A União Europeia deveria ser como o Canadá, onde a multiplicidade étnica é o factor determinante para a construção de uma identidade nacional. Onde todos os cidadãos, independentemente do seu país de origem, se identificam orgulhosamente como canadianos.
Respondo a Celso Felipe, inusitadamente insensato no Negócios: não sei se deveria e estou certo que não poderia. Não sei se deveria, porque na história do Canadá há vários detalhes esquecidos: do tratamento dado às nações originais, cujas populações ainda hoje são vítimas das mais severas discriminações, ao vulcão adormecido do nacionalismo no Québec.
Sei que não poderia, porque a Europa é um continente composto por múltiplos Estados nacionais consolidados, que continuam a ser as comunidades de destino mais relevantes para a esmagadora maioria. A sua tentativa de unificação degenera sempre em projetos imperiais, em autênticas prisões dos povos, onde impera a lógica disciplinar.
Hoje, temos uma moeda funcional para o neoliberalismo, mas não teremos um orçamento federal que valha 15% do PIB da Zona, nem dívida pública comum, como no Canadá. Experimentem perguntar aos alemães se querem tal coisa, com as responsabilidades financeiras associadas. E eu sei que não quero as contrapartidas políticas que nos aproximem de tal coisa, não quero ser parte de uma nação original, cada vez mais condenada a viver da bondade de estranhos e de baixos salários, o lugar que nos cabe neste projecto.
Por cá, temos e teremos o uso dos instrumentos supranacionais para atentar economicamente contra a soberania dos Estados, e logo contra a democracia, aliás com o apoio de federalistas como Celso Filipe, que gostam de falar de liberdade, mas gostam também das chamadas reformas estruturais, impostas de fora, que diminuem as liberdades dos de baixo.
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