas câmaras municipais, estações de caminhos de ferro, praças publicas, etc., indicando os locais e as datas para apresentação dos homens, nas respectivas unidades mobilizadoras. De acordo com relatórios oficiais, rapidamente se transformaram em soldados aptos e capazes para um conflito duro, homens que, pouco tempo antes, tinham uma vida civil, pacata e tranquila.
Muitos destes homens, recrutados nas diferentes terras portuguesas de norte a sul do país, à semelhança do que aconteceu em outros países envolvidos no conflito, não tinham noção do que era uma guerra, isto em comparação ao que hoje por exemplo temos, igualmente muitos deles mal sabiam ler e escrever, muitos nunca tinham saído das suas aldeias e dos campos para ir à cidade.
O CEP foi a principal força militar que Portugal, durante a Primeira Grande Guerra Mundial, enviou para França, com a finalidade de, através da sua participação activa no esforço de guerra contra a Alemanha que também ameaçava os seus territórios ultramarinos, conseguir apoios dos seus aliados e evitar a perda daqueles territórios.
Outros objectivos da participação de Portugal neste conflito foram a consolidação do então jovem regime republicano na esfera internacional, a harmonia das relações luso - britânicas, tal como a distinção ou contraste de Portugal face à posição neutral e germanófila de Espanha, ao recusar a neutralidade num contexto anglófilo, assim como a nível interno, atenuar ou adiar conflitos político-sociais na sociedade portuguesa reforçando desta forma o Parido Democrático.
Mas entre a declaração de guerra da Alemanha, e a chegada a França das primeiras forças do CEP, passou quase um ano repleto de tensões entre os políticos apoiantes da guerra e muitos militares contrários ao envolvimento português no conflito. Problemas que marcaram as profundas divisões internas no exército, não apenas entre os apoiantes da guerra e os não apoiantes mas também entre militares do quadro milicianos.
Entre Mafra, Tancos e Torres Novas, Tancos foi o local escolhido para a instrução militar devido à existência de instalações adequadas, ao abastecimento de água proporcionado pela proximidade dos rios Zêzere e Tejo, assim como à proximidade da estação ferroviária do Entroncamento.
Marinheiros da armada portuguesa arreiam o pavilhão alemão a bordo do navio Enérgie,
fundeado no rio Tejo em 1916 (arq. pess.)
Marinheiros da armada portuguesa içam o pavilhão português a bordo do navio Enérgie,
fundeado no rio Tejo em 1916 (arq. pess.)
Rebocador Cisne conduzindo as forças que tomaram posse dos navios alemães fundeados no rio Tejo,
foto Joshua Benoliel (arq. pess.)
Notícia da declaração de guerra da Alemanha a Portugal no cabeçalho do jornal
A Capital de 10 de março de 1916 (arq. Hemeroteca Digital)
Edital alusiva à declaração de guerra da Alemanha a Portugal
incentivando os cidadãos a lutarem pela Pátria (col. priv.)
General José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos 1867 - 1955
Ministro da Guerra (arq. priv.)
General Fernando Tamagnini de Abreu e Silva 1856-1924
responsável pelo CEP (arq. priv.)
Distintivo do Corpo Expedicionário Português CEP (arq. priv.)
Mapa da Europa durante a Primeira Grande Guerra Mundialcom os países as Alianças Militares e os neutrais (arq. priv.)
Mancebos dos campos para os quartéis nas cidades em 1916 (arq. pess.)
Preparação do Corpo Expedicionário Português CEP, exercícios de cavalaria em 1916 em Tancos
(arq. AML)
Abastecimentos de viveres durante os exercícios em Tancos em 1916 (arq. priv.)
Treino da infantaria em Tancos em 1916 ainda sem dispor do capacete, novidade desta guerra
(arq. priv.)
Militares do CEP marchando na rua Belém para o embarque em 1916 (arq. AML)
Infantaria do CEP em treino no Campo de Instrução de Tancos em 1917 (arq. pess.)
Acampamento de tropas do CEP em instrução em Tancos em 1917 (arq. priv.)
Logo após a Alemanha ter declarado guerra a Portugal, em 9 de março de 1916, na sequência da retenção de todos os navios alemães em portos portugueses, no total de 72 navios, em 23 de fevereiro de 1916, pelo Governo português a pedido da Inglaterra, a declaração de guerra da Alemanha a Portugal determinou o início da intervenção portuguesa na frente europeia, dando lugar ao entendimento entre os Partidos Democrático e Evolucionista na constituição do Governo de União Sagrada.
Foi necessário proceder-se à rápida mobilização e preparação dum corpo militar. O então Ministro da Guerra entre 1915 e 1917, o general José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (1867 - 1955), publicou um diploma a 24 de maio, ordenando o recenseamento militar obrigatório de todos os cidadãos com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos, juntamente com a colaboração do general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva (1856-1924), o responsável pela organização do Corpo Expedicionário Português (CEP), no centro de instrução de Tancos, o chamado "milagre de Tancos", como ficou conhecido.
Foram afixados editais de grandes dimensão nas portas dos edifícios públicos, nas câmaras municipais, estações de caminhos de ferro, praças publicas, etc., indicando os locais e as datas para apresentação dos homens, nas respectivas unidades mobilizadoras. De acordo com relatórios oficiais, rapidamente se transformaram em soldados aptos e capazes para um conflito duro, homens que, pouco tempo antes, tinham uma vida civil, pacata e tranquila.
Muitos destes homens, recrutados nas diferentes terras portuguesas de norte a sul do país, à semelhança do que aconteceu em outros países envolvidos no conflito, não tinham noção do que era uma guerra, isto em comparação ao que hoje por exemplo temos, igualmente muitos deles mal sabiam ler e escrever, muitos nunca tinham saído das suas aldeias e dos campos para ir à cidade.
O CEP foi a principal força militar que Portugal, durante a Primeira Grande Guerra Mundial, enviou para França, com a finalidade de, através da sua participação activa no esforço de guerra contra a Alemanha que também ameaçava os seus territórios ultramarinos, conseguir apoios dos seus aliados e evitar a perda daqueles territórios.
