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POEMA
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O homem já estava deitado dentro da noite sem cor.
Ia adormecendo, e nisto à porta um golpe soou.
Não era pancada forte. Contudo, ele se assustou,
Pois nela uma qualquer coisa de pressagio adivinhou
Levantou-se e junto à porta
- Quem bate? Ele perguntou.
- Sou eu, alguém lhe responde.
- Eu quem? Torna. – A Morte sou.
Um vulto que bem sabia pela mente lhe passou:
Esqueleto armado de foice que a mãe lhe um dia levou.
Guardou-se de abrir a porta, antes ao leito voltou,
E nele os membros gelados cobriu, hirto de pavor.
Mas a porta, manso, manso, se foi abrindo e deixou
Ver – uma mulher ou anjo? Figura toda banhada de suave luz interior.
A luz de quem nesta vida tudo viu, tudo perdoou.
Olhar inefável como de quem ao peito o criou.
Sorriso igual ao da amada que amara com mais amor.
- Tu és a Morte? Pergunta. E o Anjo torna: - A Morte sou!
Venho trazer-te descanso do viver que te humilhou.
-Imaginava-te feia, pensava em ti com terror...
És mesmo a Morte? Ele insiste.
- Sim, torna o Anjo, a Morte sou.
Mestra que jamais engana, a tua amiga melhor.
E o Anjo foi-se aproximando, a fronte do homem tocou,
Com infinita doçura As magras mãos lhe cerrou...
Era o carinho inefável de quem ao peito o criou.
Era a doçura da amada que amara com mais amor.
Ia adormecendo, e nisto à porta um golpe soou.
Não era pancada forte. Contudo, ele se assustou,
Pois nela uma qualquer coisa de pressagio adivinhou
Levantou-se e junto à porta
- Quem bate? Ele perguntou.
- Sou eu, alguém lhe responde.
- Eu quem? Torna. – A Morte sou.
Um vulto que bem sabia pela mente lhe passou:
Esqueleto armado de foice que a mãe lhe um dia levou.
Guardou-se de abrir a porta, antes ao leito voltou,
E nele os membros gelados cobriu, hirto de pavor.
Mas a porta, manso, manso, se foi abrindo e deixou
Olhar inefável como de quem ao peito o criou.
Sorriso igual ao da amada que amara com mais amor.
- Tu és a Morte? Pergunta. E o Anjo torna: - A Morte sou!
Venho trazer-te descanso do viver que te humilhou.
-Imaginava-te feia, pensava em ti com terror...
És mesmo a Morte? Ele insiste.
- Sim, torna o Anjo, a Morte sou.
E o Anjo foi-se aproximando, a fronte do homem tocou,
Com infinita doçura As magras mãos lhe cerrou...
Era o carinho inefável de quem ao peito o criou.
Era a doçura da amada que amara com mais amor.
Poema "O homem e a morte"de Manuel Bandeira.
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