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terça-feira, 12 de novembro de 2013

O MEDO E O ÓDIO - A xenofobia existe desde os tempos imemoriais! Desde que os primeiros homens encontravam grupos diferentes e lhe arremessavam com as lanças... Sentimento primário, pois, instintivo, de defesa da comunidade.

O MEDO E O ÓDIO


óleo de Ceija Stojka, cigana e sobrevivente dos campos


 A xenofobia existe desde os tempos imemoriais! Desde que os primeiros homens encontravam grupos diferentes e lhe arremessavam com as lanças... Sentimento primário, pois,  instintivo, de defesa da comunidade.

Tenderia a extinguir-se, com a civilização, com a sabedoria?, pergunto eu. Mas tal não se verificou. Esse sentimento continua, escondido por outras palavras, mas é sempre a fobia do outro, o medo e o ódio  do que é diferente e é fácil aos manobradores detrás das massas, algumas ignorantes de tudo, multidões cegas em que está alterado o sentido do real.

Vem isto a propósito de um artigo de Jean Daniel, no Nouvel Observateur de 24-30 Outubro, intitulado exactamente O medo e o ódio...

Referia a expulsão de uma família de Roms, em França, família de que fazia parte uma jovem escolarizada, o que causou uma grande agitação. 


É a propósito dos ciganos, que Jean Daniel vai citar um escritor nosso conhecido: Gustave Flaubert.

Flaubert escrevera (creio que na Correspondência, mas não descobri exactamente onde)  depois  de uma visita  a um acampamento de ciganos, em Rouen, sua terra natal:


É o ódio que se tem ao Beduíno, ao Herético, ao Filósofo, ao Solitário, ao Poeta. E há medo nesse ódio. A mim que estou sempre do lado das minorias, exaspera-me. No dia em que deixar de me indignar, caio para o lado, como uma boneca sem apoio.”
Ciganos, foto de Hans Silvester


E  Jean Daniel continua :


Flaubert tem uma razão esmagadora. O povo sem terra ao qual os músicos tanto devem, este povo ofendido, humilhado e desprezado há séculos merece ser reabilitado, reconhecido e justificado. Claro que nem todos os Roms são músicos. Não basta ser Rom para ser um anjo, nem devemos cair na afirmação oposta que conduz a dizer que “são todos maravilhosos”, afirmação quanto a mim tão perigosa como dizer “todos ladrões.”

Acampamento cercado, Ceija Stojka

Senti-me perfeitamente de acordo com Jean Daniel!

Um pouco de bom senso e compreensão e inteligência das coisas é necessário. Sempre atentos ao que se esconde detrás de certas fórmulas como essa “os ciganos são ladrões”... 

São, ou não são, exactamente como todos os outros povos!

falcaodejade.blogspot.pt

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