Outros objectivos da participação de Portugal neste conflito foram a consolidação do então jovem regime republicano na esfera internacional, a harmonia das relações luso - britânicas, tal como a distinção ou contraste de Portugal face à posição neutral e germanófila de Espanha, ao recusar a neutralidade num contexto anglófilo, assim como a nível interno, atenuar ou adiar conflitos político-sociais na sociedade portuguesa reforçando desta forma o Parido Democrático.
Mas entre a declaração de guerra da Alemanha, e a chegada a França das primeiras forças do CEP, passou quase um ano repleto de tensões entre os políticos apoiantes da guerra e muitos militares contrários ao envolvimento português no conflito. Problemas que marcaram as profundas divisões internas no exército, não apenas entre os apoiantes da guerra e os não apoiantes mas também entre militares do quadro milicianos.
Entre Mafra, Tancos e Torres Novas, Tancos foi o local escolhido para a instrução militar devido à existência de instalações adequadas, ao abastecimento de água proporcionado pela proximidade dos rios Zêzere e Tejo, assim como à proximidade da estação ferroviária do Entroncamento.
Marinheiros da armada portuguesa arreiam o pavilhão alemão a bordo do navio Enérgie,
fundeado no rio Tejo em 1916 (arq. pess.)
Marinheiros da armada portuguesa içam o pavilhão português a bordo do navio Enérgie,
fundeado no rio Tejo em 1916 (arq. pess.)
Rebocador Cisne conduzindo as forças que tomaram posse dos navios alemães fundeados no rio Tejo,
foto Joshua Benoliel (arq. pess.)
Notícia da declaração de guerra da Alemanha a Portugal no cabeçalho do jornal
A Capital de 10 de março de 1916 (arq. Hemeroteca Digital)
Edital alusiva à declaração de guerra da Alemanha a Portugal
incentivando os cidadãos a lutarem pela Pátria (col. priv.)
General José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos 1867 - 1955
Ministro da Guerra (arq. priv.)
General Fernando Tamagnini de Abreu e Silva 1856-1924
responsável pelo CEP (arq. priv.)
Distintivo do Corpo Expedicionário Português CEP (arq. priv.)
Mapa da Europa durante a Primeira Grande Guerra Mundialcom os países as Alianças Militares e os neutrais (arq. priv.)
Mancebos dos campos para os quartéis nas cidades em 1916 (arq. pess.)
Preparação do Corpo Expedicionário Português CEP, exercícios de cavalaria em 1916 em Tancos
(arq. AML)
Abastecimentos de viveres durante os exercícios em Tancos em 1916 (arq. priv.)
Treino da infantaria em Tancos em 1916 ainda sem dispor do capacete, novidade desta guerra
(arq. priv.)
Militares do CEP marchando na rua Belém para o embarque em 1916 (arq. AML)
Infantaria do CEP em treino no Campo de Instrução de Tancos em 1917 (arq. pess.)
Acampamento de tropas do CEP em instrução em Tancos em 1917 (arq. priv.)
Depois da chegada das tropas portuguesas a França e aos campos de batalha, as condições das tropas do CEP foram piorando ao longo dos tempos, nomeadamente devido à falta de reforços que impediam a substituição e descanso das tropas.
Esta situação era agravada por outros factores tais como o Inverno frio e húmido, muito diferente do que os portugueses estavam habituados, por vezes atingindo os 30 graus negativos. A 2 de abril de 1917 o Corpo Expedicionário Português (CEP), a coberto da bruma da madrugada, entram nas trincheiras, num total de 55 000 homens. Aí encontram um novo tipo de guerra, enfrentam o frio, a neve, a lama pegajosa, ratos, larvas, parasitas, o barulho ensurdecedor dos bombardeamentos e a surpresa dos gases asfixiantes.
O CEP quase conhece a sua destruição, no dia 4 de abril de 1918 e as tropas amotinaram-se em pleno campo de batalha. As condições foram-se agravando a tal ponto que o Comando do 1º Exército Britânico decidiu a rendição das tropas portuguesas por tropas britânicas, com o objectivo de permitir o descanso daquelas.
Após tal decisão, na noite de 8 para 9 de abril, os militares portugueses do CEP passaram a noite a encaixotar armas, munições, gado, papéis, mapas, tudo o que era possível. É justamente no dia previsto para a rendição do CEP que se dá a ofensiva alemã e a Batalha do Lys, apanhando as forças portuguesas numa posição completamente desfavorável.
Com a ofensiva "Georgette" dos alemães, montada pelo general Erich von Ludendorff (1865 - 1937), os portugueses, não motivados, muito mal preparados e desorganizados, acabaram por sofrer uma derrota estrondosa na Batalha de La Lys, como ficou conhecida (sector de Ypres), à precisamente 100 anos, em 9 de abril de 1918, logo após a derrota do Exército Britânico em Arras.
Às 04:15 da manhã do dia 9 de abril de 1918 iniciou-se o ataque de artilharia e de gás asfixiante por parte dos alemães sobre as tropas aliadas. As trincheiras e as comunicações foram destruídas, tornando impossível ao general português Manuel Gomes da Costa dar ordens. A certa altura deixou de ser uma batalha em que o comando central tinha algum controlo sobre o que se passava.
A iniciativa passa para oficiais subalternos, sargentos ou até para soldados. A maioria não mostra essa iniciativa, decide que a guerra já não é deles, acabou ali, partem para a retaguarda. Não se deixam reorganizar. E quando o general inglês Richard Cyril Byrne Haking (1862 – 1945), por volta da hora de almoço, pede para ao menos ajudarem a defender a linha dos rios, na retaguarda, o comandante Manuel Gomes da Costa é forçado a dizer segundo registos, "não, não consigo, já não tenho mão sobre estes homens.". Não se pode definir um tempo de duração da fase inicial da ofensiva, mas, em quatro horas de batalha, as tropas portuguesas perderam cerca de 7500 homens, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, ou seja, mais de um terço dos efectivos, entre os quais 327 oficiais.
