Dubai hoje é o centro mundial de negócios e isso ajuda muito a encontrarmos situações totalmente inusitadas e impressionantes lá. Duvida? Dá só uma olhada neste post.
Possui os mais altos edifícios do mundo, como o Burj Khalifa.
Também tem o maior centro comercial do mundo (com base na área total)
Tem o maior jardim de flores do mundo, o Miracle Garden de Dubai
Você pode dirigir pelo mar até um dos hotéis mais caros do mundo, o Atlatis Hotel, em uma das maiores ilhas artificiais do mundo
Que possui esta aparência
Possui um Starbucks que tem esta aparência (na realidade, localizada na vizinha Ibn Battuta Mall)
Ou um campo de tênis, como o The Burj Al Arab Tribunal in the Sky
Dois conjuntos de ilhas artificiais
Uma delas em forma de uma palmeira gigante, repleta de casas de luxo
Uma ilha como esta
Possui espaço para esquiar, surfar e andar em dunas durante todos os dias do ano
Onde você pode assistir a corrida de camelos, com robôs em vez de jóqueis
Ou desfrutar de um chocolate quente enquanto está sentado em blocos de gelo, no meio do deserto
Ferraris abandonadas e apodrecendo
Onde pode ficar preso num trânsito como este
Com uma frota repleta de carros cobiçados
E um corpo de bombeiros que acompanha o mesmo ritmo
Lugar onde donos de carros os tornam únicos
E o transporte público é bem mais divertido que outros lugares do mundo
Local em que você pode comprar ouro numa máquina
E claro, com celulares que custam o preço de um carro
Ou mesas de pebolim que custam mais que vários carros
Dubai nos ensinou que grandes felinos exóticos podem ser tratados como cães
Para refletir
Texto de Rita de Sousa
Nem só de riqueza e
luxo é feito o magnífico Dubai
Aliás, pelo contrário.
É a pobreza — pode-se chamar de
indigência, ou escravidão —
que constrói o sonho dos
ricos do mundo todo.
E isso só vê quem observa os bastidores dos canteiros de obras dos arranha-céus. É lá que se encontram mais de 85% da população de Dubai, formada pelos expatriados, trabalhadores braçais recrutados em massa na Índia, Paquistão e Bangladesh, que trabalham em turnos de mais de 12 horas diárias, às vezes sob o intenso calor que ultrapassa os 50°C, e recebem 400 dirhams, cerca de R$ 200 (menos de R$ 11,00 por dia).
O contingente de trabalhadores chineses cresce a cada dia, por ser mão de obra mais barata. Mas esses também não escapam das condições subumanas destinadas a quem busca o sonho de dia melhores e deixa famílias esfomeadas e esperançosas em seus países — que dificilmente voltam a ver.
No Dubai são registradas duas mortes em construções por dia. O número de acidentes é recorde e faltam vagas em hospitais para operários feridos por falta de segurança no trabalho e com insolação — e os dias parados por doença não são pagos.
O índice de suicídio chega a um a cada quatro trabalhadores por mês.
Não há muita escolha para quem decide se aventurar em um trabalho braçal em Dubai. As empreiteiras [1] “confiscam” o passaporte dos expatriados, pois é a forma que usa para garantir que receberá de volta o dinheiro investido para a viagem de ida dos trabalhadores. Somando a passagem, a alimentação e a moradia, a dívida inicial que cada um contrai é somada a 2.000 euros de “taxa” de obtenção do visto para o trabalho no emirado.
A vida é melhor para a população composta pelos nascidos em Dubai – 15% que recebem moradia e educação gratuita, mas não têm garantidos os direitos democráticos.
Relatório divulgado pela Human Rigths Watch no ano passado revela diversas violações sistemáticas dos direitos humanos contra trabalhadores imigrantes e as disparidades no atendimento à saúde dessas populações nos Emirados Árabes Unidos (EAU), Omã, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait, todos países membros do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC). Este relatório se concentra mais na situação dos trabalhadores da Construção Civil e empregadas domésticas nos Emirados Árabes Unidos, onde os problemas foram estudados mais detalhadamente, mas serve como referência para os outros cinco países do Conselho. Bahrain e Kuwait melhoraram um pouco as relações trabalhistas com imigrantes em seus países. Nos Emirados, os trabalhadores imigrantes constituem cerca de 90 por cento da força de trabalho e incluem cerca de 500.000 trabalhadores da construção civil e 450.000 trabalhadores domésticos. Essa massa gigantesca de mão-de-obra barata surgiu de um boom da construção sem precedentes durante o início dos anos 2000, atraindo um grande número de trabalhadores refugiados de países ocidentais, em busca de uma vida melhor. Mas além do emprego, os imigrantes encontram todo tipo de exploração do Ser Humano. Altas taxas de impacto do abuso físico, sexual, psicológica e de saúde dos trabalhadores da construção civil e de serviços domésticos.
