Francisco Louçã descarta critérios políticos na sua escolha pelo governo para o conselho consultivo do BdP
Francisco Louçã nega que tenham existido critérios políticos ou partidários na sua escolha pelo governo para integrar o conselho consultivo do Banco de Portugal (BdP). Mas o ex-coordenador do BE admitiu ao DN que "pode ser interessante ter opiniões fora da ortodoxia monetária que beneficiem da teoria económica".
O nome do economista e professor universitário para estas funções não remuneradas foi ontem conhecido. Por proposta do ministro das Finanças, Mário Centeno, foram aprovados em Conselho de Ministros também os nomes de Murteira Nabo, ex-ministro do XII Governo Constitucional ex-presidente da Galp e da PT, João Talone, ex-presidente executivo da EDP, e Luís Nazaré, ex-presidente dos CTT e da Plataforma de Meios Privados.
"As questões políticas ou partidárias não têm qualquer relevância. É um conselho consultivo não remunerado, que emite um parecer, por isso admito que tenham sido relevantes as questões técnicas e académicas", sublinhou Francisco Louçã ao DN, quando questionado se sentiu que na sua escolha tinham tido peso as suas qualidades técnicas mas também políticas.
Em resposta à mesma questão, o gabinete do primeiro-ministro afasta a preponderância de critérios políticos nesta opção, remetendo para o comunicado do Conselho de Ministros sobre o assunto, no qual está expressa a fundamentação da escolha dos quatro economistas e gestores: "Pela reconhecida competência em matérias económico-financeiras e empresariais."
Na mesma linha segue o BE. "A nomeação de Francisco Louçã para o conselho consultivo do BdP é uma decisão da exclusiva responsabilidade do governo. Consideramos que as suas reconhecidas competências constituem um contributo para o trabalho deste órgão, que deve ter um acompanhamento empenhado na gestão dos sistemas monetário e financeiro", salientou fonte oficial da direção.
Murteira Nabo, João Talone e Luís Nazaré são figuras do chamado "centrão" político e Francisco Louçã está ideologicamente na extrema esquerda. Poderá ser entendida esta escolha do governo como uma tentativa de dotar, pela primeira vez, este conselho consultivo de uma visão ideológica mais alargada? Francisco Louçã acredita que "a ideologia não tem relevância" neste caso. No entanto, crê que "pode ser interessante ter opiniões fora da ortodoxia monetária e que beneficiem a teoria económica". Os elementos deste conselho consultivo pronunciam-se, não vinculativamente, sobre o relatório anual do banco e sobre a atuação deste, bem como sobre outros assuntos submetidos pelo governador ou pelo conselho de administração.
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