"Não andou bem o governo do PS nesta matéria [da CGD] e andou também muito mal quando entregou o Banif ao maior banco espanhol a preço de saldo e com pesados encargos para o erário público e o Novo Banco a um fundo de investimento americano, ao mesmo tempo que adiava o prazo de pagamento da banca privada de 4,9 mil milhões de euros ao fundo de resolução do BES, por 30 anos", afirmou o líder comunista.
Jerónimo de Sousa falava em Seia, no distrito da Guarda, num almoço da Coligação Democrática Unitária (CDU), que juntou cerca de 200 militantes, após a presidente da Junta de Freguesia de Almeida, Fátima Gomes (CDU), ter falado da luta da população contra o encerramento do balcão local da CGD.
No seu discurso disse que "para o capital há sempre tempo e espaço, para aqueles que hoje lutam pelos seus direitos e interesses, como a população de Almeida, isso aí atrasa, atrasa, atrasa sempre".
"Defendemos a recapitalização da Caixa como uma necessidade estratégica para a sua defesa e desenvolvimento como banco público ao serviço do povo e do país, mas não poderíamos, nem podemos aceitar um plano de reestruturação assente em centenas de despedimentos e no encerramento de dezenas de balcões", afirmou o líder do PCP.
Acrescentou que o partido também não aceita "a solução que impôs a União Europeia, e o Governo PS aceitou, que o obriga à emissão da dívida com uma taxa de juro de 10%".
"As dificuldades por que tem passado a Caixa não estão no número de balcões, nem no número de trabalhadores. Essas dificuldades têm origem na forma como foi gerida a carteira de crédito, nos créditos concedidos aos amigalhaços, sem nenhuma garantia de reembolso, nos negócios ruinosos, como aconteceu com o negócio de Espanha, entre outros", afirmou Jerónimo de Sousa.
Observou ainda que "não foram os trabalhadores, nem as populações os responsáveis pela situação, pelo que não podiam, nem podem ser eles a ser penalizados".
O líder do PCP disse também que o problema do encerramento da agência da CGD de Almeida revela que ainda é necessário "continuar a lutar para inverter o inquietante processo de desertificação, declínio social, de estagnação de regressão económica que a política de direita promoveu durante todos estes últimos anos".
O fecho da agência de Almeida faz parte do plano da CGD para encerrar 61 agências por todo o país e consta da reestruturação do banco público acordada com a Comissão Europeia, na sequência da recapitalização de cerca de 5.000 milhões de euros.
Com o fecho do balcão de Almeida, já efetuado, os habitantes têm de se deslocar a Vilar Formoso, que dista cerca de 15 quilómetros da sede de concelho, o que tem motivado protestos.
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