Mas esta organização transcende o viés dos estabelecimentos públicos e privados, ela atinge o cerne da própria vida social e cultural, transformando-se em um fenômeno amplamente aceito por boa parte da sociedade. Além disso, embora tenha vínculos com a esfera legal, ela age no perímetro ilegal, à margem das normas estatais.
Os mafiosos atuam oferecendo proteção a quem lhes convém ter como aliados, fazendeiros e comerciantes das cidades interioranas, primeira etapa da infiltração da Máfia, no seu berço, quando é comumente conhecida como protomáfia. Neste momento, em pleno século XIX, na Itália imperava o sistema dos grandes latifúndios, que mantinha á disposição dos poderosos senhores inúmeros camponeses desprovidos de terras, à beira da miséria.
Com tantos passando fome, tem início uma onda de assaltos e furtos, portanto abre-se o campo para que muitos ofereçam segurança aos donos das propriedades. Com o tempo, estes protetores se desenvolvem e estruturam, não tardando para que esta tarefa cumprida à margem do Estado se torne ilegal, uma vez que revela ser extremamente lucrativa, estendendo-se também para os proprietários de estabelecimentos comerciais urbanos.
Com a estruturação do Estado, a máfia recém-nascida começa a interferir junto aos representantes da esfera pública, se insinuando em negócios suspeitos, principalmente na questão das licitações. Quanto mais cresce e se fortalece o Estado, mais a máfia se desenvolve, infiltrando-se também nos mecanismos que regem o capitalismo da Itália, berço dos principais grupos mafiosos. Logicamente os agentes estatais também lucram com esta parceria, bem como o circuito privado da economia.
A máfia não se limita a esta relação de auxílio mútuo. Ela segue exercendo ascendência sobre membros do Governo responsáveis por decidirem questões cruciais; domina cada vez mais o contrabando das mais variadas mercadorias, especialmente de cigarros; contrata pistoleiros para exercitar sua própria justiça e parte para o explosivo tráfico de drogas.
Desta forma as organizações mafiosas atraem a atenção de juízes e procuradores, bem como da população em geral, os quais passam a acossar os mafiosos. Quando a situação se torna insustentável para a Máfia, seus líderes começam a compactuar com integrantes importantes da Justiça, da Polícia e do Estado, que fecham os olhos para seus crimes.
Nos anos 80, porém, os italianos se cansaram de viver com medo. Instâncias jurídicas e penais foram transmutadas e aparelhadas de forma mais severa para assim combaterem o sistema mafioso, então concretamente constituído na Itália. A Operação Mãos Limpas permitiu, neste contexto, que se detivesse, julgasse e condenasse centenas de membros desta organização criminosa. Embora seus chefes, conhecidos como ‘Capos’ e ‘Dons’, reagissem duramente, assassinando muitos juízes e promotores, a Máfia se desgastou muito neste processo e viu-se desprovida de seu antigo prestígio.
Na Itália tornaram-se célebres, na realidade, mas também no universo ficcional, diversos grupos, tais como a Cosa Nostra, que nasceu na Sicília; A Camorra, de Nápoles e a Ndrangheta, da Calábria. A organização mafiosa foi concebida no sul da região italiana, durante a era medieval. Seus fundadores eram trabalhadores do campo que arrendavam propriedades dos grandes senhores feudais. Surgiu então o célebre mecanismo de proteção compulsória, diante de saques e roubos a estas fazendas.
Este sistema se disseminou por todos os recantos do Planeta, especialmente pelos EUA. A produção O Poderoso Chefão narra o desenvolvimento do crime organizado nos Estados Unidos.
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AL CAPONE ERA FILHO DE PAIS ITALIANOS
Alphonse Gabriel Capone também conhecido como “Scarface” (cara cortada) foi um gangster e contrabandista estadunidense (seus pais eram italianos), e ficou famoso mundialmente como Al Capone. Capone nasceu em Nova York, no dia 17 de janeiro de 1899, e foi criado no Brooklyn, onde estudou até os nove anos. Abandonou os estudos para integrar as quadrilhas da cidade. Ingressou rapidamente na Five Points Gang, liderada por Johnny Torrio, gangster que ,em 1909, foi para Chicago para trabalhar sob as ordens de Big Jim Colosimo.
