Paul Krugman: o risco da saída da Grécia é ser bem sucedida
Negociações entre o Eurogrupo e o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, têm decorrido num clima de desconfiança
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O prémio Nobel Paul Krugman considera que uma eventual saída do euro por parte da Grécia, depois de meses de impasses nas negociações com o Eurogrupo, poderia trazer problemas de curto prazo. “Seria seguramente feio para a Grécia, pelo menos de início". Mas, dentro de um ou dois anos, a principal questão seria outra: “O risco real para o euro não é que a Grécia falhe, mas que seja bem sucedida”.
Um novo dracma desvalorizado pode trazer ganhos a Atenas e dar argumentos aos críticos da austeridade
Num post recente no blogue doNew York Times onde critica a postura das autoridades europeias e do FMI, que está "a fazer o papel de polícia mau", o economista traça um cenário hipotético depois das primeiras dificuldades com a saída da moeda única. “Suponha que um novo dracma muito desvalorizado traz uma avalanche de britânicos bebedores de cerveja para o Mar Jónico, e que a Grécia recupera. Isso encorajaria os desafiadores da austeridade e da desvalorização interna noutros lugares”, sustenta.
Krugman lembra que a Europa tem apontado como exemplos de sucesso países como Espanha, que fez cortes orçamentais. Mas se as “forças anti-austeridade” puderem apontar para a recuperação da Grécia, “o descrédito do establishment vai acelerar”, antecipa. O economista antevê que a Alemanha tente sabotar a Grécia pós-saída do euro, mas espera que essa opção seja considerada “inaceitável”.
joao.madeira@sol.pt
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