PSD nervoso. Rio prepara limpeza no partido
A operação Tutti Frutti, que esta semana surpreendeu PSD e PS com 70 buscas em juntas e câmaras dos dois partidos, foi a gota de água. Rio Rio está a aproveitar os “podres do PSD” para preparar um limpeza no partido e, dizem os seus críticos, justificar uma derrota nas eleições.
Uma investigação a alegados favorecimentos a militantes do PS e PSD, através de ajustes directos para a contratação de pessoal e adjudicação de serviços a empresas ligadas ou controladas por dirigentes políticos, levou a Polícia Judiciária a realizar esta quarta-feira cerca de 70 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a escritórios de advogados, autarquias, sociedades e instalações partidárias ligadas aos dois partidos.
A operação da PJ estendeu-se também a serviços da Câmara Municipal de Lisboa e a três juntas de freguesia, que terão adjudicado avenças em valor superior a um milhão de euros a empresas de militantes do PSD.
Já esta quinta-feira, a Operação Tutti Frutti chegou ao próprio Fernando Medina. O presidente da Câmara de Lisboa é suspeito de ter combinado “jobs for the boys” de PS e PSD com o deputado social-democrata Sérgio Azevedo.
Mas a reacção dos dois partidos ao caso, realça o Observador, foi completamente diferente. Do lado do PS reina aparentemente a calma, e o partido limitou-se a emitir um comunicado em que afirma estar a “colaborar com as autoridades”.
O PSD, pelo contrário, convocou com espalhafato os jornalistas para uma conferência de imprensa na sede do partido, numa altura em que ainda decorriam as buscas e sem que ninguém tenha percebido porquê.
Durante a conferência de imprensa, o secretário-geral do partido, José Silvano, assegurou que a atual direcção “não tem medo de nenhuma investigação, doa a quem doer” e frisou que a investigação incide “sobre factos anteriores à eleição deste líder e desta direcção”.
“Quando assumimos a direcção do partido, Rui Rio e eu próprio assumimos publicamente estes princípios: não tínhamos medo de nada de ninguém, o mandato para que fomos eleitos teria como foco principal o combate à corrupção, compadrios e falta de transparência na vida política e nunca colocaríamos quaisquer obstáculos à procura da verdade, doesse a quem doesse”, sublinhou Silvano.
“Foi uma declaração infeliz, toda a gente ficou nervosa”, disse ao Observador uma fonte social-democrata, que sublinha que o sentimento generalizado no PSD é o de não compreender a opção do presidente e do secretário-geral de “empolar” os podres do partido e de “chutar as culpas para trás”.
“Ou é inabilidade política ou… é tática“. Segundo uma tese que circula em alguns sectores, Rui Rio está a manter propositadamente um clima de guerra entre o partido e a bancada “para se vitimizar e começar a criar argumentos” que justifiquem uma limpeza nos lugares e uma eventual derrota no período eleitoral que se aproxima.
Rio “está a preparar uma purga”, garante ao Observador uma outra fonte parlamentar, que acrescenta que “todos nós, inclusivamente o próprio Silvano, já fazíamos parte do partido antes desta direcção”.
“Começou com a substituição do líder parlamentar, logo quando foi eleito, que até lhe correu bem porque passou a ideia de que Hugo Soares estava agarrado ao poder e que Rui Rio estava acima disso, e agora continua com vários exemplos”, diz ao Observador uma outra fonte.
“Quando as coisas pareciam estar a normalizar, depois de um primeiro período de adaptação, Rio vem criar a confusão dos combustíveis, não se percebe. Tem de estar em permanente conflito interno para estar por cima”, acrescenta.
“Foi só mais um prego nos nossos pés“, diz ao jornal online um deputado laranja, ” a juntar-se a outros que já tinham começado a ser pregados na semana passada”, numa referência ao caso da votação do projecto de lei dos impostos sobre combustíveis, em que a bancada do PSD votou, à revelia de Rio, alinhada com CDS, Bloco e PCP.
O partido dá sinais de estar nervoso. Mais com a estratégia de Rui Rio do que com a megaoperação que esta semana levou 200 elementos da PJ a juntas de freguesia e instalações partidárias de PSD e PS.
zap.aeiou.pt
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