Nos registos do general Gomes da Silva, Comandante da 2 ª Divisão Portuguesa o ambiente é descrito como "todo o sector não era senão um monte de terra revolvida de onde emergia um braço, uma perna, uma cabeça…"
A Batalha de La Lys, foi considerada por muitos como a "Alcácer Quibir do século XX" onde terão morrido cerca de 2089 soldados do CEP. A Batalha de La Lys marcou a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, os exércitos alemães, provocaram uma estrondosa derrota às tropas portuguesas, constituindo a maior catástrofe militar portuguesa depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
Tropas portuguesas do CEP desembarcam no porto de Brest na França, em 1917
(arq. Bibliothèque Nationale de France)
Desembarque no porto de Brest dos artilheiros do Regimento de Artilharia 2 da Figueira da Foz
que constituíram o 1.º GBA - Grupo de Baterias de Artilharia
(arq. Bibliothèque Nationale de France)
Viaturas hipomóveis da artilharia do CEP numa estrada da Flandres em 1917 (arq. pess.)
Soldados do CEP na Frente portuguesa em 1917, foto de Arnaldo Garcez (arq. Histórico Militar, Lisboa)
Soldados nas terríveis condições das trincheiras da Primeira Grande Guerra Mundial (arq. priv.)
Soldados do CEP nas trincheiras no campo de batalha em 1917 (arq. priv.)
Militar do CEP utilizando o periscópio na trincheira em 1917 (arq. priv)
Soldados do CEP nas trincheiras entre Neuve-Chapelle e Ferme-Du-Bois (arq. priv.)
Soldados do CEP sob crucifixo m pleno campo de batalha em 1917
(arq. priv.)
Soldados espreitando nas trincheiras em campo enlameado em 1917/18 (arq. priv.)
Soldados do CEP e aliados nos campos de batalha na Flandres com lamas barrentas em 1918
(arq. priv.)
Soldados no campo de batalha em 1918 durante a Primeira Grande Guerra (arq. priv.)
Soldados do CEP em movimentações na trincheira num campo de batalha em 1918 (arq. priv.)
Batalha de La Lys in cabeçalho da Ilustção Portugueza de 9 de abril de 1918 (arq. pess.)
Mapa alemão da estratégia ofensiva da Batalha de La Lys em 1918
(arq. priv.)
Ambiente de trincheira idêntico ao vivido durante a Batalha de La Lys
em 9 de abril de 1918 (arq. priv.)
Tropas do CEP no campo de batalha enfrentando arame farpado em 1918 (arq. priv.)
Soldados aliados no campo de batalha transportando camarada ferido em combate (arq. priv.)
Gravura água -forte representando a Batalha de La Lys em 9 de abril de 1918
por Adriano Sousa Lopes (col. pess.)
Soldado do CEP morto na Batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Soldado morto na Batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Soldado aliado morto em campo de batalha em 1918 (arq. priv.)
Imagem de Cristo mutilado em pleno campo de batalha de La Lys
oferecido a Portugal em 1958 (arq. priv.)
Soldado aliado chorando no campo de batalha enlameado em 1918
(arq. priv.)
Aspecto do campo de batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Postal ilustrado com sepultura de soldado português na Primeira Grande Guerra Mundial (col. pess.)
Tropas francesas prisioneiros na Batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Tropas do CEP feitos prisioneiros em 1918 (arq. priv.)
Esta situação era agravada por outros factores tais como o Inverno frio e húmido, muito diferente do que os portugueses estavam habituados, por vezes atingindo os 30 graus negativos. A 2 de abril de 1917 o Corpo Expedicionário Português (CEP), a coberto da bruma da madrugada, entram nas trincheiras, num total de 55 000 homens. Aí encontram um novo tipo de guerra, enfrentam o frio, a neve, a lama pegajosa, ratos, larvas, parasitas, o barulho ensurdecedor dos bombardeamentos e a surpresa dos gases asfixiantes.
O CEP quase conhece a sua destruição, no dia 4 de abril de 1918 e as tropas amotinaram-se em pleno campo de batalha. As condições foram-se agravando a tal ponto que o Comando do 1º Exército Britânico decidiu a rendição das tropas portuguesas por tropas britânicas, com o objectivo de permitir o descanso daquelas.
Após tal decisão, na noite de 8 para 9 de abril, os militares portugueses do CEP passaram a noite a encaixotar armas, munições, gado, papéis, mapas, tudo o que era possível. É justamente no dia previsto para a rendição do CEP que se dá a ofensiva alemã e a Batalha do Lys, apanhando as forças portuguesas numa posição completamente desfavorável.
Com a ofensiva "Georgette" dos alemães, montada pelo general Erich von Ludendorff (1865 - 1937), os portugueses, não motivados, muito mal preparados e desorganizados, acabaram por sofrer uma derrota estrondosa na Batalha de La Lys, como ficou conhecida (sector de Ypres), à precisamente 100 anos, em 9 de abril de 1918, logo após a derrota do Exército Britânico em Arras.
Às 04:15 da manhã do dia 9 de abril de 1918 iniciou-se o ataque de artilharia e de gás asfixiante por parte dos alemães sobre as tropas aliadas. As trincheiras e as comunicações foram destruídas, tornando impossível ao general português Manuel Gomes da Costa dar ordens. A certa altura deixou de ser uma batalha em que o comando central tinha algum controlo sobre o que se passava.
A iniciativa passa para oficiais subalternos, sargentos ou até para soldados. A maioria não mostra essa iniciativa, decide que a guerra já não é deles, acabou ali, partem para a retaguarda. Não se deixam reorganizar. E quando o general inglês Richard Cyril Byrne Haking (1862 – 1945), por volta da hora de almoço, pede para ao menos ajudarem a defender a linha dos rios, na retaguarda, o comandante Manuel Gomes da Costa é forçado a dizer segundo registos, "não, não consigo, já não tenho mão sobre estes homens.". Não se pode definir um tempo de duração da fase inicial da ofensiva, mas, em quatro horas de batalha, as tropas portuguesas perderam cerca de 7500 homens, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, ou seja, mais de um terço dos efectivos, entre os quais 327 oficiais.
Nos registos do general Gomes da Silva, Comandante da 2 ª Divisão Portuguesa o ambiente é descrito como "todo o sector não era senão um monte de terra revolvida de onde emergia um braço, uma perna, uma cabeça…"
A Batalha de La Lys, foi considerada por muitos como a "Alcácer Quibir do século XX" onde terão morrido cerca de 2089 soldados do CEP. A Batalha de La Lys marcou a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, os exércitos alemães, provocaram uma estrondosa derrota às tropas portuguesas, constituindo a maior catástrofe militar portuguesa depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.
