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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Nota introdutória a dois textos, um de Satyajit Das e o outro de Matt O’Brien


Dois textos datados, um, o de Satyajit Das, de antes do acordo fatídico de 12 de Julho, e o segundo, de Matt  O’Brien, do início de Agosto. Dois textos que vale a pena ler de seguida em torno do drama que é a agonia  da Grécia, sufocada até à morte pelos psicopatas sociais que  presidem aos destinos da Europa  e  por aqueles que por múltiplas razões poderão estar disponíveis para trair  o seu país. Trata-se em conjunto de figuras  políticas que em termos de maldade e de desumanidade  parecem ultrapassar figuras  tão sinistras como  Hjalmar Schacht, o homem do Banco Central alemão sob Hitler,  Vincent Krogmann, o homem que não chegou a ser ministro da Economia na mesma data por pressão do primeiro, Von Papen,   o aristocrata que está na base da ascensão de Hitler ao poder,  o general Blomberg, homem do rearmamento alemão sob Hitler ou ainda Wilhelm  Keppler, conselheiro especial de Hitler, homens que deixaram para sempre e no pior sentido, a sua marca na História. Os paralelos são distorcidos mas que a História rima, rima. O texto de Satyajit Das faz uma revisão dos problemas da Grécia e da necessidade de um New Deal como porta de saída, em vez do estrangulamento a que a Grécia tem estado sujeito. O segundo texto, o texto de Matt O’Brien, mostra porque razão Tsipras teve necessariamente de capitular naquela noite .   A  zona euro , todos menos 1, em vez do jogo da cooperação do dilema do prisioneiro, passaram a jogar ao limite da loucura o jogo da galinha na sua forma mais agressiva. Dois carros em sentido contrário e conduzidos à sua velocidade máxima  numa pista de uma só via, um Fiat 500 conduzido por Tsipras e um camião da Mercedes-Benz de muitas toneladas conduzido por Schäuble e carregado com os restantes parceiros da UEM.  Quem salta desta louca corrida, desistindo da corrida de morte? Salta  um, salta o  outro? Ou param os dois veículos a corrida e deixa de haver corrida a milímetros da morte eventual dos dois? Ou, pelo contrário,  o camionista do Mercedes admite a morte dos dois mas com a certeza de que o outro necessariamente morre, enquanto ele, pela estrutura do camião que vem  reforçado com a grande almofada para o euro que é  a quantitative easing, pode ficar fortemente abalado, mas irá  recuperar dentro de uma, duas semanas, e  por isso mesmo, acelera a fundo?   Tsipras estaria convencido da  força da sua razão e da sua certeza e de que, no fundo,  mesmo os assassinos sociais são homens. Foi empurrado para o jogo. Sem escapatória e um dado foi aqui brutalmente jogado fora  pelo  camionista do camião europeu. Este sabe, pela força da almofada que é o quantitative easing,  que à mínima pressão do vento o Fiat 500 abana, e com um deslizar do seu camião para dentro  pode fazer rebentar o carrinho do adversário. O camionista alemão  não hesita, acompanhado  pelos seus lacaios da zona euro. E Tsipras  é vergonhosamente  levado a rebentar. Mas com isso salva de imediato o seu povo. Não o ignoremos, asfixiado que este povo estava a ser pelas Instituições Europeus, a sua morte como país era para breve, para muito breve, como explica  O’Brien.. Duvido sinceramente que naquele momento alguém pudesse fazer diferente do que ele fez, sem ser por loucura. É de tudo isto que nos fala o texto de Matt O’Brien.

Quanto a Tsipras, depois do resgate de agora, Agosto,  veremos então  qual irá ser o seu trajecto, se o destino, as circunstância a que alude Marx e a sua postura face a estas,   lhe reservam  o papel de Hércules ou o papel de ser mais um Papandreu, pago a 40 mil euros mensais para ficar calado.

Faro, 22 de Agosto de 2015.

Júlio Marques Mota

http://aviagemdosargonautas.net/

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