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Jacinto-de-água, também conhecido entre os especialistas como eichornia, é uma planta invasora, oriunda da América do Sul, que está a dar dores de cabeça no Alentejo. O presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, revela que o combate a esta espécie "está a ser feito a tudo o custo", justificando que se a albufeira for colonizada pelo jacinto-de-água "teremos um desastre ambiental".
A invasora começou por dar sinais de vida no troço espanhol do Guadiana há mais de uma década, onde chegou - por descuido ou propositadamente, segundo os ambientalistas - pela mão humana, mas, apesar do intenso combate feito pelas autoridades do lado de lá da raia e dos 30 milhões de euros investidos, a planta propagou-se ao longo do rio "pintando" o leito de verde até águas nacionais.
"Há cinco anos que fazemos trabalho de prevenção, com instalação de barreiras entre as duas margens do rio. Em outubro já instalámos a quarta linha de defesa" revela José Pedro Salema, admitindo que a instalação das barreiras - feitas em tela e sustendo cerca de meio metro de rede habilitada a travar a passagem da planta - tem sido determinante, mas a EDIA também colocou no terreno uma equipa que durante o verão batia o troço internacional do Guadiana duas vezes por semana.
O calor - temperaturas acima dos 27 graus - agrava a proliferação do jacinto de água e era preciso ter a certeza que as barreiras estavam a recolher todas as plantas. Por vezes há algumas que escapam. "Quando isso acontece temos que ser radicais no combate. Saltamos mesmo para a água e apanhamos as plantas à mão, uma a uma", revela.
O jacinto-de-água é flutuante, exibindo um bolsa oca como se fosse o casco de um barco, com condições para facilmente se multiplicar, viajando em longos cursos de água. Este ano o troço espanhol do rio chegou a ser coberto pela praga em cerca de 175 quilómetros, havendo zonas em que a água não se via, tal era densidade ocupada pela invasora.
A Confederação Hidrográfica do Guadiana estima que durante o verão tenham sido retiradas do troço espanhol cerca de 2 mil toneladas diárias de plantas pelas equipas de combate à infestação, com recurso a maquinaria pesada, como ceifeiras aquáticas. Uma espécie de trator flutuante que precisa apenas de uma profundidade próxima dos 30 centímetros de água para conseguir laborar, retirando as plantas do rio.
Mesmo assim, em meados de outubro, o governo espanhol enviou para o terreno elementos da Unidade Militar de Emergência, habitualmente mobilizados para cenários de tragédia - os mesmos que em 2017 colaboraram no combate aos incêndios de Pedrógão - tendo reunido à sua volta cerca de 400 pessoas no combate ao infestante exótico.
José Pedro Salema admite que a intervenção em Espanha é "muito importante para Portugal", justificando que a tarefa é complexa, porque o Guadiana não tem as condições do Amazonas, onde o jacinto-de-água encontra os "inimigos naturais". Por lá a planta é controlada pelas cheias do rio, que aumenta o caudal em 20 a 30 metros, conduzindo o jacinto-de-água até ao mar, onde acaba por morrer por efeito do sal. Já nas margens do Amazonas a planta serve de alimento prefiro às capivaras.
O jacinto- de-água impede a entrada de luz solar e a oxigenação das águas, com consequências na fauna e flora. Segundo os especialistas, a evaporação de água também passa a ser muito maior que o normal, além de que a decomposição da planta aumenta os níveis de procura química e biológica de oxigénio.
É um processo que costuma ocorrer nesta altura do ano, uma vez que a planta começa a morrer com baixas temperaturas, porque não está preparada para viver no frio. A massa orgânica vai ao fundo, degrada-se e, por consequência, degrada também a qualidade da água.
É sobretudo por esta razão que as autoridades alertam que esta espécie em concreto tem de ser retirada para as margens do rio, podendo ser aproveitado como biomassa para gerar energia, segundo uma autorização especial concedida pela União Europeia. Bruxelas ressalva, contudo, que as empresas estão proibidas de vender ou obter rendimento com as plantas, podendo apenas utilizar o combustível em proveito próprio.
Na Estremadura espanhola a Confederação Hidrográfica do Guadiana optou para aceitar propostas do setor industrial que apontem à remoção da planta com vista à sua erradicação e controlo, o que terá de obedecer a medidas muito rigorosas ao nível do transporte e do seu processamento. As autoridades não querem correr riscos de uma eventual propagação, acrescentando que o produto final - gás ou celulose - não deverá dar qualquer margem de reprodução da planta invasora.
Já em 2015 a Quercus- Associação Nacional de Conservação da Natureza tinha colocado a propagação do jacinto-de-água no Guadiana na lista dos piores factos ambientais do ano, assumindo hoje o dirigente Nuno Sequeira que o cenário se agravou perante a propagação da invasora.
"A boa notícia é que não há relatos de que a planta tenha chegado a jusante da ponte da Ajuda (entre Elvas e Olivença). Porém, o facto de já estar a montante, em território português, torna o tema mais preocupante para o nosso país", sublinha Nuno Sequeira.
O dirigente da Quercus recorre às várias reuniões mantidas com as associações ambientais espanholas, para justificar que todos os registos disponíveis apontam à contínua propagação, que poderá levar o jacinto-de-água a colonizar a albufeira de Alqueva. "Tem um grande poder de adaptação", diz, reconhecendo que "se tem trabalho muito no combate à planta em Espanha e Portugal", na sequência de um projeto financiado pelo programa comunitário Interreg que envolve um investimento de cerca de 5,5 milhões de euros.
