Berlusconi diz que os seus filhos “se sentem como judeus no tempo de Hitler”
Comparação do primeiro-ministro indigna comunidade judaica italiana.
Silvio Berlusconi afirma que os seus filhos “se sentem como os judeus no tempo de Hitler”. A declaração, com a qual o antigo chefe do Governo italiano ilustra as já conhecidas queixas de perseguição por “magistrados de esquerda”, causou a indignação da comunidade judaica do país.
“Os meus filhos dizem que se sentem como se deviam sentir as famílias judias na Alemanha, no regime de Hitler. Temos toda a gente contra nós”, disse, em resposta a um jornalista de televisão, Bruno Vespa, num livro que vai ser publicado, e de que têm vindo a ser divulgados extractos.
A declaração, divulgada na quarta-feira, foi feita em resposta a uma pergunta sobre se os cinco filhos lhe tinham pedido para vender o império de media e deixar Itália para escapar aos repetidos problemas com a Justiça. Mais tarde, a resposta de Berlusconi foi colocada no site do seu partido, a Forza Italia.
“É não só inapropriado e incompreensível, mas ofensivo”, comentou Renzo Gattegna, líder da união das comunidades judaicas italianas.
Também partidos de esquerda reagiram. “Berslusconi devia ter vergonha e pedir perdão pela comparação”, disse Emanuele Fiano, do Partido Democrata, principal força de esquerda.
Berslusconi reagiu mais tarde às críticas invocando a amizade e apoio que deu a Israel enquanto primeiro-ministro. “Não deixam dúvidas sobre a minha consciência da tragédia do Holocausto e respeito pelo povo judeu”, disse.
A Alemanha nazi matou cerca de seis milhões de judeus no Holocausto da II Guerra Mundial.
Berlusconi, 77 anos, que há anos tem problemas com a Justiça, foi condenado, em Agosto, sem possibilidade de apelo, a um ano prisão por fraude fiscal. Em Outubro foi-lhe aplicada uma pena de dois anos de interdição de exercício de funções públicas — decisão que, para produzir efeitos, terá de ser votada pelo Senado, a que pertence. Uma comissão do Senado já votou a sua expulsão, mas a decisão terá de ser confirmada, ou não, pelo plenário da câmara alta.
O antigo primeiro-ministro, cujo partido integra a actual coligação de Governo, espera também o recurso que apresentou a umasentença de sete anos de prisão por abuso de poder e prostituição de menores, no caso Ruby.
Na resposta a Bruno Vespa, Berlusconi afasta a hipótese de deixar o país — “É o meu país, o país que eu amo, e no que tenho tudo: a minha família, os meus amigos, as empresas, a casa. Não admito a possibilidade de deixar a Itália”, disse.
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