Tropas portuguesas do CEP desembarcam no porto de Brest na França, em 1917
(arq. Bibliothèque Nationale de France)
Desembarque no porto de Brest dos artilheiros do Regimento de Artilharia 2 da Figueira da Foz
que constituíram o 1.º GBA - Grupo de Baterias de Artilharia
(arq. Bibliothèque Nationale de France)
Viaturas hipomóveis da artilharia do CEP numa estrada da Flandres em 1917 (arq. pess.)
Soldados do CEP na Frente portuguesa em 1917, foto de Arnaldo Garcez (arq. Histórico Militar, Lisboa)
Soldados nas terríveis condições das trincheiras da Primeira Grande Guerra Mundial (arq. priv.)
Soldados do CEP nas trincheiras no campo de batalha em 1917 (arq. priv.)
Militar do CEP utilizando o periscópio na trincheira em 1917 (arq. priv)
Soldados do CEP nas trincheiras entre Neuve-Chapelle e Ferme-Du-Bois (arq. priv.)
Soldados do CEP sob crucifixo m pleno campo de batalha em 1917
(arq. priv.)
Soldados espreitando nas trincheiras em campo enlameado em 1917/18 (arq. priv.)
Soldados do CEP e aliados nos campos de batalha na Flandres com lamas barrentas em 1918
(arq. priv.)
Soldados no campo de batalha em 1918 durante a Primeira Grande Guerra (arq. priv.)
Soldados do CEP em movimentações na trincheira num campo de batalha em 1918 (arq. priv.)
Batalha de La Lys in cabeçalho da Ilustção Portugueza de 9 de abril de 1918 (arq. pess.)
Mapa alemão da estratégia ofensiva da Batalha de La Lys em 1918
(arq. priv.)
Ambiente de trincheira idêntico ao vivido durante a Batalha de La Lys
em 9 de abril de 1918 (arq. priv.)
Tropas do CEP no campo de batalha enfrentando arame farpado em 1918 (arq. priv.)
Soldados aliados no campo de batalha transportando camarada ferido em combate (arq. priv.)
Gravura água -forte representando a Batalha de La Lys em 9 de abril de 1918
por Adriano Sousa Lopes (col. pess.)
Soldado do CEP morto na Batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Soldado morto na Batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Soldado aliado morto em campo de batalha em 1918 (arq. priv.)
Imagem de Cristo mutilado em pleno campo de batalha de La Lys
oferecido a Portugal em 1958 (arq. priv.)
Soldado aliado chorando no campo de batalha enlameado em 1918
(arq. priv.)
Aspecto do campo de batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Postal ilustrado com sepultura de soldado português na Primeira Grande Guerra Mundial (col. pess.)
Tropas francesas prisioneiros na Batalha de La Lys em 1918 (arq. priv.)
Tropas do CEP feitos prisioneiros em 1918 (arq. priv.)
Era o princípio do fim da guerra para os portugueses. Assim o CEP retirou-se para a retaguarda dos Aliados (com base na Tríplice Entente, entre Reino Unido, França e o Império Russo), alguns dos efectivos foram integrados no exército inglês, outros utilizados para mão - de - obra na abertura de trincheiras, o que foi desmoralizando cada vez mais os soldados portugueses.
Esta derrota já era esperada pelo comandante do CEP, general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva e pelo comandante da 2.ª Divisão Manuel Gomes da Costa e pelo Chefe do Estado-Maior do Corpo Expedicionário Português (CEP), em França o coronel João José Ludovice Sinel de Cordes (1867 - 1930), que por diversas vezes avisaram o governo de Portugal e o comando do 1º Exército Britânico, das dificuldades existentes.
O envio do CEP para França tinha sido motivo de desacordo interno entre os vários departamentos do Governo Britânico e o Governo Francês. Enquanto que o Governo Francês e o Ministério da Guerra Britânico (War Office) se mostravam bastante favoráveis à ajuda portuguesa (originalmente tinha sido o Governo Francês a pedir ajuda a Portugal logo no início da guerra), o Ministério do Exterior Britânico (Foreign Office) opunha-se, por razões políticas, à mesma ajuda. A estadia do CEP em França foi sempre muito atribulada, não tendo havido a substituição de efectivos, devido aos navios britânicos necessários para isso, terem sido requisitados para o transporte das tropas americanas para a Europa e porque alguns dos oficiais que conseguiam vir a Portugal, já não voltavam para o seu posto em França.
Mas e em especial os no que diz respeito à má qualidade de muitos oficiais portugueses e à sua escassa preocupação com o bem-estar dos seus soldados. Após a Batalha de La Lys, o governo de Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (1872 - 1918), afirmou tentar enviar mais 10 a 15 mil homens, mas esse envio nem nunca foi efectivamente concretizado. Apesar da Batalha de La Lys ter sido, em termos tácticos imediatos, uma derrota para o CEP, a mesma acabou por dar origem a uma vitória estratégica para as forças aliadas. Segundo investigações, o comandante general Manuel Gomes da Costa nos seus registos culpa os civis franceses que residiam naquela área, mas que faziam parte de um esquema de espionagem alemão, de passarem informações para os alemães e, por isso, estes atacam no dia preciso em que a divisão iria ser retirada.
Por outro lado, fontes britânicas acusam os soldados portugueses, de desertores, que fogem e que contam tudo aos alemães para receberem um jantar ou serem bem tratados. Regra geral, os britânicos culpam os portugueses pelas dificuldades encontradas durante a batalha. No seu diário, o comandante inglês Douglas Haig (1861 - 1928), escreveu que "os homens recuaram, ou, mais precisamente, ‘fugiram'".
A resistência das forças portuguesas foi muito desigual mas globalmente ténue, o que se justifica pelo estado de fatiga e desmotivação do CEP causado pelo tempo excessivo passado nas linhas da frente.
A ordem inglesa de "morrer na linha B" não foi cumprida. Este facto da presença das tropas portuguesas estarem na linha da frente e terem sido retiradas precisamente na noite de 9 para 10 abril de 1918 é uma questão que se mantém em debate ainda na actualidade.
