Paira no ar uma euforia pouco sustentável
1. Portugal é, no contexto europeu, uma pequena economia, dependente da marcha dos negócios na UE. Depois das crises económicas e financeiras de 1977 e 1983/85 veio a de 1993/95, já com Portugal na UE, tal como aconteceu em 2003 e depois, o descalabro de 2011 e anos seguintes. Anos atrás a essa marcha irregular, chamava-se o “stop and go”; e o último stop foi muito longo e o go, promete ver o semáforo vermelho rapidamente
2. A pequenez e a relação estreita com a UE, mormente Espanha, Alemanha e França não permitem grande auto-sustentação; a euforia a propósito do PIB tem poucas causas internas e muita dependência externa
3. A relação entre o euro e o dólar tem sido objeto de poucas mudanças consolidadas, pese embora o alarmismo dos analistas das bolsas. A situação política nos EUA tem afetado o país e gera cautelas e suspense nos ditos “mercados” financeiros. Por outro lado, grande parte das relações comerciais na UE, sobretudo na zona euro, são internas, tornando os países membros relativamente imunes às pequenas variações do dólar
4. A alegria do turismo revela Portugal como país de refúgio de capitais de origem duvidosa, gera empregos de baixas remunerações, precários e sazonais e tem forte componente importada. Mesmo com a superstar Francisco os levantamentos de dinheiro em Fátima cresceram apenas 9% face ao ano anterior
5. Associado ao turismo vai-se gerando uma nova bolha imobiliária que, como todas as bolhas vai acabar mal, como aconteceu no princípio da década, causando falências, malparado na banca, entretanto sanado com dinheiro público, bem como um enorme desemprego, disfarçado pela emigração
6. Draghi tem sido um santo em manter o quantitative easing que permite financiamento da dívida pública a baixas taxas e que irá permitir antecipar o pagamento de alguma dívida ao FMI; sem que entretanto tenha havido qualquer redução da dívida pública, antes pelo contrário. E se Draghi fechar a torneira, para que nível irão as taxas de juro para Portugal? Oremus!
7. Se o investimento se mantiver ancorado na construção e no imobiliário a próxima crise surgirá dentro de pouco tempo. E a habitual e saloia euforia na compra de automóvel, inflaciona a rubrica investimento mas é como uma bebedeira; não evita a ressaca
8. E para terminar, 25% da população é pobre e o rendimento médio em Portugal fica em cerca de metade do observado para a média europeia. Portugal continua na senda habitual de sempre – sol e baixos salários
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