Está nas nossas mãos
Estamos fartos desta alternativa sem alternância, que mina a própria essência da democracia.
Dizem-me e eu acredito que o dr. Rui Machete é um excelente chefe de família, cortês, hábil utente da língua inglesa, católico e sentimental. Essas admiráveis e até piedosas virtudes não chegam para fazer dele um bom ministro dos Estrangeiros.
O homem não lhe acerta uma, acumula disparates por carência de subtileza e de conhecimentos históricos, sobretudo no que a África diz respeito. Não é preciso enumerá-los: os dislates sucedem-se, numa insistência penosa. Infelizmente, neste domínio não tivemos grandes exemplos, com excepção de Medeiros Ferreira, claro de palavra e de raciocínio.
O PS embaralhou-se com ele, e ele afastou-se discreto e íntegro. Escrevia nos jornais e comentava nas televisões, com audácia e nitidez. Um lugar e umas funções tão importantes como aquelas deviam ser desempenhados por gente criteriosamente escolhida. Jaime Gama terá sido dos bons, mas o excessivo conservadorismo e indolência não eram requisitos para o trabalho. Gama parecia estar sempre cheio de sono.
O PS sempre balançou entre uma coisa e outra, nunca se sabendo muito bem para que lado definitivamente pende. A ambiguidade sobre a escolha do candidato presidencial é o espelho dessa anfibologia, que está na raiz da sua fundação e, de certo modo, na natureza dos partidos políticos do ‘arco do poder’.
O drama português é representado pelas indecisões e pelas más escolhas. O caso Manchete, cujo aborrecimento por estar ali é evidente, torna-se num símbolo da decadência ideológica e da ascensão do desinteresse pela coisa pública. Acresce o assunto, mal contado, dos cartazes do PS, que será gravoso quando em causa está a negligência e o não apuramento das responsabilidades; e, a seguir, o despedimento do publicitário brasileiro e a sua imediata reinserção na campanha.
Os portugueses estão cansados destes imbróglios, destas acções infamantes e, neste momento, sentem-se confusos perante as escolhas a fazer. A reduzida diferença que separa o PS do PSD significa, claramente, as indecisões que dominam o eleitorado. E, também, que estamos fartos desta alternativa sem alternância, que mina a própria essência da democracia, e está a atirar-nos para os braços de aventureiros e de safados. Escolhidos pelos aparelhos partidários. Apenas nós podemos dar a volta às coisas.
http://www.cmjornal.xl.pt
Estamos fartos desta alternativa sem alternância, que mina a própria essência da democracia.
Dizem-me e eu acredito que o dr. Rui Machete é um excelente chefe de família, cortês, hábil utente da língua inglesa, católico e sentimental. Essas admiráveis e até piedosas virtudes não chegam para fazer dele um bom ministro dos Estrangeiros.
O homem não lhe acerta uma, acumula disparates por carência de subtileza e de conhecimentos históricos, sobretudo no que a África diz respeito. Não é preciso enumerá-los: os dislates sucedem-se, numa insistência penosa. Infelizmente, neste domínio não tivemos grandes exemplos, com excepção de Medeiros Ferreira, claro de palavra e de raciocínio.
O PS embaralhou-se com ele, e ele afastou-se discreto e íntegro. Escrevia nos jornais e comentava nas televisões, com audácia e nitidez. Um lugar e umas funções tão importantes como aquelas deviam ser desempenhados por gente criteriosamente escolhida. Jaime Gama terá sido dos bons, mas o excessivo conservadorismo e indolência não eram requisitos para o trabalho. Gama parecia estar sempre cheio de sono.
O PS sempre balançou entre uma coisa e outra, nunca se sabendo muito bem para que lado definitivamente pende. A ambiguidade sobre a escolha do candidato presidencial é o espelho dessa anfibologia, que está na raiz da sua fundação e, de certo modo, na natureza dos partidos políticos do ‘arco do poder’.
O drama português é representado pelas indecisões e pelas más escolhas. O caso Manchete, cujo aborrecimento por estar ali é evidente, torna-se num símbolo da decadência ideológica e da ascensão do desinteresse pela coisa pública. Acresce o assunto, mal contado, dos cartazes do PS, que será gravoso quando em causa está a negligência e o não apuramento das responsabilidades; e, a seguir, o despedimento do publicitário brasileiro e a sua imediata reinserção na campanha.
Os portugueses estão cansados destes imbróglios, destas acções infamantes e, neste momento, sentem-se confusos perante as escolhas a fazer. A reduzida diferença que separa o PS do PSD significa, claramente, as indecisões que dominam o eleitorado. E, também, que estamos fartos desta alternativa sem alternância, que mina a própria essência da democracia, e está a atirar-nos para os braços de aventureiros e de safados. Escolhidos pelos aparelhos partidários. Apenas nós podemos dar a volta às coisas.
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