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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sexo, mentiras e Pepsi Virgolina, uma virgem batida de meia-idade, sentou-se e pediu uma Coca-Cola. O empregado, alto e loiro, questionou com ar trocista: - Coca-Cola não temos. Pode ser Pepsi?

Sexo, mentiras e Pepsi


Virgolina, uma virgem batida de meia-idade, sentou-se e pediu uma Coca-Cola. O empregado, alto e loiro, questionou com ar trocista:
- Coca-Cola não temos. Pode ser Pepsi?
- Pode  – respondeu Virgolina olhando para o relógio, como se esperasse alguém.
O empregado colocou sobre a mesa a lata de refrigerante, um copo com uma rodela de limão e uma palhinha.
Virgolina encheu o copo, ignorou a palhinha e bebeu o conteúdo de um trago. As borbulhas gás precipitaram-se no estômago vazio fazendo-a estremecer e ser invadida interiormente por uma náusea momentânea. Sentiu o refluxo em forma de gás e soltou um vibrante e sonoro arroto, que pareceu prolongar-se por infindáveis segundos. Todos os olhares de reprovação e censura das mesas circundantes fixaram-se nela e Virgolina sentiu necessidade de se explicar e de tomar uma posição firme:
- Nunca bebam Pepsi! Esta bebida é horrível e fez-me arrotar sem querer. Que porcaria… por favor passem esta mensagem, que ninguém beba Pepsi! É importante que todos se unam e nunca mais bebam Pepsi!
- Com licença?! – advertiu uma sexagenária que comia uma torrada a duas mesas de distância.
- Perdão minha senhora. Com licença – retorquiu Virgolina envergonhada mas com uma pequena sensação de gozo, a de ter desferido uma estocada fatal no refrigerante inconveniente, que agora iria sentir nas vendas o resultado da sua indignação. Ela tinha a certeza que o movimento iria crescer e tornar-se imparável. Prova disso era a manifestação espontânea de apoio que acabava de testemunhar ao ver as pessoas quase mecanicamente e em simultâneo a erguerem o punho cerrado enquanto gritavam em uníssono – Pepsi nunca mais! Pepsi nunca mais! Pepsi nunca mais!
Alguns segundos depois chegava Coelho, um tipo execrável que habitualmente abusava dela. Pegou-lhe no braço com brusquidão e arrastou-a para a casa de banho contra a sua vontade. Subiu-lhe a saia e arrancou-lhe as cuecas, empurrando-a contra a parede fria. Virgolina implorou, usando o argumento recorrente:
- Não! Não! Por favor não, que eu sou virgem!…
Coelho respondeu indiferente:
- Pois que seja, vou-te sodomizar outra vez. Como habitualmente…
Pouco depois de Coelho ter abandonado a casa de banho com ar indiferente, Virgolina saíu do pequeno cubículo envergonhada, procurando algum sinal de compaixão nos rostos que momentos antes tinham reprovado o seu comportamento mas que depois lhe tinham dado a sua solidariedade. Mas não, nem um olhar de complacência. A nota dominante era uma espécie de torpor colectivo e um estranho esforço de indiferença.
Virgolina sentiu vontade de gritar, de pedir ajuda para denunciar o abusador, para o desmascarar, para o castigar, mas conteve dentro de si toda a raiva e humilhação. Afinal arrotar inadvertidamente em público era bem mais desconcertante do que ser sodomizada em segredo por Coelho. Pelo menos continuava virgem.
Sentou-se novamente à mesa e pediu uma 7UP. Sete, o número de Cristiano Ronaldo, o melhor do mundo. A ideia reconfortou-a, mesmo sabendo que o refrigerante era rico em gás.



o-conto-do-vigario.blogspot.pt

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