Para entender plenamente as dificuldades dos trabalhadores imigrantes, é importante compreender o sistema kafala, uma prática rotineira patrocínada pelos países do Conselho. É a escravidão moderna. Deixa os trabalhadores imigrantes vulneráveis ao tráfico de seres humanos e trabalho forçado, resultando em graves abusos dos direitos humanos. Este sistema mantém o trabalhador atrelado ao agente que o trouxe ao país, visto que só entram imigrantes nos países do Conselho, se houver um posto de trabalho que o tenha contratado. Porém, estes trabalhadores não tem nenhum direito de reclamar, afinal, caso o façam perdem o emprego e deixam o país, pois só podem mudar de emprego se o seu agente, lá chamado de patrocinador, permitir e, claro, tiver comissão sobre seu novo emprego. O sistema é descrito como uma forma de "violência estrutural", pela qual empregadores confiscam passaportes e relatam "fuga" dos trabalhadores às autoridades para evitar punições. Estes agentes ainda ganham incentivos destes governos para atrairem novos trabalhadores.
A situação dos trabalhadores imigrantes começa em seus países de origem, onde os recrutadores cobram até US $ 4.000 em taxas para garantir o emprego nos Emirados Árabes Unidos. Contratos geralmente duram de um a três anos e prometem pagar de 100 a 250 dólares por mês. Eles são obrigados a assinar contratos escritos em árabe ou Inglês, sem compreender o que está assinando e sem ninguém para explicar os termos. Diante da situação, muitos assinam os contratos apenas com uma impressão digital. Como já chegam individados, pobres, pagam (muitas vezes a metade dos salários acordados) para saldar as dívidas pesadas, e ainda são ameaçados de multas severas, prisão ou deportação para deixarem de fumar, por exemplo. Neste primeiro texto vamos nos ater à Construção Civil. No texto seguinte falaremos sobre as empregadas domésticas. Trabalhadores da construção civil muitas vezes ganham salários médios diários de US $ 8 para 10 horas, incluindo horas extras diárias. Os salários mensais chegam no maximo a 160 dólares por 48 horas semanas, e os salários anuais de US $ 2.575, incluindo as horas extras. Para voltarem pra casa teriam, além de pagar estas dívidas iniciais, que conseguir dinheiro para pagar cerca de dois mil reais em taxas de visto e viagens. A lei que proíbe as empresas dos Emirados Árabes Unidos de trabalhar com agências de recrutamento que cobram essas taxas existe, mas não é aplicada.
Atualmente, em números de 2010, há 35 milhões de pessoas que vivem nos seis países membros do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) (Arábia Saudita, Kuwait, Qatar, Omã, Bahrein e os Emirados Árabes Unidos), sendo que 17 milhões são imigrantes. Destes países, Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos tem o maior percentual de estrangeiros. Segundo a Human Rights Watch (HRW) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os trabalhadores Imigrantes constituem cerca de 95 por cento da força de trabalho dos Emirados Árabes Unidos, e cerca de metade dos seus 4 milhões de habitantes trabalharam no setor da construção em Dubai ou nos outros cinco Emirados durante esse boom da construção civil. O crescimento econômico tem levado também a um boom no comércio do sexo nos Emirados Árabes Unidos e por isso mulheres e meninas são traficadas para o país, enquanto outras vêm voluntariamente para ganhar dinheiro. Como resultado, os Emirados Árabes Unidos (Dubai, em particular) passou a ser conhecido na região, como o "centro" da prostituição "no Oriente Médio." O tráfico humano é alimentado pelo esporte nacional de corridas de camelos, com traficantes de mulheres que usam até mesmo de seqüestros ou compras de crianças para usar como jockeys.Várias empresas de construção principais são conhecidas por terem uma política de não contratar os trabalhadores que se recusam a entregarem seus passaportes e, em alguns casos documentados, até ganham dinheiro através da cobrança de taxas para devolver os passaportes aos trabalhadores. Recentemente, milhares de trabalhadores imigrantes da construção foram abandonadas sem passaportes e sem dinheiro em Dubai e Sharjah. Seus empregadores fugiram do país com todo o dinheiro, depois de um declínio repentido no ramo da construção civil. Não tendo recebido qualquer pagamento por meses de trabalho, os trabalhadores ficaram presos em campos lotados, sem as necessidades básicas e incapazes de comprar comida.
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