Existem grandes controvérsias sobre este facto e não é à-toa que se afirma muitas vezes, utilizando uma expressão popular tipicamente portuguesa, que as tropas portuguesas na Batalha de La Lys serviram de "carne para canhão". De qualquer forma o ímpeto do ataque germânico foi-se perdendo e a sua progressão foi atrasada impedindo que o Exército Alemão alcançasse os seus objectivos estratégicos. O CEP, símbolo do esforço de guerra português na frente ocidental, chegou às trincheiras em janeiro de 1917, e após a Batalha de La Lys desapareceu enquanto força organizada. Como símbolo desta terrível Batalha de La Lys, ficou uma tosca cruz em madeira, deixada pelos alemães na campa do soldado Manuel da Silva com a inscrição: "Hier ruht ein tapferer Portuguiese"
(Aqui jaz um valente Português). Este símbolo hoje preservado no Museu Militar de Lisboa tem um significado importante para Portugal e em especial para o nosso exército.
Tropas do CEP cansados e desmotivados numa trincheira em 1918 (arq. priv.)
O general Gomes da Costa condecora combatentes da batalha de La Lys
in capa da publicação Ilustração Portugueza de 22 de julho de 1918
(col. pess.)
Generais Tamagnini, Richard Hacking e Gomes da Costa (arq. priv.)
Feridos ingleses após ataque de gases (arq. Imperial War Museum)
Soldado do CEP despede-se de soldado inglês em 1918
(arq. priv.)
Cruz em madeira deixada pelos alemães na campa do soldado
do CEP Manuel da Silva após a Batalha de La Lys
com a inscrição em alemão Aqui jaz um valente Português
(col. Museu Militar de Lisboa)
Capa de publicação em homenagem respeitosa de um soldado
que teve a honra de o ver nas trincheiras da Flandres
(col. priv.)
Esta derrota já era esperada pelo comandante do CEP, general Fernando Tamagnini de Abreu e Silva e pelo comandante da 2.ª Divisão Manuel Gomes da Costa e pelo Chefe do Estado-Maior do Corpo Expedicionário Português (CEP), em França o coronel João José Ludovice Sinel de Cordes (1867 - 1930), que por diversas vezes avisaram o governo de Portugal e o comando do 1º Exército Britânico, das dificuldades existentes.
O envio do CEP para França tinha sido motivo de desacordo interno entre os vários departamentos do Governo Britânico e o Governo Francês. Enquanto que o Governo Francês e o Ministério da Guerra Britânico (War Office) se mostravam bastante favoráveis à ajuda portuguesa (originalmente tinha sido o Governo Francês a pedir ajuda a Portugal logo no início da guerra), o Ministério do Exterior Britânico (Foreign Office) opunha-se, por razões políticas, à mesma ajuda. A estadia do CEP em França foi sempre muito atribulada, não tendo havido a substituição de efectivos, devido aos navios britânicos necessários para isso, terem sido requisitados para o transporte das tropas americanas para a Europa e porque alguns dos oficiais que conseguiam vir a Portugal, já não voltavam para o seu posto em França.
Mas e em especial os no que diz respeito à má qualidade de muitos oficiais portugueses e à sua escassa preocupação com o bem-estar dos seus soldados. Após a Batalha de La Lys, o governo de Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (1872 - 1918), afirmou tentar enviar mais 10 a 15 mil homens, mas esse envio nem nunca foi efectivamente concretizado. Apesar da Batalha de La Lys ter sido, em termos tácticos imediatos, uma derrota para o CEP, a mesma acabou por dar origem a uma vitória estratégica para as forças aliadas. Segundo investigações, o comandante general Manuel Gomes da Costa nos seus registos culpa os civis franceses que residiam naquela área, mas que faziam parte de um esquema de espionagem alemão, de passarem informações para os alemães e, por isso, estes atacam no dia preciso em que a divisão iria ser retirada.
Por outro lado, fontes britânicas acusam os soldados portugueses, de desertores, que fogem e que contam tudo aos alemães para receberem um jantar ou serem bem tratados. Regra geral, os britânicos culpam os portugueses pelas dificuldades encontradas durante a batalha. No seu diário, o comandante inglês Douglas Haig (1861 - 1928), escreveu que "os homens recuaram, ou, mais precisamente, ‘fugiram'".
A resistência das forças portuguesas foi muito desigual mas globalmente ténue, o que se justifica pelo estado de fatiga e desmotivação do CEP causado pelo tempo excessivo passado nas linhas da frente.
A ordem inglesa de "morrer na linha B" não foi cumprida. Este facto da presença das tropas portuguesas estarem na linha da frente e terem sido retiradas precisamente na noite de 9 para 10 abril de 1918 é uma questão que se mantém em debate ainda na actualidade.
Existem grandes controvérsias sobre este facto e não é à-toa que se afirma muitas vezes, utilizando uma expressão popular tipicamente portuguesa, que as tropas portuguesas na Batalha de La Lys serviram de "carne para canhão". De qualquer forma o ímpeto do ataque germânico foi-se perdendo e a sua progressão foi atrasada impedindo que o Exército Alemão alcançasse os seus objectivos estratégicos. O CEP, símbolo do esforço de guerra português na frente ocidental, chegou às trincheiras em janeiro de 1917, e após a Batalha de La Lys desapareceu enquanto força organizada. Como símbolo desta terrível Batalha de La Lys, ficou uma tosca cruz em madeira, deixada pelos alemães na campa do soldado Manuel da Silva com a inscrição: "Hier ruht ein tapferer Portuguiese"
(Aqui jaz um valente Português). Este símbolo hoje preservado no Museu Militar de Lisboa tem um significado importante para Portugal e em especial para o nosso exército.
Tropas do CEP cansados e desmotivados numa trincheira em 1918 (arq. priv.)
O general Gomes da Costa condecora combatentes da batalha de La Lys
in capa da publicação Ilustração Portugueza de 22 de julho de 1918
(col. pess.)
Generais Tamagnini, Richard Hacking e Gomes da Costa (arq. priv.)
Feridos ingleses após ataque de gases (arq. Imperial War Museum)
Soldado do CEP despede-se de soldado inglês em 1918
(arq. priv.)
