Este novo insólito aconteceu ontem, no habitual programa que José Gomes Ferreira apresenta na SIC Notícias. Numa nova análise a um Orçamento do Estado que ainda não existe, o político - que se apresenta como jornalista - convidou António Saraiva, o patrão dos patrões, para uma homilia de cerca de uma hora em volta das escrituras da Igreja Universal do Neo-Liberalismo.
O sermão foi o do costume:
- Os salários dos portugueses são altos demais e os trabalhadores deveriam ganhar menos, que é para seu bem;
- As empresas pagam demasiados impostos e deveriam contribuir menos, que é para bem do país;
- As regras que o Estado aplica e que introduzem ordem e justiça nos mercados deveriam desaparecer, que é para o bem da economia.
A imagem fala por si, nós só acrescentamos as setas para realçar o espantoso momento de propaganda patrocinado pelo canal semi-oficial do PSD.
Convém recordar que José Gomes Ferreira é Sub-Director de Informação na estação, sendo responsável por coordenar a informação relativa à área económica.
Há uma semana, o programa foi dedicado à análise do OE de 2018 pela perspectiva dos especialistas em engenharia fiscal, aqueles que ajudam um pequeno grupo de pessoas a desviar milhares de milhões de euros da tributação em Portugal.
Ontem, foi a vez de difundir as reivindicações da confederação patronal mais poderosa do país.
Quanto às reivindicações e necessidades da esmagadora maioria dos cidadãos portugueses, os trabalhadores que não têm enormes empresas nem dinheiro depositado em paraísos fiscais, essas não têm representação no jornalismo económico da SIC Notícias.
No palco de José Gomes Ferreira, o convidado de honra é sempre o 1%. Mas ele continuará a dizer que é apenas um jornalista, que não faz política e que luta contra os "poderes instalados."
Obrigado, Zé. Nunca mudes.
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