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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A VIRGEM VERMELHA - Um brutal caso real que comoveu a toda a sociedade da época. A história de uma mãe que concebeu à mulher perfeita e seu trágico final.

Um brutal caso real que comoveu a toda a sociedade da época. A história de uma mãe que concebeu à mulher perfeita e seu trágico final. É o mito de Frankenstein que converte-se em realidade neste incrível caso.

Hildegart, a virgem vermelha
Hildegart foi uma menina prodígio, concebida por sua mãe como modelo de mulher do futuro. Aos três anos já escrevia, e aos oito falava seis idiomas. Licenciou-se em filosofia e letras, bem como em direito, e quando morreu estava estudando medicina. Concebida como experiência científica, a menina não teve infância. Dedicou-se ao estudo constante, com dois temas prioritários: a filosofia racionalista e tudo que fosse relacionado com o sexo. Sua mãe pensava que essa era a única forma de não cair na armadilha que esteriliza o talento de muitas mulheres.

Separar a vida de Hildegart da de sua mãe, Aurora Rodriguez Carballeira, é praticamente impossível. É um caso no qual a realidade supera à ficção. Como se tratasse de uma personagem de alguma novela de Garcia Marquez, Aurora urdiu um plano com toda uma riqueza de detalhes: daria à luz a uma menina que levaria a Espanha a um nova ordem social. E como não tinha banco de sêmen na época, selecionou a dedo aquele que viria a ser o pai de Hildegart. Uma menina, tal como ela queria, nasceu em 9 de dezembro de 1914 com o nome de "Hildegart", que segundo explicava sua mãe, significa "jardim da sabedoria".

Hildegart foi uma das pessoas mais ativas de seu tempo no movimento pela reforma sexual na Espanha, e esteve conectada com a vanguarda européia nesse tema, tendo correspondência com Havelock Ellis, de quem era tradutora. Ademais, era uma solicitada palestrante. Manteve uma extensa correspondência com personalidades européias da época, entre elas com H. G. Wells admirador de sua inteligência, a quem acompanhou extensamente quando visitou Madri e cuja pretensão de leva-la a Londres como secretária deu lugar às paranóicas conspirações de sua mãe.

Foi co-fundadora, com o Dr. Gregório Marañón e outros, da "União para a Reforma Sexual Espanhola". Este movimento considerava a vida sexual como positiva, defendia a emancipação da mulher, seu acesso à educação e a igualdade de direitos em geral, entre homens e mulheres. Nesta época, a Espanha, assim como a Alemanha, era um país com idéias muito avançadas em relação à igualdade entre os sexos e à sexualidade.

Paradoxalmente, os conhecimentos de Hildegart sobre a sexualidade eram teóricos. Sua mãe desprezava "o prazer carnal" e nunca permitiu que a filha tivesse intimidade alguma, nem amigos, nem oportunidade de passar algum tempo sozinha com um homem. Havelock Ellis, chamava-a "a virgem vermelha", fazendo referência a suas tendências esquerdistas e a sua nula experiência sexual.

Mas o plano de Aurora não saiu como tinha previsto. Hildegart chegou a maioridade, e cada vez demandava mais autonomia e seguramente não lhe faltava vontade de experimentar a intimidade sexual sobre a qual tanto tinha escrito. Uma certa manhã, na cabeceira de sua cama, sua mãe disparou quatro tiros mortais à queima-roupa. Com 18 anos de idade morreu assassinada pela própria mãe em 9 de junho de 1933.

Resulta surpreendente saber que as mulheres européias dos anos 30 eram interessadas em sexologia, de que promoviam o amor livre e que a luta pela igualdade da mulher não é tão nova como parece.


 http://www.mdig.com.br/

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