A Associação de Combate à Precariedade – Precários Inflexíveis participou na conferência “Necessary changes ahead Climate challenges and the trade union response”, organizada pelo grupo parlamentar europeu GUE/NGL em cooperação com a Tune (Trade Unionist Network Europe), organizada a 18 e 19 de novembro de 2015.
Esta conferência abordou temas como as alterações climáticas e a resposta necessária por parte dos sindicatos; a resposta concreta de sindicatos à austeridade; o TTIP e a implicação para o movimento dos trabalhadores; a organização internacional de sindicatos e por fim o que se prevê a nível de políticas europeias para o trabalho e sindicatos. Várias organizações da Itália, Estado Espanhol, Dinamarca, Finlândia, Croácia, França, República Checa, Noruega, Alemanha, Suécia, Chipre e Roménia estiveram presentes e contribuíram para o debate das necessárias mudanças a nível do trabalho sindical para os tempos que correm.
Climate Changes and Trade Union Responses
De destacar a conclusão de que é necessária uma aposta na introdução da temática das alterações climáticas no discurso e prática sindical de toda a europa, uma vez que a luta pela justiça climática está intimamente ligada com a luta pela justiça social, pelo pleno emprego, pela defesa dos bens públicos, pela segurança alimentar e pela autodeterminação das pessoas. A capacidade de influência dos sindicatos nesta questão é neste momento diminuta, mas pode modificar consideravelmente no futuro. “Existe neste momento um deficit de ambição por parte dos sindicatos que não reconhecem a necessidade de uma reestruturação radical da economia política de forma a alcançar os objetivos climáticos de forma a garantir uma verdadeira sustentabilidade. O esforço de interligar o clima com questões de classe, incluindo a austeridade, desigualdade, militarismo e guerra, ainda mal começou.” (Sean Sweeney, ph. d, Trade Unions for Energy Democracy, City University, New York.) Sentiu-se, porém, que os sindicatos mostram-se ainda vulneráveis ao argumento de que a introdução de medidas climáticas poderão traduzir-se numa extinção ou quebra de postos de trabalho e a questão clima vs produtivismo não deixou de se tocar, o que foi refutado não só com a efetiva criação de novos postos de trabalho, mas também com a reconversão dos trabalhadores através de um fundo para tal e que deveria vir inscrito no acordo da COP21 como medida de preparação dos trabalhadores para esta transformação produtiva. Também a questão da saúde, tumores, infertilidade foi levantada, uma vez que muitos trabalhadores estão expostos a doenças que derivam de problemas ambientais provocados nos locais onde trabalham e que também a estes afeta, logo prevê-se espaço para campanhas concretas, especialmente no que concerne os transportes (Ver brochura de campanha aeroportos apresentada por Lars Brogaard da 3F Kastrup(http://shop.ecocouncil.dk/varedetaljer.asp?shopid=851152&funique=210&kat=16&hkat=6&varegruppe=12))
Outras questões se levantaram a nível das implicações do acordo a ser subscrito na COP21, a sua insuficiência na ambição (apenas voluntário e conseguirá limitar o aumento do aquecimento global a 3,5ºC até 2100 quando, cientificamente, se comprova que não pode ultrapassar os 2ºC, e idealmente deveria ficar pelos 1,5ºC), o facto de ser voluntário, extremamente desigual a nível geográfico, de classe e até de género, não prevê reconversão dos trabalhadores para esta modificação e a ideia de que quem paga poderá continuar a poluir, foram as mais sublinhadas nas intervenções.
Concluiu-se que os sindicatos ainda não se encontram numa frente comum para atacar a questão das alterações climáticas, mas que a luta pela democracia, água, terra, energia e justiça social se inscrevem na luta política pelo clima, e que a mobilização e pressão dos sindicatos pode ser preponderante nesta luta, pela interdependência inerente entre a luta pelo clima e todas as outras bandeiras pelas quais os sindicatos ali presentes têm vindo a pautar ação. Logo, saiu a ideia da necessidade de uma frente comum e de discurso de apelo para esta frente e que deve prosseguir para lá da COP21.
Por fim, a questão do investimento público nas energias renováveis, a necessidade do controlo democrático nos setores energéticos, a criação de mais e melhores postos de trabalho nesta “transformação produtiva” foram vistas como elementares neste processo. E a urgência de se trazer este debate para dentro das organizações a que pertencemos.
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