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domingo, 10 de novembro de 2013

A POSTURA Muito daquilo que Paulo Portas é transparece da sua postura. Na Assembleia da República, e sobretudo desde que se demitiu irrevogavelmente, Portas passa as sessões parlamentares a “ler o jornal”. Figurativamente, claro está,

A POSTURA

Muito daquilo que Paulo Portas é transparece da sua postura. Na Assembleia da República, e sobretudo desde que se demitiu irrevogavelmente, Portas passa as sessões parlamentares a “ler o jornal”. Figurativamente, claro está, porque o que vemos é o vice-primeiro-ministro a olhar para um ponto indefinido – mas certamente muito interessante… – situado algures no balcão frontal onde poisa os seus papéis, e onde, sem cessar, vai escrevinhando ou anotando sabe-se lá exactamente o quê. O que me parece certo é que pela insistência, regularidade e perenidade com que o faz, suspeito que já tenha escrito mais livros ali do que aqueles que alguma vez tenha lido em toda a sua vida. A verdade, porém, desnudada, à vista de todos, é que a cabeça já não levanta. Já não se ergue, não enfrenta, não se mostra. E quando o faz, quando por imperativa necessidade discursiva/cénica retira os olhos do papel, Paulo Portas só é capaz de olhar para a bancada do CDS, ou de se virar, muito timidamente, também para a do PSD.
A verdade é que Paulo Portas não passa hoje de um envergonhado ambulante. De um acossado, engolido pela contradição, pela hipocrisia e pelo cinismo político. Atento como é, como sempre foi, às quedas abruptas da sua popularidade, sentindo como ninguém o fardo de ser odiado, desprezado, criticado em grande parte por aqueles que um dia disse defender, não admira nada que a cabeça do vice-primeiro-ministro lhe pese mais no corpo do que a dívida externa nas contas públicas portuguesas. Paulo Portas é um político em decadência e ele sabe-o melhor do que ninguém. E nem mesmo este ridículo e vazio “guião” para uma suposta “reforma do Estado”, usado para dar ao defunto um ar “reformador” que sempre ambicionou mas que nunca soube nem teve capacidade para ser, será suficiente para salvar Portas de uma adivinhável derrota histórica, diria mesmo retumbante, numas próximas eleições legislativas. E que estas venham o quanto antes.

Ivo Rafael Silva (em adargumentandum.wordpress.com)

cris-sheandbobbymccgee.blogspot,pt

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