Cruz em madeira deixada pelos alemães na campa do soldado
do CEP Manuel da Silva após a Batalha de La Lys
com a inscrição em alemão Aqui jaz um valente Português
(col. Museu Militar de Lisboa)
Capa de publicação em homenagem respeitosa de um soldado
que teve a honra de o ver nas trincheiras da Flandres
(col. priv.)
Para além dos muitos heróis portugueses esquecidos desta guerra, que foram todos eles, salienta-se o Soldado "Milhões" de seu nome Aníbal Augusto Milhais (1895 – 1970), que se destacou por actos heroicos na Batalha de La Lys, o qual sozinho na trincheira, munido apenas da sua metralhadora Lewis, ou "Luísa" como era designada em calão das trincheiras, enfrentou as colunas de alemães que se atravessaram no seu caminho o que possibilitou a retirada de outros camaradas portugueses e ingleses para posições defensivas na retaguarda.
Depois perdido vagueando por trincheiras e campos, ora de ninguém ora ocupados pelo inimigo, foi-se defendendo, até que quatro dias depois encontra um médico militar escocês, salvando-o de morrer afogado num pântano. Valeu-lhe as palavras do comandante português João Maria Ferreira do Amaral (1876 – 1931), que o saudou com as palavras que ficaram para a história "Tu és Milhais, mas vales Milhões".
Foi premiado com várias condecorações estrangeiras, propostas pelos ingleses e a mais alta condecoração honorária nacional, a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Dada a sua simplicidade como ser humano, sempre achou as condecorações que lhe foram atribuídas supérfluas, pois para ele o importante foi a protecção dos seus camaradas no campo de batalha e a Pátria que representava.
Finalmente no dia 11 de novembro de 1918, às 02:05 da madrugada, num episódio mais tarde conhecido como Dia do Armistício, é assinado o cessar-fogo, entre a então designada República de Weimar. Tudo isto aconteceu numa carruagem restaurante, a Nº 2419 D da CIWL, na floresta de Compiègne no norte de França. Os principais signatários foram o marechal Ferdinand Foch (1851 - 1929), comandante chefe das forças da Tríplice Entente, o almirante inglês Sir Rosslyn Wemyss e Matthias Erzberger, representante alemão.
Termina assim esta guerra com a victória dos Aliados. Seguindo-se depois ao Armistício o Tratado de Paz de Versalhes, celebrado em 1919, os termos do acordo foram severos para Alemanha, segundo o qual, a Alemanha, derrotada, era obrigada a reduzir as suas tropas a metade do efectivo, pagar pesadas indemnizações aos países vencedores, ceder todas as colónias e restituir a região da Alsácia – Lorena à França.
Aníbal Augusto Milhais 1895 - 1970, o soldado português
mais condecorado da Primeira Guerra Mundial,
agraciado com a Ordem Militar da Torre e Espada,
do Valor, Lealdade e Mérito (col. priv.)
Ilustração do soldado "Milhões" durante o ataque alemão em 1918
por Carlos Alberto Santos (col. pess.)
Soldado "Milhões" entre outros soldados do CEP condecorados
na Primeira Grande Guerra Mundial (arq. priv.)
Responsáveis pela assinatura do Armistício em 11 de novembro de 1918
junto a carruagem Nº 2419 D da CIWL (col. priv.)
Soldados aliados num campo de batalha, erguem os seus capacetes e saúdam o dia do Armistício,
em 11 de novembro de 1918 (arq. priv.)
Mapa da Europa após a Primeira Grande Guerra Mundial (arq. priv.)
Em Portugal e à semelhança dos outros países envolvidos no conflito, comemora-se o fim da guerra, as ruas das cidades enchem-se de populares e é feito um discurso alusivo ao facto no varandim do palácio de Belém pelo então Presidente da República Sidónio Pais (1872 – 1918), em novembro de 1918.
Apesar dos reforços não terem sido enviados, no final da guerra, com o resto dos homens do CEP, ainda se conseguiu organizar alguns Batalhões que tomaram parte nas últimas operações que levaram à vitória final aliada, tendo participado na marcha da vitória em Paris em 1919, trazendo assim alguma glória e honra para Portugal.
Para trás ficava uma guerra devastadora sem sentido que, entre mortos, feridos e prisioneiros, marcou a vida de 14062 portugueses, recebendo uns condecorações com a Cruz de Guerra e sendo outros completamente esquecidos.
Com o passar do tempo, apenas restou aos "trinchas" a saudade... dos bons e maus momentos das trincheiras, recordados com alegria e exageros por vezes dos seus feitos, mas também com tristeza e muitas lágrimas, capazes de emudecer qualquer um. Todos afinal foram heróis, os que morreram assim como os que sobreviveram.
Uns morreram, os que sobreviveram, passaram o terror e as tormentas desta guerra, tudo pela Pátria, e, principalmente, pelo tal jovem regime republicano que se quis impor e a má política.
Foi como todas as guerras, um conflito de violência e brutalidade do homem para com o e seu semelhante, que para além das vítimas e estropiados que fez (mutilados e gaseados), traumas psicológicos devido as neuroses de guerra, levando em alguns casos ao suicídio, deixando um rasto de destruição e consequências para as gerações vindouras.
É de louvar também o trabalho de reportagem fotográfica feito por vários repórteres e fotógrafos de guerra, quer estrangeiros quer portugueses, como Joshua Benoliel (1873 - 1932), Arnaldo Garcez Rodrigues (1885 - 1964), entre outros artistas como João Guilherme de Menezes Ferreira (1889 - 1936), Adriano Sousa Lopes (1879 - 1944), que representaram à sua maneira cenas deste conflito, sem os quais hoje não se poderia perceber com exactidão o que foi esta guerra por imagens passo a passo.
Após este conflito mundial, ergueram-se monumentos aos combatentes quer em Portugal, quer nos demais países envolvidos no conflito, homenagearam-se ainda os mortos desta guerra em cemitérios, assim como aos soldados desconhecidos dos seus países.
Em jeito de opinião conclusiva, a Primeira Grande Guerra Mundial acabou em vergonha para os alemães, decepção com os ingleses, respeito pelos franceses e de punição para os governantes portugueses da época. Esta Batalha de La Lys travada à 100 anos foi decisiva para Portugal na Primeira Grande guerra Mundial.
