Remoção acontece em meio a protestos de colonos israelenses estabelecidos em terras privadas palestinas; ministro da Educação de Israel defende anexação total da Cisjordânia
Forças de segurança israelenses iniciaram nesta quarta-feira (01/02) a remoção dos colonos do assentamento judaico de Amona, construído em território palestino ocupado na Cisjordânia. A operação acontece em meio a protestos dos moradores do local e confrontos entre manifestantes e polícia.
Embora todos os assentamentos israelenses em território palestino sejam considerados ilegais perante a legislação internacional, a colônia de Amona foi declarada ilegal pela Justiça israelense por estar localizada em terrenos de propriedade privada palestina.
A ordem de remoção foi sentenciada pela Alta Corte de Justiça de Israel em 2014. Desde então, o governo israelense conseguiu vários adiamentos, até que na terça-feira (31/01) a corte ordenou que sua sentença fosse cumprida em 48 horas.
O Exército israelense ordenou que os moradores desocupassem o local, mas até o momento somente nove das 42 famílias que vivem no assentamento saíram pacificamente.
Assentamento de Amona, na Cisjordânia, está sendo removido pela polícia israelense
Dezenas de jovens que foram ao local nos últimos dois dias para mostrar seu apoio e resistir à expulsão entraram em confronto com a polícia, atearam fogo em pneus e acenderam fogueiras.
"A polícia continua negociando com os líderes da comunidade para convencê-los a sair", afirmou o porta-voz policial, Micky Rosenfeld. "Não está sendo uma evacuação pacífica. Atiram pedras, líquido ácido e há oficiais feridos", acrescentou.
Segundo o plano estipulado, a polícia removerá hoje todas as famílias e fechará as casas, que devem ser demolidas amanhã. O governo israelense apresentou uma proposta de realocação em terras próximas, também em território palestino ocupado.
"A polícia continua negociando com os líderes da comunidade para convencê-los a sair", afirmou o porta-voz policial, Micky Rosenfeld. "Não está sendo uma evacuação pacífica. Atiram pedras, líquido ácido e há oficiais feridos", acrescentou.
Segundo o plano estipulado, a polícia removerá hoje todas as famílias e fechará as casas, que devem ser demolidas amanhã. O governo israelense apresentou uma proposta de realocação em terras próximas, também em território palestino ocupado.
Assentamento de Amona, na Cisjordânia, está sendo removido pela polícia israelense
O ministro de Educação israelense, Naftali Bennett, disse que os israelenses em Amona são “heróis” e defendeu a anexação total da Cisjordânia por Israel.
Após o início da “dolorosa” ação policial, Bennett afirmou que “das ruínas de Amona será construído um novo assentamento”. “Da derrota legal, vamos estabelecer um novo regime legal que irá regular todos os assentamentos, e desta perda vamos começar a aplicar a soberania do Estado de Israel em toda a Judeia e Samaria [denominação de Israel para a Cisjordânia]”.
Parlamento debate projeto de lei para legalizar 4 mil casas israelenses em território palestino
O parlamento israelense começou a debater nesta terça-feira (31/01) um projeto de lei para legalizar retroativamente cerca de 4 mil casas em construídas em território palestino e criticado pela ONU em dezembro de 2016. “Se promulgado, [o projeto de lei] teria consequências de longo alcance e prejudicaria gravemente a reputação de Israel”, disse o alto-comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.
Zeid ainda afirmou que todos os assentamentos, independentemente se foram construídos com a aprovação ou não das autoridades israelenses, são “claramente e inequivocamente ilegais de acordo com a legislação internacional e constituem um dos principais obstáculos para a paz.
Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, disse sobre o avanço dos assentamentos israelenses que as Nações Unidas estão “prontas para apoiar o processo” de negociação da solução de dois Estados para a questão palestina.
“Mais uma vez, advertimos contra qualquer ação unilateral que pode ser um obstáculo à negociação de uma solução de dois Estados e apelamos às duas partes que voltem às negociações com base em resoluções do Conselho de Segurança e de acordo com a legislação internacional”, declarou em um comunicado.
Israel autoriza mais de 3 mil casas na Cisjordânia
O governo palestino e a ONU condenaram nesta quarta-feira (01/02) a aprovação por Israel de mais de 3 mil casas na Cisjordânia, anunciado na terça-feira pelo ministro de Defesa israelense, Avigdor Lieberman.
O porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), afirmou que a medida desafia as resoluções da ONU e a legislação internacional. “Apelamos ao governo dos EUA a conter a esta política do governo israelense, que destruirá o processo de paz", disse em um comunicado Nabil Abu Rudeineh, porta-voz de Abbas.
Casas em construção no assentamento israelense de Ma'ale Adumim, no território palestino ocupado da Cisjordânia
Por sua vez, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou na semana passada, quando o governo israelense aprovou a construção de outras 2.500 casas, que a presidência de Trump é uma "oportunidade formidável" depois das "enormes pressões" impostas pelo governo Obama. "Construímos e continuaremos construindo", declarou.
Saeb Erekat, secretário-geral do comitê executivo da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), acionou o TPI (Tribunal Penal Internacional) para abrir uma investigação imediata sobre a política de assentamentos de Israel.
“Israel continua a sistematicamente violar os direitos do povo palestino e a dar luz verde e apoio aos colonos para que tomem mais terras palestinas e para aterrorizar a população palestina. Esta situação imoral não deve continuar a ser tolerada pela comunidade internacional. Isto tem que terminar”, disse Erekat em um comunicado.
Entre as 3 mil casas autorizadas nesta terça-feira, mais de 2 mil já estão prontas e o restante está em construção, segundo a agência de notícias Wafa. Os imóveis serão construídos em Alfei Menashe (700), Oranit (200), Nofim (50), Beit Arye (650), Efrat (30), Nokdim (150), Givat Ze'ev (150), Shavei Shomron (70), Karnei Shomron (100), Shilo (100), Metzudot Yehuda (100), Kfar Eldad (80) e Beitar Illit (650).
*Com Agência Efe
operamundi.uol.com.br
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