Johnny Torrio começou a liderar a quadrilha depois de ordenar o assassinato de seu chefe, não se sabe ao certo se eliminado por Capone ou Frankie Yale. De qualquer forma, Torrio confiou a Capone, durante a década de 1920, a organização da direção do bando, dedicado a exploração da prostituição, do jogo ilegal e do tráfico de álcool.
Em 1925, Torrio se aposentou e Capone passou a liderar o bando, depois de eliminar seus rivais em uma série de guerras mafiosas, cujo estopim foi o assassinato de O’Banion. Em 1926, exercia o controle da máfia da cidade e reunia todas as quadrilhas, exceto duas: a de Aiello e a de Bugs. Capone e seus homens mataram todos os membros da quadrilha de Aiello em menos de um mês. Os enfrentamentos culminaram com a violenta morte dos chefes da quadrilha de Bugs, em 1929.
Depois de livrar-se de seus rivais, Capone continuou enriquecendo graças ao tráfico ilegal de bebidas alcoólicas causado pela lei seca e através de sua vasta rede clandestina de salas de jogo. Calcula-se que, em 1927, a fortuna de Al Capone era superior a 100 milhões de dólares.
Depois de anos de infrutífera perseguição policial, e perante a falta de provas, Capone foi detido por sonegação fiscal e, em 1931, condenado a onze anos de prisão. Foi encarcerado na cidade de Atlanta, em 1932, e, em 1934, foi transladado ao centro penitenciário de Alcatraz.
Depois de passar oito anos na prisão, foi concedida a Capone a liberdade condicional. Sua deterioração (física e mental) já era notável, visto que, segundo relatos, padecia de sífilis. Depois de ficar um tempo no hospital, foi viver em sua mansão, situada em Miami Beach, onde viveu até o final de seus dias. Al Capone faleceu no dia 25 de janeiro de 1947.
GOMORRA A MÁFIA NAPOLITANA
Esta obra já clássica na história da literatura italiana, marco de uma espécie de novo despertar da arte neste país, é um retrato devastador do domínio da máfia napolitana na Itália, a Camorra, a mais violenta organização criminal do Planeta. Gomorra - A História Real de um Jornalista Infiltrado na Violenta Máfia Napolitana, escrito pelo jornalista Roberto Saviano e lançado pela editora Bertrand Brasil em 2008, é uma corajosa denúncia sobre a ação torpe desta entidade marginal, que não respeita regra alguma, nem mesmo um único guia de conduta interna.
Tamanha é a violência e a indignidade com que esta estrutura mafiosa atua, que logo se tornou conhecida como Gomorra, um trocadilho com o nome original, Camorra, remetendo à destruição da cidade dominada pelo pecado, descrita no Antigo Testamento. Ninguém escapa das garras destes criminosos; agentes governamentais, pessoas comuns, negociantes, membros do Poder Judiciário, políticos e integrantes do clero da Igreja Católica, todos são vítimas potenciais da máfia napolitana, assassinados ou aliciados por ela.
Navios não cessam de depositar no porto de Nápoles produtos de todo gênero, procedentes do próprio território italiano e também de outras regiões européias – restos de substâncias químicas, elementos considerados venenosos e, surpreendentemente, corpos humanos. Tudo aí desembarca ilegalmente. Destes recipientes de carga ao universo da moda dos altos círculos, Saviano vai desvendando os meandros desta organização letal, revelando como ela se infiltra nos lugares e setores mais remotos, dentro e fora do país, gerando no território italiano uma situação insustentável quando eleva ao topo o nível de criminalidade no continente europeu.
A Camorra atua tanto em planos menos significativos, como a transação de produtos piratas nos mercados de camelôs e a corrupção no campo do comércio do lixo, quanto nas esferas requintadas do mundo fashion e da arte, alcançando também o universo do tráfico mundial de drogas. Toda esta movimentação tem como cenário as maiores metrópoles do Planeta, de um extremo a outro, do Leste da Europa à América do Norte, da região chinesa ao Brasil.
