Greenpeace apoia "crime contra a humanidade"? 109 prémios Nobel dizem que sim
Deficiência de Vitamina A cega meio milhão de crianças por ano em todo o mundo. Arroz dourado pode ser solução, mas a Greenpeace continua a lutar contra o cultivo deste alimento
Quase um terço dos vencedores do Prémio Nobel assinaram uma carta aberta contra a campanha da Greenpeace, organização não-governamental dedicada à preservação ambiental, que se opõe ao cultivo de alimentos transgénicos, em particular, de arroz dourado.
Os 109 signatários, nos quais se incluem José Ramos-Horta, Nobel da Paz em 1996 e ex-presidente de Timor, e James Watson, Nobel da Medicina em 1962 e um dos responsáveis pela descoberta da estrutura básica do ADN, contestam a posição da organização e incentivam os governos de todo o mundo "a acelerarem o acesso dos agricultores às ferramentas da biologia moderna."
"Quantas mais pessoas pobres terão de morrer antes de considerarmos isto um 'crime contra a humanidade'?", escrevem os galardoados.
Desenvolvido nos anos 90, o arroz dourado é um grão geneticamente alterado e enriquecido com vitamina A. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 250 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento sofrem de uma carência desta vitamina, causando, por ano, 2 milhões de mortes e cegando meio milhão de crianças.
O arroz dourado, dizem os seus criadores e confirmam os laureados, fornece 60 por cento do valor diário aconselhado de vitamina A, tornando-se numa solução viável para este quadro negro que assombra sobretudo países africanos e asiáticos.
Os signatários criticam ainda o comportamento da Greenpeace, que não reconhece os benefícios e impactos positivos dos alimentos transgénicos, mesmo perante os relatórios científicos recentes que afirmam que "este tipo de cultivo e de alimentos é tão seguro como qualquer outro método de produção."
"Nunca foi registado um único caso de efeitos adversos na saúde dos seres humanos ou animais derivado do consumo destes alimentos. Tem-se demonstrado em repetidas ocasiões que os seus impactos ambientais são menos prejudiciais para o meio ambiente e mais que ajudam à biodiversidade global", terminam.
Wilhelmina Pelegrina, responsável pelo departamento de agricultura da Greenpeace no Sudeste da Ásia, já negou as acusações de bloqueio do cultivo do arroz doirado e reforçou que tal alimento ainda nem está disponível para venda.
Pelegrina sublinha ainda que não foi provado até ao momento que o arroz dourado possa resolver a deficiência de vitamina A e aconselha uma dieta alimentar mais diversa, o acesso equitativo à alimentação e a agricultura ecológica como soluções para este problema que afeta os países mais pobres. Cenoura, espinafre, manga e mamão são alguns dos alimentos mais ricos em vitamina A.
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