CRESCI OUVINDO OS MEUS AVÓS, OS MEUS PAIS ELOGIANDO OS PESCADORES, CONTANDO HISTÓRIAS DA PESCA DO BACALHAU, FALANDO DOS AGRICULTORES E DO SEU APEGO À TERRA, O SEU SUSTENTO, DEPOIS CONHECI OS PESCADORES NO SEU MEIO, COM O SEU BARQUITO A REMOS E SÓ MAIS TARDE O MOTOR, A DURA VIDA DO MAR EM ÉPOCA DE INVERNO.
FUI AO MAR COM ELES DEPOIS DO MEU DIA DE TRABALHO E SEI O QUE CUSTA ESSA VIDA, DEPOIS AINDA, ANDEI MUITOS ANOS NA PESCA EM TRAINEIRAS E PESQUEI EM MUITOS PONTOS DO PAÍS E SEI O QUE É RESPEITAR O MAR E AS SUAS GENTES.
HOJE OS PESCADORES SOFREM A EXPLORAÇÃO DOS GRANDES ARMADORES, OS AGRICULTORES A DOS GRANDES LATIFUNDIÁRIOS E SÃO VÍTIMAS DAS GRANDES EMPRESAS, DOS INTERMEDIÁRIOS, DAS GRANDES SUPERFÍCIES QUE TUDO RAPAM AO MAR E AO SER HUMANO.
OS TEMPOS CONTINUAM AMARGOS PARA QUEM TRABALHA, RECEBE SALÁRIOS DE MISÉRIA E TEM TRABALHO PRECÁRIO.
AINDA HOJE HÁ QUEM SÓ TENHA PÃO NA MESA QUANDO A NATUREZA NÃO SE ENFURECE E PERMITE QUE AS MÃOS CALOSAS DOS AGRICULTORES E A AUDÁCIA DOS PESCADORES SE LANCEM NA TAREFA DURA DA SOBREVIVÊNCIA.
POUCO MUDOU NA EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM.
NO MAR OS TUBARÕES, EM TERRA, AS HIENAS E OS ABUTRES TÊM SEMPRE O MELHOR REPASTO E AS VÍTIMAS SÃO SEMPRE AS MESMAS, OS OPERÁRIOS, OS PROLETÁRIOS QUE VENDEM A SUA FORÇA DE TRABALHO MUITAS DAS VEZES QUASE A TROCO DE NADA.
POR ISSO A FAMIGERADA EXPRESSÃO "MUNDO CÃO" CONTINUA VIVA E A TER INFELIZMENTE ACTUALIDADE.
António Garrochinho
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