TODAS MÃES
O momento foi breve, mas foi um compêndio de compaixão rácica e de absoluta ineficácia sentimental planetária.
Uma jornalista da BBC entrevista, ao telefone, a mãe de uma menina manchesteriana, de 15 anos apenas, desaparecida no ataque nauseabundo de ontem. O seu desespero interior será incalculável por outro ser humano, pois só ela pode avaliar aquele sentir específico.
Sem alardes, como fazem os canais lusos, aqueles minutos foram de uma dureza terrível, o clima era irrespirável e a jornalista fez questão de realçar, para o mundo, o sofrimento inaudito (reforço eu de novo) daquela mulher inglesa no limite da dor.
Logo a minha solidariedade se prolongou a outros territórios da Humanidade, onde milhares de outras mães desesperam e sofrem a perda das suas crias, tantas vezes esfaceladas, desconstruídas, selvaticamente trucidadas. Lembrei-me delas no Iémen, no Afeganistão, na Nigéria, na Síria, “hélas”…
Com fastio, nesses casos, a BBC dá nota monocórdica de uns tantos(as) que morreram em luta contra a “liberdade”, contra os desígnios do “bem” e do Ocidente.
Guilherme Antunes (facebook)
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