Quando se tem um passado tão sombrio quanto foi a ditadura militar no Brasil, o país passa a viver um dilema: é preciso seguir em frente e, no entanto, jamais esquecer de tais horrores, para que eles possam permanecer assim (e cada vez mais) como somente lembranças. Foi em memórias dos mortos e em tributo aos torturados (e para que justamente nunca esqueçamos os crimes cometidos pelo estado no período) que criou-se a plataforma Memórias da Ditadura, o maior acervo online sobre a história da ditadura no Brasil.
Para além da enorme função didática e como fonte de pesquisa que possui – oferecendo memoriais aos mortos e desaparecidos, informações diversas sobre o contexto internacional durante os anos de chumbo, e ainda detalhada pesquisa a respeito da repressão, prisões, anistia e abertura – a plataforma se aprofunda em aspectos específicos e importantes dentro do tema, como a perseguição ao movimento negro, aos indígenas e à comunidade LGBT no contexto do regime militar.
O velório do estudante Edson Luis, assassinado pelas forças militares
Repressão na missa para Edson Luis
A facilidade que as ditaduras oferecem à corrupção (pelo difícil acesso a qualquer informação oficial relativa aos mandos e decisões de um governo autoritário), a educação durante o regime, os militares que não apoiaram o golpe, a história de pessoas que resistiram (e das pessoas que fizeram parte do governo militar), além de panoramas artísticos e até mesmo uma elaborada linha do tempo do regime militar ainda compõem, entre documentos, textos, fotos e vídeos, as Memórias da Ditadura.
A passeata dos Cem Mil
A importância é gigantesca, afinal, não só muitos ecos da ditadura permanecem agindo no Brasil, como só somos capazes de tentar não repetir nossos maiores erros se olharmos para suas consequências de frente, para além de orientações ideológicas, sabendo, através de fatos, reconhecer o horror em um de nossos piores passados.
© fotos: divulgação
vivimetaliun.wordpress.com
1 comentário:
Muitos esquecem estas coisas, mas o capitalismo não perdoa, e quando perde privilégios, trata de pagar para os reaver, e são sempre piores que os anteriores, daí que o capitalismo não tenha rosto, mas actua pelo mundo fora e os povos estão a ficar muito lentos a reagir, a meu ver claro.
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