Em Agosto de 2010, toma posse Cristina Fangueiro, atual Presidente do Conselho Diretivo.
No âmbito do seu ciclo de gestão, o Conselho Diretivo prossegue na instituição a implementação de uma gestão por processos, mantém e amplifica a abertura ao exterior, através de uma articulação permanente com parceiros institucionais, meio académico e instituições casapianas.
Tendo a CPL uma missão vocacionada prioritariamente para as crianças em situação de vulnerabilidade social, foram normalizados e reforçados os apoios sociais às famílias e abolidas as comparticipações familiares.
As respostas de acolhimento foram adequadas às necessidades e problemáticas específicas, tendo sido criadas unidades de acolhimento vocacionadas para a preparação de autonomia de vida, a intervenção parental, as equipas de apoio em meio natural de vida e, no que aos recursos humanos respeita, a permanente supervisão técnica de equipas.
As crianças e jovens que transitam das medidas de colocação institucional para meio natural de vida, continuaram a ser apoiadas e acompanhados até 24 meses, por equipas especializadas, cuja intervenção passou a ser pautada por procedimentos e metodologias uniformizadas, assegurando-se um follow-up de 6 meses.
Na área da educação formação é feita uma aposta significativa na diversificação de áreas de formação, sedimentando a oferta formativa da CPL em mais de 40 cursos distribuídos por 17 áreas de formação e em modalidades diversas.
Ao nível da intervenção com entidades empregadoras, foi criada uma Equipa de Inserção Profissional, resposta centralizada e transversal, que tem por finalidade acompanhar os educandos quer na integração em formação em contexto de trabalho, quer na sua inserção efetiva em mercado de trabalho.
Para o efeito, a Casa Pia mobiliza diariamente uma ampla rede de entidades e empresas parceiras, essenciais para o ajuste curricular dos cursos, integração em estágios dos educandos e sua futura integração profissional.
Visando o estímulo e apoio ao prosseguimento de estudos e da formação a todos os que tendo o potencial, por razões de diversa ordem, não acedem aos recursos ou meios que permitam a concretização de sonhos, foram criadas Bolsas de Valores Individuais e regulamentados prémios de mérito destinados a reconhecer percursos de sucesso dos educandos da CPL.
Com uma gestão por processos e dispondo de um conjunto de sistemas de informação que permitem uma melhor sistematização das práticas da intervenção e uma maior capacidade de gestão, a Casa Pia está hoje alinhada com as práticas mais modernas da administração pública.
2006 - 2010
A resolução do Conselho de Ministros nº2/2006, de 6 de janeiro, fixou os objetivos e princípios orientadores para restruturação da Casa Pia de Lisboa, determinando 5 áreas prioritárias:
a)Recentração da CPL nas suas missões essenciais;
b)Desmassificação e restituição da escala humana à instituição;
c)Qualificação da gestão e dos profissionais;
d)Adoção e qualificação do modelo do ensino profissional e reforço da formação em alternância;
e)Ajustamento do modelo institucional aos desafios de futuro.
Tais desígnios foram desenvolvidos através de uma Comissão Instaladora, composta por um Presidente, Joaquina Madeira, e quatro vogais, sendo que Catalina Pestana exercia em simultâneo as funções de Provedor e vogal. Esta Comissão adaptou o resultado final do relatório do Conselho Técnico Científico à modernização da CPL, nomeadamente prosseguindo a política de desmassificação das respostas de acolhimento e a substituição dos lares “intra-muros” por unidades integradas na comunidade, promovendo o recrutamento e a qualificação dos trabalhadores e reativando a admissão de crianças em perigo, suspensa desde o início do processo Casa Pia.
Tendo as crianças e os jovens no centro de toda a atividade, foi definido um novo modelo socioeducativo para a instituição relativamente ao desenvolvimento das respostas sociais, educativas e formativas, assente em percursos de aprendizagem inclusivos e tendo em consideração:
a)O acolhimento como transitório e o retorno ao meio familiar no centro da intervenção institucional;
b)A escolaridade prolongada;
c)A formação inicial qualificante de dupla certificação, no âmbito da legislação nacional;
d)A relevância da formação com educandos surdos e surdocegos.
Foram, ainda, introduzidos novos modelos pedagógicos nos diversos ciclos e níveis de ensino, criando-se o ensino integrado da música no ensino regular.
Na reestruturação operada pela nova Lei Orgânica e Estatutos, a CPL abriu-se à sociedade civil, designadamente entidades parceiras e instituições casapianas, os quais foram chamados a participar nos seus diversos órgãos – Conselho Institucional e Conselhos Sócio Educativos dos CED.
