Conheça a história de pessoas que travaram batalhas contra o preconceito e a discriminação racial
O combate ao racismo e à injúria racial deve ser feito por todos e todas. Com o passar dos anos, o número de pessoas que ajudam a combater o ódio e a discriminação racial tem aumentado muito, graças à maior conscientização de mais e mais pessoas.
Existem aqueles(as) que, há muito anos, são símbolos e exemplos a serem seguidos no combate ao racismo. Pessoas que lutaram por um mundo mais digno e igual, que lutaram para que todos e todas sejam respeitadas e tenham seus direitos garantidos como todo ser humano deve ter.
A seguir, você conhece um pouco mais da história de algumas pessoas que simbolizam a luta contra o racismo e a discriminação no Brasil e no mundo.
Zumbi dos Palmares
Zumbi dos Palmares foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.
Embora tenha nascido livre, foi capturado quando tinha por volta de sete anos de idade. Entregue a um padre católico, recebeu o batismo e ganhou o nome de Francisco. Aprendeu a língua portuguesa e a religião católica, chegando a ajudar o padre na celebração da missa. Porém, aos 15 anos de idade, voltou para viver no quilombo.
No ano de 1675, o quilombo é atracado por soldados portugueses. Zumbi ajuda na defesa e destaca-se como um grande guerreiro. Após uma batalha sangrenta, os soldados portugueses são obrigados a retirar-se para a cidade de recife. Três anos após, o governador da província de Pernambuco aproxima-se do líder Ganza Zumba para tentar um acordo. Zumbi coloca-se contra o acordo, pois não admitia a liberdade dos quilombolas, enquanto os negros das fazendas continuariam aprisionados.
Em 1680, com 25 anos, Zumbi torna-se líder do quilombo dos Palmares, comandado a resistência contra as tropas do governo. Durante seu “governo” a comunidade cresce e se fortalece, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. O líder Zumbi mostra grande habilidade no planejamento e organização do quilombo, além de coragem e conhecimentos militares.
O bandeirante Domingo Jorge Velho organiza, em 1694, um grande ataque ao Quilombo dos Palmares. Após uma intensa batalha, Macaco, a sede do quilombo, é totalmente destruída. Ferido, Zumbi consegue fugir, porém é traído por um antigo companheiro e entregue às tropas do bandeirante. Aos 40 anos de idade, foi degolado em 20 de novembro de 1695. Zumbi continua vivo na luta do Movimento Negro.
A grande importância da luta de Zumbi para o nosso país ganhou contornos oficiais quando, no dia 10 de novembro de 2011, a presidenta Dilma Rousseff, mediante a promulgação da Lei 12.519/2011, instituiu o ‘Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra no Brasil’. (contribuição de Elizamara Goulart)
Dandara Palmares
Dandara Palmares, esposa de Zumbi dos Palmares, esteve ao lado do marido na luta contra a escravidão no país. Mãe de três filhos, Motumbo, Harmódio e Aristogíton, foi uma mulher importantíssima na luta pela liberdade e contra o racismo junto a Zumbi. Dandara é lembrada e retratada em pesquisas como uma figura essencial como liderança feminina na República de Palmares.
De acordo com a Fundação Cultural Palmares, pouco se sabe das origens de Dandara. “Não há registros do local onde nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Ela foi uma das provas reais de que a mulher não é um sexo frágil. Além dos serviços domésticos, plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges femininas do exército negro palmarino.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Suicidou-se depois de presa, em seis de fevereiro de 1694, para não voltar na condição de escravizada”.
Aqualtune
Ezgondidu Mahamud da Silva Santos, conhecida por Aqualtune, era uma princesa africana filha do importante Rei do Congo, viveu no século XVII. Numa guerra entre reinos africanos, comandou um exército de 10 mil guerreiros quando os Jagas invadiram o seu reino.
Derrotada, foi levada como escrava para um navio negreiro e vendida ao Brasil, chegando ao Porto de Recife, principal centro produtor de açúcar e entreposto comercial da América Portuguesa.
