“300 euros chega para viver na Grécia”, disse o enviado do FMI aos patrões do comércio
Vassilis Korkidis liderava os patrões do comércio quando o governo assinou os memorandos com a troika. Hoje revelou aos deputados um episódio ocorrido num encontro com Poul Thomsen, representante do FMI e Klaus Mazouch, do Banco Central Europeu, em dezembro de 2011.
Nesse encontro na sede da Confederação Nacional do Comércio, ouviram a exigência dos homens da troika para um corte no salário dos trabalhadores gregos. Korkidis diz ter defendido que o país tinha pouca margem para cortar salários, fazendo uma comparação dos salários de então com os praticados noutros países europeus, para mostrar que já eram dos mais baixos.
A resposta de Poul Thomsen deixou-o perplexo: “– Você está enganado, tem de comparar é com os salários dos países do sudeste europeu e dos Balcãs, que é onde pertencem”. Prossegue Korkidis: “E quando lhe perguntei a opinião sobre quanto deveria ser o salário, respondeu-me: ‘– 300 euros chega para viver na Grécia’. Aí tive de lhe perguntar quanto é que ele ganhava…”, relatou o ex-lider do patronato do comércio aos deputados da comissão.
Vassilis Korkidis reconheceu que “foram cometidos erros trágicos” na negociação e aplicação do memorando. Mas embora critique os políticos no poder por “terem ido a correr assinar o memorando”, disse não acreditar “que algum político queira fazer mal ao seu país”.
A comissão de inquérito aos memorandos da troika tem por objetivo apurar as circunstâncias e as responsabilidades sobre a forma como foi ditada ao anterior governo uma política que arrasou a economia e a sociedade grega desde o início da década.
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