Ucrânia faz marcha atrás e admite que não existe acordo para cessar-fogo
Presidente ucraniano anunciou acordo com vista a um cessar-fogo permanente, mas o Kremlin já tinha alertado que apenas houve negociações.
A esperança num cessar-fogo permanente no Leste da Ucrânia não durou mais do que quatro horas. Depois de o Presidente ucraniano ter anunciado a existência de um acordo com o Presidente russo com vista ao fim dos combates, um porta-voz de Petro Poroshenko veio mais tarde reconhecer que os dois líderes apenas discutiram o assunto.
Por volta das 9h desta quarta-feira (11h em Kiev), Petro Poroshenko partilhou uma mensagem na rede social Twitter que indicava o caminho para uma solução política no conflito: “Em resultado da minha conversa telefónica com o Presidente russo, chegámos a acordo para um cessar-fogo permanente no Donbass”, escreveu o Presidente ucraniano, referindo-se à região que engloba as províncias de Lugansk e Donetsk.
O comunicado publicado ao mesmo tempo no site da Presidência da Ucrâniatinha o mesmo sentido, embora com uma linguagem um pouco mais cuidada: “A conversa resultou num acordo com vista a um regime de cessar-fogo no Donbass. As partes chegaram a um acordo mútuo sobre os passos que irão permitir o estabelecimento da paz.”
O Presidente russo, Vladimir Putin, não fez qualquer comentário público, delegando no seu porta-voz, Dmitri Peskov, a tarefa de refrear os ânimos.
“Putin e Poroshenko discutiram efectivamente as medidas que contribuiriam para um cessar-fogo entre as milícias e as forças ucranianas. Mas a Rússia não pode negociar um cessar-fogo, porque não é uma parte envolvida no conflito”, declarou Peskov.
A marcha atrás nas declarações de Petro Poroshenko foi feita por um porta-voz da Presidência da Ucrânia, citado pelo The New York Times sob anonimato. Segundo o jornal norte-americano, as autoridades de Kiev vão publicar “em breve” uma “versão revista” do comunicado inicial.
O mesmo porta-voz da Presidência ucraniana confirmou a versão apresentada pelo Kremlin, admitindo que os dois chefes de Estado trocaram pontos de vista sobre a possibilidade de um cessar-fogo, mas que não foi alcançado qualquer acordo formal.
Ainda mais significativas do que a reacção de Moscovo foram as declarações de um conselheiro do vice-primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Andrei Purgin, um dos líderes dos combatentes separatistas que lutam pela independência das províncias de Lugansk e Donetsk.
“Isto é um jogo qualquer por parte de Kiev. É algo completamente inesperado. Foi uma decisão tomada sem o nosso envolvimento”, cita a agência russa RIA Novosti.
Os separatistas consideram “impraticável” qualquer acordo de cessar-fogo que não inclua a retirada das forças leais ao Governo de Kiev da região.
Andrei Purgin é um dos representantes dos separatistas nas conversações que estão a decorrer em Minsk com vista a uma solução pacífica para o conflito. A primeira ronda, que decorreu no dia 1 de Setembro, teve apenas como resultado a marcação de uma nova ronda para a próxima sexta-feira.
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