Apostando numa gestão democrática, o Conselho Diretivo promoveu uma ampla participação dos colaboradores no processo de reestruturação da instituição, criando as condições de organização que permitiram a definição e a implementação de uma gestão orientada por processos, contribuindo de forma estruturada para a reafirmação da CPL e preparando-a para desafios futuros.
2002 - 2006
Em Novembro de 2002, a Casa Pia de Lisboa conhece um dos períodos mais críticos de toda a sua história: O caso da pedofilia viria a marcar uma nova fase na vida da Instituição, mudando para sempre todo o entendimento e conceito de proteção de crianças e jovens, seja dentro da instituição, seja a nível nacional.
Na sequência do sucedido, a Instituição vive um período de instabilidade administrativa pautado pelo afastamento do então provedor Luís Rebelo e pela nomeação em regime de substituição de Manuel Abrantes, antigo Provedor Adjunto, e, posteriormente, pela nomeação de Maria Augusta Amaral, então diretora do Instituto Jacob Rodrigues Pereira, coadjuvada por Mafalda Nunes, diretora do Colégio de Nossa Senhora da Conceição.
Ambas asseguraram a administração da Casa Pia de Lisboa até à nomeação da nova dirigente, Catalina Pestana. A sua administração como Provedora da Casa Pia de Lisboa ficaria marcada pela necessidade de enfrentar as graves repercussões desse caso. É criado o Conselho Técnico Científico encabeçado pelo Eng.º Roberto Carneiro que analisou a situação da Casa Pia e propôs um conjunto de medidas reformistas. Daqui resulta o relatório: Casa Pia de Lisboa - Um Projeto de Esperança, que sustentou as grandes linhas de modernização e renovação da intervenção da instituição para os anos seguintes.
1980 - 2001
No começo dos anos 80, procurou-se reorganizar a Casa Pia, modernizá-la em termos de espaços físicos e apetrechá-la para uma educação adaptada aos novos tempos. Desmassificaram-se os espaços do acolhimento, substituindo as enormes e caóticas camaratas de 60 ou 70 alunos por lares com pouco mais de uma dezena de crianças ou jovens, incluindo alguns lares fora dos colégios. Alargou-se a oferta educativa e formativa, sobretudo através da criação de novos cursos e reabilitaram-se os espaços dos diferentes colégios, construindo-se outros de raiz.
Em paralelo, prosseguiu-se e cimentou-se uma política de colaboração entre a Casa Pia e as diferentes instituições criadas por antigos alunos da Instituição, designadamente o Casa Pia Atlético Clube.
a casapia no portugal democrático
1974 - 1980
Na década de 70, a Casa Pia de Lisboa debateu-se com uma crise que radica em três variantes fundamentais: um défice de lideranças superiores e intermédias que permitiu a instalação, sobretudo nos internatos, de um ambiente de liberdade sem responsabilidade, a perda, por parte dos alunos, dos professores e dos funcionários, da “mística casapiana”, do orgulho de pertencer a uma escola especial e o gigantismo de uma instituição tentacular, com vários colégios e milhares de alunos.
Nos últimos quatro anos, com o Engº José Peixeiro Simões a exercer funções de provedor cumulativamente com as de Adjunto, procurou-se renovar a Instituição e, gradualmente, sair da anarquia em que tinha caído, designadamente, nas Seções de Pina Manique e Maria Pia.
a casapia ano estado novo 1933 - 1974
Em 1935, o Estado Novo dá início a uma profunda reforma da Assistência, encarregando o respectivo Director-Geral, Braga Paixão, de a preparar e executar. Esta reforma haveria de mudar radicalmente a Instituição Casapiana.
São concentrados na Casa Pia de Lisboa todos os estabelecimentos de educação e assistência social dependentes da Direcção-Geral de Assistência: cada uma dessas instituições passaria a ser considerada secção da Casa Pia de Lisboa. Em 1940, o próprio Dr. Braga Paixão assumiu as funções de Provedor.
A reforma Braga Paixão (concluída no final de 1942) integrava os seguintes institutos na Casa Pia de Lisboa: Asilo D. Maria Pia, Asilo Nuno Álvares, Instituto de Surdos-Mudos Jacob Rodrigues Pereira, Asilo de Nossa Senhora da Conceição, Asilo de Santa Clara, Asilo 28 de Maio. A “antiga Casa Pia” passava a ser a “Secção de Pina Manique”.
Nas décadas finais do Estado Novo (50 e 60), a Casa Pia de Lisboa reforçou esta tendência autoritária, centralista e nacionalista e a Instituição atravessou um período cinzento, sem chama, com as crianças e jovens sofrendo algumas privações.
