Rui Sá *
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Não era preciso saber ler os astros para prever o que, mais cedo ou mais tarde, iria acontecer na Escola Secundária Alexandre Herculano: o seu encerramento por força das degradantes condições em que estava a funcionar.
É evidente que o que mais custa é ver como uma escola com o prestígio e a história do "Alexandre" chegou a este ponto, com centenas de alunos, professores e funcionários obrigados a estudarem e trabalharem em condições vergonhosas. Situação que ocorre num quadro de diminuição do número de alunos, incentivada, aliás, pelas suas péssimas condições de funcionamento. O facto de o Governo PSD/CDS ter cancelado, em 2011, as obras previstas desde 2009 mais não significava do que a intenção, dissimulada, de fechar mais uma escola pública, tal como fez em todo o país e que, no Porto, tem outro expoente: a condenação à morte lenta do "meu" Infante.
Mas, desculpem-me os alunos, os pais, os professores e os funcionários do "Alexandre", maior vergonha do que o encerramento da escola é a hipocrisia com que o assunto tem sido tratado por diversos agentes políticos, pelo Governo e pela Câmara do Porto.
Rui Moreira, naturalmente incomodado porque, afinal e apesar da propaganda, no Porto, e em plena zona oriental (aquela que diz ser a sua prioridade...) há uma escola a funcionar nestas condições, procura sacudir a água do capote: "a culpa é do Governo"!
O Governo vem ao Porto dizer que, afinal, a Câmara é que tem a faca e o queijo na mão, dado que tem verbas inscritas nos fundos comunitários para recuperar a escola!
Os dirigentes do PSD e do CDS, principais responsáveis pelo cancelamento das obras, vociferam, agora, contra o estado a que a escola chegou, dizendo que a culpa é do Governo (até porque o CDS está na Câmara e parte do PSD também)!...
E o PS vê a careca a descoberto porque, afinal, e apesar das promessas e declaração de intenções, nada fez para além do show off. E a dureza desta crítica justifica-se porque o PS, em maio de 2016, levou ao "Alexandre" os seus deputados e vereadores da Câmara do Porto, lançou a petição pública "Não deixamos cair o Alexandre" e o líder da sua Concelhia e deputado afirmou que é tempo "para o Porto e para os responsáveis políticos se unirem em torno desta causa" apresentando garantias de que iria agendar uma reunião formal com o Ministério da Educação, "na qualidade de deputado do PS Porto e forçar a um compromisso do Governo". Pelos vistos, 8 meses passados e nada resultou, apesar do PS estar no Governo e ter imensas responsabilidades na Câmara do Porto...
Parece-me evidente que a resolução do problema passa pelo Governo, que tem a seu cargo a responsabilidade pela manutenção das escolas secundárias. Se a Câmara pode apresentar uma candidatura aos fundos comunitários, que o faça, mas naturalmente que a diferença entre o financiamento e o custo da obra tem de ser coberta pelo Orçamento do Estado. Atuem! E, por favor, poupem-nos a este indecoroso espetáculo!
*ENGENHEIRO
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