Página do jornal Diário de Noticias do dia 11 de novembro de 1918 anunciando o Armistício
(arq. priv.)
Página do jornal A Capital de 11 de novembro de 1918 alusiva ao final
da Primeira Grande Guerra Mundial e da assinatura do armistício
(arq. priv.)
Comemorações no final da Primeira Grande Guerra Mundial com Sidónio Pais
discursando do varandim do palácio de Belém em novembro de 1918
(arq. AML)
Desfile de batalhão do CEP em Paris nas comemorações do final da guerra em 1919
(arq. priv.)
Tropas do CEP sendo agraciadas por criança na parada da vitória em Paris, a 14 de julho de 1919,
foto Arnaldo Garcez, colorida por Jorge Henrique Martins (arq. Liga dos Combatentes)
Cruz de Guerra, condecoração portuguesa da Primeira Grande Guerra,
frente e verso (col. pess.)
Cruz de Guerra exposta atribuída aos militares do CEP
que estiveram em combate (col. pess.)
Túmulo do soldado desconhecido na Casa do Capitulo
do mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha
(arq. priv.)
Lápide do túmulo do soldado desconhecido da Grande Guerra na Casa do Capitulo
do mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha (arq. priv.)
Cemitério português dos combatentes do CEP mortos na Primeira Grande Guerra
em Richebourg, França (arq. priv.)
Cemitério Militar Português de Richebourg, França (foto Calos Pereira)
Cemitério Militar Português de Richebourg, França (arq. priv.)
As cerimónias da evocação do aniversário da Batalha de La Lys têm lugar, habitualmente, todos os anos no Mosteiro de Santa Maria da Vitória - Batalha (Leiria) num dos primeiros fins de semana de abril, com a presença dos vários ramos das forças armadas portuguesas, entre outras entidades.
Este ano as cerimónias da evocação deste acontecimento, terão um sentido especial passados que são 100 anos sobre esta importante batalha da Primeira Grande Guerra Mundial. Várias Ligas de Combatentes em Portugal este ano se associam às cerimónias do centenário deste acontecimento marcante da nossa história ocorrido além fronteiras.
Também este ano e nesta data, o centenário da Batalha de La Lys será evocado em 8 e 9 de abril, em França, durante cerimónias nas quais estarão presentes os Presidentes da Republica de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de França, Emmanuel Macron, assim como também o Primeiro-Ministro português, António Costa.
Os Presidentes da República portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa e francesa Emmanuel Macron
nas cerimónias do centenário da Batalha de La Lys no cemitério de Richebourg
(foto Pascal Rossignol)
Chefes de Estado portugueses e francês, Marcelo Rebelo de Sousa, Emmanuel Macron e António Costa
nas cerimónias do centenário da Batalha de La Lys no cemitério de Richebourg (arq. Lusa)
Descerramento de placa de Homenagem aos Combatentes da Primeira Grande Guerra
por ocasião do centenário da Batalha de La Lys na Avenue des Portugais em Paris
(arq. priv.)
Depois perdido vagueando por trincheiras e campos, ora de ninguém ora ocupados pelo inimigo, foi-se defendendo, até que quatro dias depois encontra um médico militar escocês, salvando-o de morrer afogado num pântano. Valeu-lhe as palavras do comandante português João Maria Ferreira do Amaral (1876 – 1931), que o saudou com as palavras que ficaram para a história "Tu és Milhais, mas vales Milhões".
Foi premiado com várias condecorações estrangeiras, propostas pelos ingleses e a mais alta condecoração honorária nacional, a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Dada a sua simplicidade como ser humano, sempre achou as condecorações que lhe foram atribuídas supérfluas, pois para ele o importante foi a protecção dos seus camaradas no campo de batalha e a Pátria que representava.
Finalmente no dia 11 de novembro de 1918, às 02:05 da madrugada, num episódio mais tarde conhecido como Dia do Armistício, é assinado o cessar-fogo, entre a então designada República de Weimar. Tudo isto aconteceu numa carruagem restaurante, a Nº 2419 D da CIWL, na floresta de Compiègne no norte de França. Os principais signatários foram o marechal Ferdinand Foch (1851 - 1929), comandante chefe das forças da Tríplice Entente, o almirante inglês Sir Rosslyn Wemyss e Matthias Erzberger, representante alemão.
Termina assim esta guerra com a victória dos Aliados. Seguindo-se depois ao Armistício o Tratado de Paz de Versalhes, celebrado em 1919, os termos do acordo foram severos para Alemanha, segundo o qual, a Alemanha, derrotada, era obrigada a reduzir as suas tropas a metade do efectivo, pagar pesadas indemnizações aos países vencedores, ceder todas as colónias e restituir a região da Alsácia – Lorena à França.
Aníbal Augusto Milhais 1895 - 1970, o soldado português
mais condecorado da Primeira Guerra Mundial,
agraciado com a Ordem Militar da Torre e Espada,
do Valor, Lealdade e Mérito (col. priv.)
Ilustração do soldado "Milhões" durante o ataque alemão em 1918
por Carlos Alberto Santos (col. pess.)
Soldado "Milhões" entre outros soldados do CEP condecorados
na Primeira Grande Guerra Mundial (arq. priv.)
Responsáveis pela assinatura do Armistício em 11 de novembro de 1918
junto a carruagem Nº 2419 D da CIWL (col. priv.)
Soldados aliados num campo de batalha, erguem os seus capacetes e saúdam o dia do Armistício,
em 11 de novembro de 1918 (arq. priv.)
Mapa da Europa após a Primeira Grande Guerra Mundial (arq. priv.)
Em Portugal e à semelhança dos outros países envolvidos no conflito, comemora-se o fim da guerra, as ruas das cidades enchem-se de populares e é feito um discurso alusivo ao facto no varandim do palácio de Belém pelo então Presidente da República Sidónio Pais (1872 – 1918), em novembro de 1918.
Apesar dos reforços não terem sido enviados, no final da guerra, com o resto dos homens do CEP, ainda se conseguiu organizar alguns Batalhões que tomaram parte nas últimas operações que levaram à vitória final aliada, tendo participado na marcha da vitória em Paris em 1919, trazendo assim alguma glória e honra para Portugal.
