uma lição histórica
A Síria deixou há muito de ser notícia publicada. A cobertura mediática da guerra na Síria limita-se agora a uma ou outra peripécia militar e á grave situação humanitária, bem como a discretas iniciativas diplomáticas.
Afinal onde está a guerra pela democracia, contra a “ditadura” de Bachar el-Assad, pelos direitos políticos de uma maioria étnica, tão apregoados pelos ocidentais, pela heterogénea coligação nacional da oposição armada, pelos países do Golfo, por democratas de tantos matizes? Que manto espesso de silêncio desceu sobre o conflito, razões, evoluções, consequências?
Inicialmente havia no país um desejo interno de mais liberdade, contra a presença generalizada da polícia e dos olhos e mãos dos serviços secretos, por maior prosperidade. Era aparentemente a “primavera árabe".
Depois apareceu a violência sectária, o argumento étnico e religioso, a propaganda da Al–Jazeera, a diabolização inesperada do regime, o extremismo, a realidade de uma oposição armada, financiada por Washington, Paris, Londres, Istambul, Israel, Qatar e Arábia Saudita.
Depois apareceram os Tribunais Islâmicos, que condenam á morte e degolam os alauitas, os shiitas e destroem casas e aldeias de cristãos. Era o projecto de instalar no terreno um Emirado, um regime wahabita onde as minorias religiosas seriam submergidas ou destruídas e onde a Sharia substituiria o texto constitucional.
Estávamos em Junho de 2012 e na Conferência de Genebra, os Estados Unidos e a Rússia (esta com o apoio da China) tinham patrocinado uma solução de paz. Mas internamente e externamente havia quem preferisse outras soluções. Milhares de jihadistas estrangeiros, mobilizados de todo o lado por dinheiro e fanatismo, treinados na Turquia e na Jordânia, financiados pelo petróleo e gaz do Golfo, aconselhados por militares franceses do fantoche Sarkozy, invadiram as fronteiras norte e leste da Síria.
A nação síria acordava para o pesadelo e o terror. Metade das cidades e das infra-estruturas foram destruídas em 2 anos e meio. Cerca de 100.000 pessoas podem ter morrido. Mas a civilização, embora precária, resistiu ao obscurantismo criminoso. O Exercito Nacional Sírio e a população organizada em milícias resistem heroicamente á propaganda ocidental e da Al-Jazeera, e á força dos invasores estrangeiros e radicais internos. O propósito da Turquia por exemplo era a de criar uma região curda a norte e leste, que servisse de tampão ao “problema curdo” no seu interior e no vizinho Iraque.
Em Paris surgira um novo Presidente, François Hollande, um presidente fraco, manipulável, cuja campanha eleitoral foi sobretudo, e ilegalmente, financiada pelo Qatar. Era assessorado pelo belicoso general Benoit Puga, Chefe do Estado Maior, e por Laurent Fabius, um conhecido amigo de Israel. O eixo Paris – Jordânia - Qatar fortalece-se. Acontece o grande atentado ao Conselho de Segurança Nacional Sírio, que decapita a estrutura dos serviços secretos. Percebe-se a mão invisível de Paris. Acentua-se a guerra, mas vitórias militares do Exército sírio são registadas. A liderança síria resiste.
O Reino Unido foi oportunamente forçado a retirar-se por uma singular votação da Câmara dos Comuns. O emir do Qatar foi forçado pelos Estados Unidos da América a abdicar. A França vê-se limitada pela operação no Mali. A Turquia sente a divisão da sociedade civil, não disponível para aventuras com base no seu território e preocupada com tendências de fundamentalismo religioso do seu governo. Resta a Arábia Saudita, esse reino medieval sustentado pelo dinheiro e pelos EUA.
Com o bombardeamento químico de Ghoutta, a mentira mediática que atribuía ao regime a morte de crianças e adultos inocentes teve por breves dias o seu epicentro. Mas a verdade surgiu por vozes que, com fundamentos, atribuíram ao material turco, usado de forma amadora por radicais, o massacre de populações raptadas em território alauita. A aberturas á inspecção e destruição de arsenais químicos desarmou a intenção de muitos. E novas vitórias militares do regime acentuam a desagregação da oposição armada.
Washington e Moscovo preparam uma Conferência de Genebra 2. Se porventura não há solução militar inequívoca, há contudo uma hipótese de paz partilhada por um consenso nacional. Sem pressões ou interferências de países estrangeiros, baseado no realismo e no respeito da identidade de um Estado pluri-confessional. Mas registe-se a evolução positiva da nação síria. Independente.
