O Governo deverá gastar 700 milhões de euros nos próximos anos na modernização de todos os ramos das Forças Armadas, sobretudo do Exército. O investimento é uma tentativa de colocar algumas áreas da Forças Armadas nacionais a um nível semelhante ao de outros aliados da NATO e vai permitir recorrer à indústria portuguesa no que toca, por exemplo, à construção de aviões de transporte e de navios-patrulha oceânicos.
A notícia é avançada pelo Jornal de Notícias (JN), que cita fontes militares não identificadas e o Ministério da Defesa.
Este reequipamento abrange ao todo 12 programas, nove dos quais aprovados pelo actual ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e alguns já em execução. Foi também Azeredo Lopes quem determinou que cinco destes processos de aquisição seriam geridos pela NATO/NSPA (NATO Support and Procurement Agency), uma novidade.
“A NSPA é uma entidade com muita experiência na área e além disso os processos são sempre acompanhados pelo ramo a que se destina o equipamento”, disse fonte do ministério em resposta aos que criticam o recurso a este "braço" da Aliança Atlântica por temerem que ele limite as contrapartidas para a indústria de defesa nacional.
A intervenção da NATO permitirá ainda “tornar mais ágil o processo de aquisição”, acrescentou a Defesa.
Na lista de compras do Governo, e ainda de acordo com o JN, há 167 viaturas blindadas ligeiras (que custarão 60,8 milhões de euros); 12 drones (seis milhões); 18 mil armas ligeiras, 1700 lança-granadas, 380 caçadeiras e 3400 aparelhos de pontaria (42,8 milhões); cinco a sete helicópteros ligeiros (20,5 milhões); e 47 veículos para comando e controlo, 35 deles blindados (13,3 milhões).
O grosso do investimento é feito em cinco a seis aviões de transporte KC 390, que virão a custar 350 milhões de euros. Há ainda gastos em comunicações (rádios) na ordem dos 7,5 milhões e uma verba significativa destinada à gestão de sistemas de informática, comando e controlo, que deverá ser assegurada por um consórcio português (38 milhões).
Pelo meio há programas que não se destinam à compra de equipamento novo, mas à modernização do que já existe, como no caso de aviões C-130 (29 milhões) e de navios-patrulha que estão já a ser objecto de intervenção no Arsenal do Alfeite.
Para além de contar com o apoio da NATO/NSPA para a compra das armas ligeiras ou de radares e lançadores de mísseis, o Governo prevê fazer este investimento recorrendo a concursos públicos internacionais (será assim no que toca à aquisição dos cinco a sete helicópteros para a Força Aérea, programa cuja execução está prevista até 2020) e a adjudicações directas (os dois navios de patrulha oceânicos serão construídos nos estaleiros de Viana do Castelo e os cinco a seis KC 390 terão o selo da Embraer, empresa de aeronáutica brasileira com fábrica em Évora).
O ramo mais beneficiado com este investimento é o Exército, que segundo as fontes militares ouvidas pelo JN, tem atrasos críticos na modernização dos seus equipamentos, sobretudo no campo das armas ligeiras e no da detecção de ameaças. Há 20 anos que esperam, por exemplo, pela substituição das G-3, uma espingarda automática que entrou ao serviço na década de 1960 e já não se fabrica.
A execução destes programas de reequipamento vai, pelo menos, até 2026. Ainda decorrem negociações com a Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, para determinar quando serão entregues os aviões KC 390.
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