Dois textos datados, um, o de Satyajit Das, de antes do acordo fatídico de 12 de Julho, e o segundo, de Matt O’Brien, do início de Agosto. Dois textos que vale a pena ler de seguida em torno do drama que é a agonia da Grécia, sufocada até à morte pelos psicopatas sociais que presidem aos destinos da Europa e por aqueles que por múltiplas razões poderão estar disponíveis para trair o seu país. Trata-se em conjunto de figuras políticas que em termos de maldade e de desumanidade parecem ultrapassar figuras tão sinistras como Hjalmar Schacht, o homem do Banco Central alemão sob Hitler, Vincent Krogmann, o homem que não chegou a ser ministro da Economia na mesma data por pressão do primeiro, Von Papen, o aristocrata que está na base da ascensão de Hitler ao poder, o general Blomberg, homem do rearmamento alemão sob Hitler ou ainda Wilhelm Keppler, conselheiro especial de Hitler, homens que deixaram para sempre e no pior sentido, a sua marca na História. Os paralelos são distorcidos mas que a História rima, rima. O texto de Satyajit Das faz uma revisão dos problemas da Grécia e da necessidade de um New Deal como porta de saída, em vez do estrangulamento a que a Grécia tem estado sujeito. O segundo texto, o texto de Matt O’Brien, mostra porque razão Tsipras teve necessariamente de capitular naquela noite . A zona euro , todos menos 1, em vez do jogo da cooperação do dilema do prisioneiro, passaram a jogar ao limite da loucura o jogo da galinha na sua forma mais agressiva. Dois carros em sentido contrário e conduzidos à sua velocidade máxima numa pista de uma só via, um Fiat 500 conduzido por Tsipras e um camião da Mercedes-Benz de muitas toneladas conduzido por Schäuble e carregado com os restantes parceiros da UEM. Quem salta desta louca corrida, desistindo da corrida de morte? Salta um, salta o outro? Ou param os dois veículos a corrida e deixa de haver corrida a milímetros da morte eventual dos dois? Ou, pelo contrário, o camionista do Mercedes admite a morte dos dois mas com a certeza de que o outro necessariamente morre, enquanto ele, pela estrutura do camião que vem reforçado com a grande almofada para o euro que é a quantitative easing, pode ficar fortemente abalado, mas irá recuperar dentro de uma, duas semanas, e por isso mesmo, acelera a fundo? Tsipras estaria convencido da força da sua razão e da sua certeza e de que, no fundo, mesmo os assassinos sociais são homens. Foi empurrado para o jogo. Sem escapatória e um dado foi aqui brutalmente jogado fora pelo camionista do camião europeu. Este sabe, pela força da almofada que é o quantitative easing, que à mínima pressão do vento o Fiat 500 abana, e com um deslizar do seu camião para dentro pode fazer rebentar o carrinho do adversário. O camionista alemão não hesita, acompanhado pelos seus lacaios da zona euro. E Tsipras é vergonhosamente levado a rebentar. Mas com isso salva de imediato o seu povo. Não o ignoremos, asfixiado que este povo estava a ser pelas Instituições Europeus, a sua morte como país era para breve, para muito breve, como explica O’Brien.. Duvido sinceramente que naquele momento alguém pudesse fazer diferente do que ele fez, sem ser por loucura. É de tudo isto que nos fala o texto de Matt O’Brien.
Quanto a Tsipras, depois do resgate de agora, Agosto, veremos então qual irá ser o seu trajecto, se o destino, as circunstância a que alude Marx e a sua postura face a estas, lhe reservam o papel de Hércules ou o papel de ser mais um Papandreu, pago a 40 mil euros mensais para ficar calado.
Faro, 22 de Agosto de 2015.
Júlio Marques Mota
http://aviagemdosargonautas.net/
Sem comentários:
Enviar um comentário