CR
Afinal onde está a guerra pela democracia, contra a “ditadura” de Bachar el-Assad, pelos direitos políticos de uma maioria étnica, tão apregoados pelos ocidentais, pela heterogénea coligação nacional da oposição armada, pelos países do Golfo, por democratas de tantos matizes? Que manto espesso de silêncio desceu sobre o conflito, razões, evoluções, consequências?
Inicialmente havia no país um desejo interno de mais liberdade, contra a presença generalizada da polícia e dos olhos e mãos dos serviços secretos, por maior prosperidade. Era aparentemente a “primavera árabe".
Depois apareceu a violência sectária, o argumento étnico e religioso, a propaganda da Al–Jazeera, a diabolização inesperada do regime, o extremismo, a realidade de uma oposição armada, financiada por Washington, Paris, Londres, Istambul, Israel, Qatar e Arábia Saudita.
Depois apareceram os Tribunais Islâmicos, que condenam á morte e degolam os alauitas, os shiitas e destroem casas e aldeias de cristãos. Era o projecto de instalar no terreno um Emirado, um regime wahabita onde as minorias religiosas seriam submergidas ou destruídas e onde a Sharia substituiria o texto constitucional.
Estávamos em Junho de 2012 e na Conferência de Genebra, os Estados Unidos e a Rússia (esta com o apoio da China) tinham patrocinado uma solução de paz. Mas internamente e externamente havia quem preferisse outras soluções. Milhares de jihadistas estrangeiros, mobilizados de todo o lado por dinheiro e fanatismo, treinados na Turquia e na Jordânia, financiados pelo petróleo e gaz do Golfo, aconselhados por militares franceses do fantoche Sarkozy, invadiram as fronteiras norte e leste da Síria.
A nação síria acordava para o pesadelo e o terror. Metade das cidades e das infra-estruturas foram destruídas em 2 anos e meio. Cerca de 100.000 pessoas podem ter morrido. Mas a civilização, embora precária, resistiu ao obscurantismo criminoso. O Exercito Nacional Sírio e a população organizada em milícias resistem heroicamente á propaganda ocidental e da Al-Jazeera, e á força dos invasores estrangeiros e radicais internos. O propósito da Turquia por exemplo era a de criar uma região curda a norte e leste, que servisse de tampão ao “problema curdo” no seu interior e no vizinho Iraque.
Em Paris surgira um novo Presidente, François Hollande, um presidente fraco, manipulável, cuja campanha eleitoral foi sobretudo, e ilegalmente, financiada pelo Qatar. Era assessorado pelo belicoso general Benoit Puga, Chefe do Estado Maior, e por Laurent Fabius, um conhecido amigo de Israel. O eixo Paris – Jordânia - Qatar fortalece-se. Acontece o grande atentado ao Conselho de Segurança Nacional Sírio, que decapita a estrutura dos serviços secretos. Percebe-se a mão invisível de Paris. Acentua-se a guerra, mas vitórias militares do Exército sírio são registadas. A liderança síria resiste.
O Reino Unido foi oportunamente forçado a retirar-se por uma singular votação da Câmara dos Comuns. O emir do Qatar foi forçado pelos Estados Unidos da América a abdicar. A França vê-se limitada pela operação no Mali. A Turquia sente a divisão da sociedade civil, não disponível para aventuras com base no seu território e preocupada com tendências de fundamentalismo religioso do seu governo. Resta a Arábia Saudita, esse reino medieval sustentado pelo dinheiro e pelos EUA.
Com o bombardeamento químico de Ghoutta, a mentira mediática que atribuía ao regime a morte de crianças e adultos inocentes teve por breves dias o seu epicentro. Mas a verdade surgiu por vozes que, com fundamentos, atribuíram ao material turco, usado de forma amadora por radicais, o massacre de populações raptadas em território alauita. A aberturas á inspecção e destruição de arsenais químicos desarmou a intenção de muitos. E novas vitórias militares do regime acentuam a desagregação da oposição armada.
Washington e Moscovo preparam uma Conferência de Genebra 2. Se porventura não há solução militar inequívoca, há contudo uma hipótese de paz partilhada por um consenso nacional. Sem pressões ou interferências de países estrangeiros, baseado no realismo e no respeito da identidade de um Estado pluri-confessional. Mas registe-se a evolução positiva da nação síria. Independente.
CR
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