Comprada como escrava reprodutora e obrigada a manter relações sexuais com um escravo, para fins de reprodução, já grávida foi vendida para um engenho de Porto Calvo, no sul de Pernambuco, onde pela primeira vez conheceu então a trajetória de Palmares, um dos principais Quilombos negros durante o período escravocrata, e as histórias de resistência dos negros à escravidão.
Nos últimos meses de gestação organizou a sua fuga e a de alguns escravos para aquele quilombo e teve sua ascendência reconhecida, recebendo então o governo de um dos territórios quilombolas, onde as tradições africanas eram mantidas e cada mocambo organizava-se de acordo com suas próprias regras.
Este tinha uma grande dimensão territorial com inúmeros povoados fortificados, onde os ex-escravos preparavam a organização de um estado negro naquelas terras. Mantinham a tradições africanas e seus ritos originais, assim o governo de cada localidade era dado aos que em sua terra tinham sido chefes.
Começou, então, ao lado de Ganga Zumba, seu filho, a organização de um Estado Negro, que abrangia povoados distintos, confederados sob a direção suprema de um chefe. Dois de seus filhos, Ganga Zumba e Gana Zona, tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes do quilombo.
Aqualtune também teve filhas, a mais velha das quais, chamada Sabina, deu-lhe um neto, nascido quando Palmares se preparava para mais um ataque holandês. Por isso, os negros cantaram e rezaram muito aos deuses, pedindo que o Sobrinho de Ganga Zumba, e, portanto, seu herdeiro, crescesse forte. Para sensibilizar o deus da guerra, deram-lhe o nome de Zumbi.
A criança cresceu livre e passou sua infância ao lado de seu irmão mais novo chamado Andalaquituche, em pescarias, caçadas, brincadeiras, ao longo dos caminhos camuflados, que ligavam os mocambos entre si. Garoto ainda, Zumbi conhecia Palmares inteiro. Passam-se os anos e Palmares tornou-se cada vez mais uma potência. Zumbi cresceu e casou-se com Dandara.
A guerra comandada pelos paulistas para destruir o quilombo de Palmares é uma das páginas mais dolorosas da história do Brasil. Em 1677, a aldeia de Aqualtune, que já estava idosa, foi queimada pelas expedições coloniais. Não se sabe a data de morte de Aqualtune, mas os quilombolas permaneceram lutando até serem finalmente derrotados, em novembro de 1695, pela bandeira do paulista Domingos Jorge Velho.
Nelson “Madiba” Mandela.
De etnia Xhosa, Madiba, como era chamado carinhosamente pelo povo sul-africano, nasceu num pequeno vilarejo na região do Transkei, um dos territórios “guetos” criados pelo governo racista com o intuito de separar a população negra da população branca. Desde cedo percebe a perversidade do sistema racista e a necessidade de organização do povo na luta contra o regime apartheid que negava aos(às) negros(as) direitos políticos, sociais e econômicos.
Quando estudante universitário envolve-se com o movimento estudantil e luta contra as políticas universitárias segregacionistas. Em 1942, já em Johanesburgo, une-se ao Congresso Nacional Africano (CNA) – organização social criada contra o racismo e na defesa de maiores liberdades civis, assim como, na luta pelo fim das penas injustas contra a população negra do país. Vinte anos depois, em 1962, figurando como uma das principais lideranças do CNA, foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão. Em 1964 foi condenado a prisão perpétua. Ficou preso por 27 anos, período em que Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao Apartheid que o clamor “Libertem Nelson Madiba” se tornou o lema das campanhas antiapartheid em vários países.
Em fevereiro de 1990, aos 72 anos, após anos de pressão interna e externa ele é liberto. Em 1994 torna-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Morre em 2013 aos 85 anos. Sua luta contra o Apartheid e o racismo não só moveu a África do Sul como de resto o mundo e serve de inspiração para todas as gerações, afinal, como ele mesmo disse, “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.
Fontes:
appsindicato.org.br
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