Do ponto de vista pedagógico, todavia, a qualidade do ensino, particularmente do ensino técnico-profissional, manteve-se, o que permitiu conservar muito do prestígio herdado da “antiga Casa Pia”.
a casapia na I républica 1910 - 1926
O último provedor da Monarquia foi Ramada Curto, cuja passagem pela Casa Pia não ficou particularmente assinalada. O mesmo não pode dizer-se, no entanto, do dirigente seguinte, António Aurélio da Costa Ferreira, médico de renome e pedagogo eminente, nomeado pelo seu amigo António José de Almeida para o novo cargo de diretor, que substituía o de provedor e absorvia as funções dos antigos diretores pedagógico-administrativos.
Costa Ferreira foi pioneiro da psicologia do desenvolvimento e da psicologia escolar na Casa Pia, defendendo a prévia deteção das aptidões de cada aluno, numa antecipação daquilo que viria a ser a orientação vocacional e profissional. Recusava-se a aceitar uma Casa Pia que fosse “um internato monstro, meio convento e meia caserna” apostando também na integração precoce dos jovens alunos na vida ativa.
As dificuldades resultantes da entrada de Portugal na Grande Guerra repercutiram-se, como seria de esperar, na Casa Pia: não só os jovens alunos do Curso de Sargentos (criado em 1903) foram mobilizados, como as carências alimentares e de vestuário afetaram significativamente as crianças. E o pós-guerra não foi melhor.
Apenas nos meados da década de 20 as circunstâncias nacionais e internacionais permitiram melhorar as condições de vida na Instituição.
Os alunos educados na Casa Pia nas primeiras décadas do século XX, prosseguiram no caminho da formação integral que sempre foi apanágio casapiano. São estes jovens (entre os quais encontramos Cândido de Oliveira, Ricardo Ornelas e Ribeiro dos Reis) que se tornam pioneiros, entre nós, de novos desportos como o futebol e o basquetebol, e entusiásticos praticantes de outros desportos mais antigos, como o atletismo, a esgrima e a natação.
E fundaram, para si e para os seus companheiros saídos da Casa Pia, um clube onde todos pudessem entregar-se livremente a essa verdadeira paixão pelo desporto - o Casa Pia Atlético Clube (1920).
a casapia no liberalismo monárquico 1834 - 1910
A instalação da Casa Pia nos Jerónimos não esperou pela expropriação do Mosteiro, então habitado por pouco mais que meia dúzia de monges. O decreto de 28 de Dezembro de 1833, da Secretaria de Estado dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, ordenava a transferência da Casa Pia para o Mosteiro dos Jerónimos.
Em Abril de 1834, D. Pedro IV visitou a Casa Pia. A 9 de Maio de 1835 foi promulgada uma ambiciosa reforma que procurava restaurar a Instituição, devolvendo-lhe o prestígio que tivera no tempo de Pina Manique.
A segunda metade do século XIX, na Casa Pia, ficou assinalada pelas provedorias de José Maria Eugénio de Almeida (1859-1872) e Francisco Simões Margiochi (1889-1897). É neste período que a Instituição alarga as suas instalações para os terrenos anexos ao Mosteiro dos Jerónimos, cuja cerca, bem maior do que o espaço que actualmente pertence à Instituição, incluía toda a encosta do Restelo.
A primeira Escola Normal portuguesa, integrada na Casa Pia, começa a funcionar em 1878. Desenvolve-se o ensino artístico, musical, técnico-profissional e agrícola, nos quais a Casa Pia se mostraria pioneira. Esse pioneirismo revelou-se também na ginástica e na prática desportiva, que iriam dar excelentes frutos nas primeiras décadas do século seguinte.
a casapia do desterro 1811-1833
A fase do Desterro foi um período triste na vida da Instituição, muito longe da época áurea do Castelo. No Desterro, os rendimentos eram escassos para tantas crianças.
Não admira, por isso, que o currículo académico estivesse distante daquele que encontramos na primitiva “Universidade plebeia” do Castelo de São Jorge. Limitava-se às primeiras letras, Latim, Desenho e aprendizagem de ofícios (geralmente fora da Instituição).
Os mais dotados continuavam a ser encaminhados para Aulas Públicas externas, embora em escasso número.
Após a restauração miguelista de 1828, com o clima de violência que se instalou, a Casa Pia viveu em permanente sobressalto. As condições de instabilidade social empurravam para a Instituição cada vez mais gente, e, com a guerra civil de 1832-34, o Desterro revelou-se absolutamente insuficiente.
a casapia no antigo regime 1780-1807
cronologia da historia da casapia de lisboa
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