Em 1917, Portugal era um país em erupção.
O racionamento de alimentos por causa da I Guerra Mundial provocou a revolta popular.
O país afundava numa profunda crise económica.
Era cada vez mais difícil sobreviver, sobretudo nas zonas urbanas.
De acordo com o Anuário Estatístico de Portugal, o custo de vida subiu 192,7% entre 1914 e 1918.
Um litro de leite custava o equivalente a 18% do salário de um operário e uma dúzia de ovos correspondia a 60%.
Paralelamente, o desemprego alastrava.
Nesta altura Portugal era um país rural.
A grande maioria da população era analfabeta e os que vinham do campo à procura de emprego nas cidades, quando lá chegavam, viviam em condições sub-humanas.
Precisavam de apoio social para sobreviver, como a Sopa para os Pobres, criada pelo jornal O Século, com a ajuda das paróquias, em Abril de 1917.
Os fundos eram angariados através da organização de espectáculos de beneficência.
Os ânimos aqueceram ainda mais quando houve um aumento súbito do preço da batata, um produto muito consumido pelas classes mais desfavorecidas, devido à falta de pão.
A isso juntava-se a escassez de carne, peixe, leite e açúcar.
A população estava faminta e a 19 de Maio de 1917 começaram os assaltos em massa a mercearias, padarias, restaurantes.
A situação, nos dias seguintes, ficou descontrolada.
Os violentos confrontos dos populares com as forças da autoridade entre 19 e 21 de Maio provocaram cerca de 40 mortos.
Houve centenas de pessoas que foram presas.
No Rossio, a enfrentar a guarda, estiveram mais de 4 mil pessoas.
O governo, liderado por Afonso Costa, declarou o estado de sítio e suspendeu as garantias constitucionais.
A capital passou a ser patrulhada pela infantaria e pela cavalaria.
No Porto também houve confrontos com a GNR e a polícia de que resultaram cerca de 20 mortos e vários feridos.
Esta explosão social ficou conhecida como “A Revolta da Batata”.
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