Ao desvelar a realidade desta organização mafiosa nos mínimos detalhes, Roberto Saviano conheceu, ao mesmo tempo, o sucesso e o medo, a fama e a reclusão. Napolitano genuíno, nascido em 1979, membro de um círculo de investigadores do Observatório sobre a Camorra e a Ilegalidade, o autor foi obrigado a deixar sua terra natal e esteve a ponto de abandonar a Itália no final de 2008.
Perseguido e ameaçado, sob constante segurança policial, isolado, sem poder desfrutar de sua súbita condição de celebridade, ele se viu de repente vivendo como um condenado, em lugar não revelado, sem poder voltar a trabalhar, aos 29 anos. Seu único livro, Gomorra, lançado na Itália em 2006, foi adaptado para as telas dos cinemas pelas mãos hábeis do diretor Matteo Garrone, que conquistou, como a obra em que se inspira, sucesso imediato, principalmente nas mostras e festivais de cinema. Protagonizado, entre outros, pela célebre Angelina Jolie, o filme conquistou o Grand Prix no Festival de Cannes.
Todo este alvoroço em torno da história fragilizou ainda mais a situação de Saviano; em 2008 a Gomorra marcou as festas natalinas como o momento em que o jornalista deveria ser executado. Ironicamente a popularidade de sua obra, que já alcançou mais de 1 milhão de cópias vendidas em pelo menos quarenta países, decretou sua sentença condenatória.
Apenas em novembro de 2008 o escritor conseguiu retornar ao convívio social, integrando manifestações em prol da liberdade de expressão e conquistando a oportunidade de realizar conferências sobre sua obra. Até mesmo a Academia Nobel, de Estocolmo, prestou homenagens a ele, por sua intrepidez e perseverança.
Fontes
http://publifolha.folha.com.br/catalogo/livros/145416/
http://arquivoetc.blogspot.com/2008/10/gomorra-denncia-contra-mfia-napolitana.html
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=521AZL006
AL CAPONE ERA FILHO DE PAIS ITALIANOS
Alphonse Gabriel Capone também conhecido como “Scarface” (cara cortada) foi um gangster e contrabandista estadunidense (seus pais eram italianos), e ficou famoso mundialmente como Al Capone. Capone nasceu em Nova York, no dia 17 de janeiro de 1899, e foi criado no Brooklyn, onde estudou até os nove anos. Abandonou os estudos para integrar as quadrilhas da cidade. Ingressou rapidamente na Five Points Gang, liderada por Johnny Torrio, gangster que ,em 1909, foi para Chicago para trabalhar sob as ordens de Big Jim Colosimo.
Johnny Torrio começou a liderar a quadrilha depois de ordenar o assassinato de seu chefe, não se sabe ao certo se eliminado por Capone ou Frankie Yale. De qualquer forma, Torrio confiou a Capone, durante a década de 1920, a organização da direção do bando, dedicado a exploração da prostituição, do jogo ilegal e do tráfico de álcool.
Em 1925, Torrio se aposentou e Capone passou a liderar o bando, depois de eliminar seus rivais em uma série de guerras mafiosas, cujo estopim foi o assassinato de O’Banion. Em 1926, exercia o controle da máfia da cidade e reunia todas as quadrilhas, exceto duas: a de Aiello e a de Bugs. Capone e seus homens mataram todos os membros da quadrilha de Aiello em menos de um mês. Os enfrentamentos culminaram com a violenta morte dos chefes da quadrilha de Bugs, em 1929.
Depois de livrar-se de seus rivais, Capone continuou enriquecendo graças ao tráfico ilegal de bebidas alcoólicas causado pela lei seca e através de sua vasta rede clandestina de salas de jogo. Calcula-se que, em 1927, a fortuna de Al Capone era superior a 100 milhões de dólares.
Depois de anos de infrutífera perseguição policial, e perante a falta de provas, Capone foi detido por sonegação fiscal e, em 1931, condenado a onze anos de prisão. Foi encarcerado na cidade de Atlanta, em 1932, e, em 1934, foi transladado ao centro penitenciário de Alcatraz.
Depois de passar oito anos na prisão, foi concedida a Capone a liberdade condicional. Sua deterioração (física e mental) já era notável, visto que, segundo relatos, padecia de sífilis. Depois de ficar um tempo no hospital, foi viver em sua mansão, situada em Miami Beach, onde viveu até o final de seus dias. Al Capone faleceu no dia 25 de janeiro de 1947.
