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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Fascistas atacam NPA em manif de coletes amarelos




Manifestação dos coletes amarelos em Paris, França
O bloco de apoio ao movimento dos coletes amarelos do Noveu Parti Anticapitalist (Novo Partido Anticapitalista, em português) foi este sábado atacado por duas vezes por 50 elementos de extrema-direita durante a manifestação em Paris, França. Alguns dos militantes do NPA ficaram feridos, ainda que sem gravidade. O ataque foi reivindicado pel’ Os Zuavos (les Zouaves, em francês), uma organização de extrema-direita ultra-violenta.
Encapuzados, com roupas pretas e envergando coletes amarelos, os atacantes pegaram em materiais de construção nas proximidades e atiraram-nos contra os militantes anticapitalistas. Além disso, segundo testemunhas no local, estavam também armados com barras de ferro e punhos americanos.
Na sua página de Facebook, Zouaves Paris, os atacantes reivindicaram o ataque e elogiaram a sua “vitória” nas ruas, garantindo que tinham deixado “seis feridos” entre as fileiras do NPA.
“Este pequeno grupo [Os Zouaves] não tem nada a ver com o movimento dos coletes amarelos, ao lado do qual desfilamos há várias semanas sem que isso tenha sido um problema”, pode ler-se no comunicado do NPA. “Os grupos de coletes amarelos presentes durante os ataques deste sábado também ficaram chocados com esses ataques, e alguns manifestantes intervieram ao nosso lado para repelir os fascistas”, continua o documento.

Manifestantes socorristas a cuidarem de militantes do NPA feridos

O nome da organização advém do termo zuavos, os soldados de infantaria compostos por soldados colonizados ao serviço do exército francês na Argélia e outros territórios árabes durante os séculos XIX e XXX.
Há mais de dois meses que todos os sábados milhares de manifestantes envergando coletes amarelos reflectores, saem às ruas francesas para protestar contra os consecutivos ataques neoliberais, entre os quais a reforma das leis do trabalho, de Macron. Os confrontos com as autoridades têm sido uma constante, com estas a usarem granadas e espingardas que disparam bolas e balas de borracha contra os manifestantes. O uso da força tem sido indiscriminado e, ontem, Jerome Rodrigues, um destacado líder do movimento e luso descendente, ficou gravemente ferido depois de levar com um fragmento de uma granada GLI-F4, que contém TNT.
Um bombeiro foi atingido por uma bala de borracha (BD40) — uma nova arma ao dispor das forças de segurança francesas desde o início dos protestos — e ficou em coma. Levou com a bala nas costas enquanto fugia. É um dos mais de 100 feridos pela violência policial discriminada, a que se juntam 14 mortos, seja por acidentes nas barricadas inicialmente montadas pelos coletes amarelos, seja às mãos da polícia.
Este sábado, segundo dados do Ministério do Interior francês, estiveram nas ruas francesas mais de 69 mil manifestantes, dos quais quatro mil na capital parisiense.
As acusações de a extrema-direita continuar a estar presente no movimento surgem directamente do Palácio do Eliseu. O presidente Macron tem caracterizado os manifestantes como “multidão de ódio” que negam a essência de França, acusando-os de apenas quererem semear o ódio e destruir propriedade pública e privada. Tenta, desta forma, retirar apoio ao movimento entre a sociedade francesa, mas a verdade é que há muito que a extrema-direita não está infiltrada no movimento, pelo menos não tanto quanto no início.
Antes de a violência subir de tom nas ruas, a extrema-direita tentou infiltrar-se no movimento dos coletes amarelos, numa tentativa de capitalizar o descontentamento pela degradação das condições de vida de milhões de franceses para a sua agenda política num ano de eleições europeias. Nas ruas, e em vários vídeos que circulam pelas redes sociais, é possível verem-se coletes amarelos em confrontos com coletes amarelos, isto é, antifascistas contra fascistas, numa tentativa de os expulsar do movimento e das ruas.
Depois de várias semanas de confrontos, os antifascistas conseguiram-no fazer, ainda que muitos coletes amarelos nutram simpatias com a União Nacional de Marine de Len. Com a expulsão, os elementos de extrema-direita, independentemente dos grupos em que os militantes estejam organizados, viraram-se contra parte do movimento dos coletes amarelos, mas principalmente contra as organizações que contribuíram activamente para a sua expulsão — o caso do NPA.
“A presença da extrema-direita nas manifestações dos coletes amarelos é um veneno para o movimento: a agressão que sofremos pretendia quebrar a manifestação, enfraquecê-la e faz obviamente o jogo do poder”, denuncia o partido anticapitalista, garantindo que os seus militantes não serão “intimidados” por este ataque.
Este ataque, ainda que não seja o primeiro, parece ser o mais arrojado dos últimos tempos nas ruas, obrigando a uma resposta diferente e mais alargada por quem quer combater o fascismo. “Em breve, entraremos em contacto com as organizações da esquerda social e política, bem como com os diferentes grupos de coletes amarelos, para considerar em conjunto uma resposta às acções desses grupos, para que parem de abordar as mobilizações sociais”, revela a organização. Desconhece-se como isso será feito.

medium.com



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