Para trás ficava uma guerra devastadora sem sentido que, entre mortos, feridos e prisioneiros, marcou a vida de 14062 portugueses, recebendo uns condecorações com a Cruz de Guerra e sendo outros completamente esquecidos.
Com o passar do tempo, apenas restou aos "trinchas" a saudade... dos bons e maus momentos das trincheiras, recordados com alegria e exageros por vezes dos seus feitos, mas também com tristeza e muitas lágrimas, capazes de emudecer qualquer um. Todos afinal foram heróis, os que morreram assim como os que sobreviveram.
Uns morreram, os que sobreviveram, passaram o terror e as tormentas desta guerra, tudo pela Pátria, e, principalmente, pelo tal jovem regime republicano que se quis impor e a má política.
Foi como todas as guerras, um conflito de violência e brutalidade do homem para com o e seu semelhante, que para além das vítimas e estropiados que fez (mutilados e gaseados), traumas psicológicos devido as neuroses de guerra, levando em alguns casos ao suicídio, deixando um rasto de destruição e consequências para as gerações vindouras.
É de louvar também o trabalho de reportagem fotográfica feito por vários repórteres e fotógrafos de guerra, quer estrangeiros quer portugueses, como Joshua Benoliel (1873 - 1932), Arnaldo Garcez Rodrigues (1885 - 1964), entre outros artistas como João Guilherme de Menezes Ferreira (1889 - 1936), Adriano Sousa Lopes (1879 - 1944), que representaram à sua maneira cenas deste conflito, sem os quais hoje não se poderia perceber com exactidão o que foi esta guerra por imagens passo a passo.
Após este conflito mundial, ergueram-se monumentos aos combatentes quer em Portugal, quer nos demais países envolvidos no conflito, homenagearam-se ainda os mortos desta guerra em cemitérios, assim como aos soldados desconhecidos dos seus países.
Em jeito de opinião conclusiva, a Primeira Grande Guerra Mundial acabou em vergonha para os alemães, decepção com os ingleses, respeito pelos franceses e de punição para os governantes portugueses da época. Esta Batalha de La Lys travada à 100 anos foi decisiva para Portugal na Primeira Grande guerra Mundial.
Página do jornal Diário de Noticias do dia 11 de novembro de 1918 anunciando o Armistício
(arq. priv.)
Página do jornal A Capital de 11 de novembro de 1918 alusiva ao final
da Primeira Grande Guerra Mundial e da assinatura do armistício
(arq. priv.)
Comemorações no final da Primeira Grande Guerra Mundial com Sidónio Pais
discursando do varandim do palácio de Belém em novembro de 1918
(arq. AML)
Desfile de batalhão do CEP em Paris nas comemorações do final da guerra em 1919
(arq. priv.)
Tropas do CEP sendo agraciadas por criança na parada da vitória em Paris, a 14 de julho de 1919,
foto Arnaldo Garcez, colorida por Jorge Henrique Martins (arq. Liga dos Combatentes)
Cruz de Guerra, condecoração portuguesa da Primeira Grande Guerra,
frente e verso (col. pess.)
Cruz de Guerra exposta atribuída aos militares do CEP
que estiveram em combate (col. pess.)
Túmulo do soldado desconhecido na Casa do Capitulo
do mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha
(arq. priv.)
Lápide do túmulo do soldado desconhecido da Grande Guerra na Casa do Capitulo
do mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha (arq. priv.)
Cemitério português dos combatentes do CEP mortos na Primeira Grande Guerra
em Richebourg, França (arq. priv.)
Cemitério Militar Português de Richebourg, França (foto Calos Pereira)
Cemitério Militar Português de Richebourg, França (arq. priv.)
As cerimónias da evocação do aniversário da Batalha de La Lys têm lugar, habitualmente, todos os anos no Mosteiro de Santa Maria da Vitória - Batalha (Leiria) num dos primeiros fins de semana de abril, com a presença dos vários ramos das forças armadas portuguesas, entre outras entidades.
Este ano as cerimónias da evocação deste acontecimento, terão um sentido especial passados que são 100 anos sobre esta importante batalha da Primeira Grande Guerra Mundial. Várias Ligas de Combatentes em Portugal este ano se associam às cerimónias do centenário deste acontecimento marcante da nossa história ocorrido além fronteiras.
Também este ano e nesta data, o centenário da Batalha de La Lys será evocado em 8 e 9 de abril, em França, durante cerimónias nas quais estarão presentes os Presidentes da Republica de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de França, Emmanuel Macron, assim como também o Primeiro-Ministro português, António Costa.
Os Presidentes da República portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa e francesa Emmanuel Macron
nas cerimónias do centenário da Batalha de La Lys no cemitério de Richebourg
(foto Pascal Rossignol)
Chefes de Estado portugueses e francês, Marcelo Rebelo de Sousa, Emmanuel Macron e António Costa
nas cerimónias do centenário da Batalha de La Lys no cemitério de Richebourg (arq. Lusa)
Descerramento de placa de Homenagem aos Combatentes da Primeira Grande Guerra
por ocasião do centenário da Batalha de La Lys na Avenue des Portugais em Paris
(arq. priv.)
Texto:
Paulo Nogueira
Paulo Nogueira
Fontes e bibliografia:
MARTINS, Luiz . A. F., Revista Militar, Mobilização do Exército da República, janeiro de 1916
MARTINS, Luiz . A. F., Revista Militar, Mobilização do Exército da República, janeiro de 1916
PONTES, José, Mutilados portugueses. Narrativas de guerra e estudos de reeducação, Guimarães & C.ª, Lisboa, 1918
MARQUES, Isabel Pestana, "Das Trincheiras, com Saudades" A vida quotidiana dos militares portugueses na Primeira Grande Guerra Mundial. Lisboa, A Esfera dos Livros, 1ª edição março 2008
MARQUES, Isabel Pestana, "Das Trincheiras, com Saudades" A vida quotidiana dos militares portugueses na Primeira Grande Guerra Mundial. Lisboa, A Esfera dos Livros, 1ª edição março 2008
KEEGAN, John (1998), "The First World War", Hutchinson, General Military History
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