Contudo, receia que alguma coisa falhe. "Seria um grande prejuízo para o ambiente, porque iria degradar a qualidade da água, para economia, pesca e turismo", alerta.
Além do Guadiana, o jacinto-de-água já se instalou noutras albufeiras do país, como é o caso daPateira de Fermentelos (Águeda) onde também existe em larga escala desde 2006.
A invasora começou por dar sinais de vida no troço espanhol do Guadiana há mais de uma década, onde chegou - por descuido ou propositadamente, segundo os ambientalistas - pela mão humana, mas, apesar do intenso combate feito pelas autoridades do lado de lá da raia e dos 30 milhões de euros investidos, a planta propagou-se ao longo do rio "pintando" o leito de verde até águas nacionais.
"Há cinco anos que fazemos trabalho de prevenção, com instalação de barreiras entre as duas margens do rio. Em outubro já instalámos a quarta linha de defesa" revela José Pedro Salema, admitindo que a instalação das barreiras - feitas em tela e sustendo cerca de meio metro de rede habilitada a travar a passagem da planta - tem sido determinante, mas a EDIA também colocou no terreno uma equipa que durante o verão batia o troço internacional do Guadiana duas vezes por semana.
O calor - temperaturas acima dos 27 graus - agrava a proliferação do jacinto de água e era preciso ter a certeza que as barreiras estavam a recolher todas as plantas. Por vezes há algumas que escapam. "Quando isso acontece temos que ser radicais no combate. Saltamos mesmo para a água e apanhamos as plantas à mão, uma a uma", revela.
Retiradas mil toneladas de jacinto-de-água
A Confederação Hidrográfica do Guadiana estima que durante o verão tenham sido retiradas do troço espanhol cerca de 2 mil toneladas diárias de plantas pelas equipas de combate à infestação, com recurso a maquinaria pesada, como ceifeiras aquáticas. Uma espécie de trator flutuante que precisa apenas de uma profundidade próxima dos 30 centímetros de água para conseguir laborar, retirando as plantas do rio.
Mesmo assim, em meados de outubro, o governo espanhol enviou para o terreno elementos da Unidade Militar de Emergência, habitualmente mobilizados para cenários de tragédia - os mesmos que em 2017 colaboraram no combate aos incêndios de Pedrógão - tendo reunido à sua volta cerca de 400 pessoas no combate ao infestante exótico.
José Pedro Salema admite que a intervenção em Espanha é "muito importante para Portugal", justificando que a tarefa é complexa, porque o Guadiana não tem as condições do Amazonas, onde o jacinto-de-água encontra os "inimigos naturais". Por lá a planta é controlada pelas cheias do rio, que aumenta o caudal em 20 a 30 metros, conduzindo o jacinto-de-água até ao mar, onde acaba por morrer por efeito do sal. Já nas margens do Amazonas a planta serve de alimento prefiro às capivaras.
Planta impede entrada de luz solar e oxigenação das águas
É um processo que costuma ocorrer nesta altura do ano, uma vez que a planta começa a morrer com baixas temperaturas, porque não está preparada para viver no frio. A massa orgânica vai ao fundo, degrada-se e, por consequência, degrada também a qualidade da água.
É sobretudo por esta razão que as autoridades alertam que esta espécie em concreto tem de ser retirada para as margens do rio, podendo ser aproveitado como biomassa para gerar energia, segundo uma autorização especial concedida pela União Europeia. Bruxelas ressalva, contudo, que as empresas estão proibidas de vender ou obter rendimento com as plantas, podendo apenas utilizar o combustível em proveito próprio.
Na Estremadura espanhola a Confederação Hidrográfica do Guadiana optou para aceitar propostas do setor industrial que apontem à remoção da planta com vista à sua erradicação e controlo, o que terá de obedecer a medidas muito rigorosas ao nível do transporte e do seu processamento. As autoridades não querem correr riscos de uma eventual propagação, acrescentando que o produto final - gás ou celulose - não deverá dar qualquer margem de reprodução da planta invasora.
Já em 2015 a Quercus- Associação Nacional de Conservação da Natureza tinha colocado a propagação do jacinto-de-água no Guadiana na lista dos piores factos ambientais do ano, assumindo hoje o dirigente Nuno Sequeira que o cenário se agravou perante a propagação da invasora.
"A boa notícia é que não há relatos de que a planta tenha chegado a jusante da ponte da Ajuda (entre Elvas e Olivença). Porém, o facto de já estar a montante, em território português, torna o tema mais preocupante para o nosso país", sublinha Nuno Sequeira.
O dirigente da Quercus recorre às várias reuniões mantidas com as associações ambientais espanholas, para justificar que todos os registos disponíveis apontam à contínua propagação, que poderá levar o jacinto-de-água a colonizar a albufeira de Alqueva. "Tem um grande poder de adaptação", diz, reconhecendo que "se tem trabalho muito no combate à planta em Espanha e Portugal", na sequência de um projeto financiado pelo programa comunitário Interreg que envolve um investimento de cerca de 5,5 milhões de euros.
Contudo, receia que alguma coisa falhe. "Seria um grande prejuízo para o ambiente, porque iria degradar a qualidade da água, para economia, pesca e turismo", alerta.
Além do Guadiana, o jacinto-de-água já se instalou noutras albufeiras do país, como é o caso daPateira de Fermentelos (Águeda) onde também existe em larga escala desde 2006.
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