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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Divórcio ou Separação Temporária?


divorcio-paf
Como era esperado e expectável, a coligação de direita terminou com o seu governo. Tendo a direita se unido para nos desgovernar, e após a esquerda se ter unido para que a direita fosse direitinha arredada no parlamento, deixou de fazer sentido o Paulinho da Feiras (Catherine Deneuve para quem ainda se lembra) e Passos Coelho continuarem neste casamento por conveniência. A conveniência manda agora cada um se separar, como partidos distintos que são, e cada um fazer a sua oposição. A conveniência pela sobrevivência manda Portas também se retirar, temporariamente sabemos.
Alguns falam de divórcio. Foi um casamento por conveniência, tal como a AD em 79. Juntos se encontram sempre que a cama do poder os convida a se deitarem. E juntos fizeram um trabalho estupendo e serviram bem a classe que representam. Cortaram nos salários, cortaram nas pensões, aumentaram exponencialmente os impostos, recusaram empregos, promoveram a insegurança social, acabaram com a concertação social, esmagaram direitos laborais e sociais, colapsaram a saúde, criminalizaram o desemprego, promoveram a fome, fomentaram a pobreza e empurraram para a miséria grande parte dos portugueses. Mas financiaram salários por via da Segurança Social, salvaram o BES, compraram o Banif (e deu hoje no que se viu), devolveram hospitais públicos às misericórdias, promoveram a caridade como negócio rentável, vendaram a TAP, concessionaram os transportes públicos, não acabaram com as rendas do Estado à EDP, revolucionaram a lei das rendas, não atacaram as santas Parcerias Público-Privadas, fomentaram a promiscuidade entre público e privado… Esqueceram as pessoas, esqueceram a social democracia e a democracia dita cristã, que mais nunca foi do que reaccionários que se protegem atrás de um Cristo misericordioso.
Mas não foi um divórcio, foi uma separação. Não é com dor nem com mágoa que o fazem. A direita sempre se soube unir quando lhes cheira a poder. Mas convenhamos que não foi uma união fácil. Há agora que separar as águas e tentar limpar o nome dos dois partidos, na ante-visão do ataque aos noivos. Paulo Portas, também conhecido por Catherine Deneuve, nome de guerra no Parque Eduardo VI, astuto e malabarista, sabe-se mexer e ao demitir-se irrevogavelmente deu um golpe no PSD e satisfez a sua sede de protagonismo, qual diva da política, com o cargo de vice primeiro ministro! Sai agora da presidência do CDS porque sabe que é a altura certa para sair. Virão aí tempos quentes. O calor do Banif foi só o inicio. Paulo Portas sabe que podem-no queimar, mas se estiver ausente, saberá também regressar sem ter de responder.
Convém relembrar a capacidade de Portas de sempre renascer. O Passos vai passar mas o Paulo Portas esse nunca baterá com a porta. Esteve envolvido no caso moderna, nos submarinos e nem do caso casa pia escapou, na onda de destruição de personalidades politicas. Recuemos a 2003, quando os meios de comunicação social avançaram que miúdos da casa pia o apontaram como envolvido, e conhecido por andar no Parque Eduardo VII de cabeleira. Sobre este escândalo nada foi na verdade provado. Está ainda na memória de muitos mas hoje é difícil encontrar na internet matéria sobre isso. Nas tentativas de assassinato político aquele que realmente morreu foi Paulo Pedroso. Outros nomes foram avançados como Jaime Gama ou Bagão Felix, todavia aí o caso começou a perder credibilidade. Mas Paulo Portas, efectivamente enxovalhado pelos detalhes da sua transfiguração, renasceu sempre das cinzas, com uma ajuda incrível da comunicação social, tendo tomado de assalto o CDS, depois de o ter abandonado e literalmente desaparecido após o aparecimento da Catherine Deneuve. Quando reapareceu parecia o Dom Sebastião a regressar e a salvar a nação.

Mas vejamos este ser de personalidade peculiar, de cariz duvidoso, e que impõe os seus caprichos. Recuemos no tempo. Recuemos à tentativa de resgatar a Aliança Democrática. Recuemos ao Independente e um certo jantar entre o Presidente da Républica e alguns constitucionalistas. Ora bem, Marcelo então informador de Paulo Portas passou-lhe informações falsas, disse ter jantado uma certa sopa fria, vichyssoise, o que não tendo sido verdade levou ao corte de relações entre os dois. Foi com uma sopa que terminou com a AD! Marcelo Rebelo de Sousa afinal não jantou sopa fria mas serviu-a fria como à vingança a Paulo Portas. Mentiu e Portas zangou-se. Por isso, a tentativa de uma nova AD terminou, terminou por uma sopa! Portas não perdoa, a sopa acabou com uma amizade.
Mas eis que então o que não chegou a ser casamento culmina hoje no apoio de Paulo Portas a Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais. Esta é a prova que as separações mesmo acabando com sopas frias nunca são definitivas.
No ano quente de 2013, em que a contestação social subia de tom, a direita esmagava as pessoas e as pessoas respondiam, Paulo Portas demite-se irrevogavelmente, após a saída de Vítor Gaspar e mediante a nomeação de Maria Luís. Paulo Portas demitiu-se, Mota Soares demitiu-se, Cristas demitiu-se. Chegou-se a comemorar no Marques de Pombal a queda do governo. Mas da demissão irrevogável renasceu um novo cargo governativo, o de Vice Primeiro Ministro. E Mota Soares lá continuou e a Cristas também. Paulo Portas deu um golpe de Estado e, como anteriormente tomou conta do CDS, tomou conta do governo do PSD e para o qual havia sido convidado. Paulo Portas é mestre na acção da ressurreição e da afirmação de poder.
Portas tem uma influência brutal no nosso país. Quando se uniu à vergonhosa governação de Durão Barroso e foi responsável pelo desmontar das nossas forças armadas e de outras actividades a ela ligadas que produziam riqueza e constituíam postos de trabalho, foi responsável pela compra ruinosa e muito pouco clara de submarinos e outros escândalos. Mas parece que não é nada com ele. Mas a verdade é que é! É considerado das personalidades com mais influência na economiaPaulo Portas esteve envolvido na demissão de Maria José Morgado quando esta estava à frente do combate ao crime económico. Paulo Portas, que vai buscar votos a camadas pobres da sociedade, como os reformados que foram uma das suas bandeiras, não teve vergonha de  cortar nas pensões mais baixas e de cortar no complemento solidário para idosos que é a ferramenta que permite muitos pensionistas saírem de uma situação de pobreza. Ele que até nem se quer imiscuir em questões de económicas, preferindo “a conversa da cueca” em politica, é uma pessoa que, quanto aos interesses instalados, faz todo o trabalho atrás do pano.
Paulo Portas separou-se agora do PSD, e já começou a fazer o seu trabalho de casa. Dedica-se agora a atacar a esquerda e garante que só a direita defende os direitos nacionais e da população. Paulo Portas, nódoa escondida da politica portuguesa, dedicar-se-á a manchar as forças politicas de esquerda e a preparar o seu regresso.

aoleme.com

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