GOMORRA A MÁFIA NAPOLITANA
Esta obra já clássica na história da literatura italiana, marco de uma espécie de novo despertar da arte neste país, é um retrato devastador do domínio da máfia napolitana na Itália, a Camorra, a mais violenta organização criminal do Planeta. Gomorra - A História Real de um Jornalista Infiltrado na Violenta Máfia Napolitana, escrito pelo jornalista Roberto Saviano e lançado pela editora Bertrand Brasil em 2008, é uma corajosa denúncia sobre a ação torpe desta entidade marginal, que não respeita regra alguma, nem mesmo um único guia de conduta interna.
Tamanha é a violência e a indignidade com que esta estrutura mafiosa atua, que logo se tornou conhecida como Gomorra, um trocadilho com o nome original, Camorra, remetendo à destruição da cidade dominada pelo pecado, descrita no Antigo Testamento. Ninguém escapa das garras destes criminosos; agentes governamentais, pessoas comuns, negociantes, membros do Poder Judiciário, políticos e integrantes do clero da Igreja Católica, todos são vítimas potenciais da máfia napolitana, assassinados ou aliciados por ela.
Navios não cessam de depositar no porto de Nápoles produtos de todo gênero, procedentes do próprio território italiano e também de outras regiões européias – restos de substâncias químicas, elementos considerados venenosos e, surpreendentemente, corpos humanos. Tudo aí desembarca ilegalmente. Destes recipientes de carga ao universo da moda dos altos círculos, Saviano vai desvendando os meandros desta organização letal, revelando como ela se infiltra nos lugares e setores mais remotos, dentro e fora do país, gerando no território italiano uma situação insustentável quando eleva ao topo o nível de criminalidade no continente europeu.
A Camorra atua tanto em planos menos significativos, como a transação de produtos piratas nos mercados de camelôs e a corrupção no campo do comércio do lixo, quanto nas esferas requintadas do mundo fashion e da arte, alcançando também o universo do tráfico mundial de drogas. Toda esta movimentação tem como cenário as maiores metrópoles do Planeta, de um extremo a outro, do Leste da Europa à América do Norte, da região chinesa ao Brasil.
Ao desvelar a realidade desta organização mafiosa nos mínimos detalhes, Roberto Saviano conheceu, ao mesmo tempo, o sucesso e o medo, a fama e a reclusão. Napolitano genuíno, nascido em 1979, membro de um círculo de investigadores do Observatório sobre a Camorra e a Ilegalidade, o autor foi obrigado a deixar sua terra natal e esteve a ponto de abandonar a Itália no final de 2008.
Perseguido e ameaçado, sob constante segurança policial, isolado, sem poder desfrutar de sua súbita condição de celebridade, ele se viu de repente vivendo como um condenado, em lugar não revelado, sem poder voltar a trabalhar, aos 29 anos. Seu único livro, Gomorra, lançado na Itália em 2006, foi adaptado para as telas dos cinemas pelas mãos hábeis do diretor Matteo Garrone, que conquistou, como a obra em que se inspira, sucesso imediato, principalmente nas mostras e festivais de cinema. Protagonizado, entre outros, pela célebre Angelina Jolie, o filme conquistou o Grand Prix no Festival de Cannes.
Todo este alvoroço em torno da história fragilizou ainda mais a situação de Saviano; em 2008 a Gomorra marcou as festas natalinas como o momento em que o jornalista deveria ser executado. Ironicamente a popularidade de sua obra, que já alcançou mais de 1 milhão de cópias vendidas em pelo menos quarenta países, decretou sua sentença condenatória.
Apenas em novembro de 2008 o escritor conseguiu retornar ao convívio social, integrando manifestações em prol da liberdade de expressão e conquistando a oportunidade de realizar conferências sobre sua obra. Até mesmo a Academia Nobel, de Estocolmo, prestou homenagens a ele, por sua intrepidez e perseverança.
Fontes
http://publifolha.folha.com.br/catalogo/livros/145416/
http://arquivoetc.blogspot.com/2008/10/gomorra-denncia-contra-mfia-napolitana.html
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=521AZL006
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