No início da semana, reflectindo (lenta e rapidamente) sobre a campanha eleitoral na comunicação social, escreví:
“(…) Duas linhas gerais numa campanha não alegre mas violenta, com toques de ridiculo, caricatos. Descredibilizadoras da democracia, por mais burguesa que ela seja… mas que é assim que (lhes) serve.
- a insistência até à exaustão no que possa levar a prever um empate. Como se só houvesse PàF e PS e em aproximações sucessivas até ao desempate nas urnas. Com o logro do voto útil e a insinuação (democraticamente) criminosa da inutilidade do voto nos “outros” e, por isso, (inutilidade) dos deputados, da Assembleia da República, desta democracia em suma.
- entre os “outros”, a multiplicação que divida, baralhe e ajude a estimular o protesto atomizado (desde o de não votar ao de votar em quem diz “coisas certas”). Também a “ajuda” – por vezes subliminar, por vezes descarada – a quem, ou ao que, possa desviar o voto d’aquela força coerente e organizada, permanente, de classe, assim se canalizando esse voto, ou esse não-voto, para a real inutilidade. “
Neste fim de semana, a passagem (e paragem) dos olhos pelo que é a comunicação social que leio (além da “outra”, de certo modo correctora… mas colocada em surdina quando não silenciada) veio ilustrar o que escrevera.
Na revista do Expresso de ontem, chamam às eleições, afirmativa e perentoriamente,“eleições empatadas”!:
E, na capa da mesma revista, com entrevista de 8-páginas-8 no interior, grande destaque para a “deputada do Bloco de Esquerda” Mariana Mortágua:
Não que desmereça das qualidades e méritos de Mariana Mortágua, mas a sua transformação em vedeta traz “água no bico”, sobretudo porque se fundamenta na valorização da sua intervenção no inquérito parlamentar ao BES, não só para a abrilhantar mas, também, colocando na sombra outras intervenções de grande qualidade, individual e colectiva.
E, logo hoje de manhã, apanhei com o Sapo a atirar-me à cara com mais Mariana Mortágua (e Bloco de Esquerda):
É clara (para mim, claro…) a intenção de dirigir os focos de luz sobre uma parte da “esquerda” (de que, insisto, não desmereço a qualidade de alguns assim rotulados) para que os votos “perdidos” pelo alternante bipolar centro-direito das políticas que tão bem conhecemos – e sofremos – se não canalizem para a grande força de esquerda colocada na sombra… já que não pode ser colocada “à sombra”.
E procurando entreter-nos com o que €£€$ próprios chamam ”folclore político”:
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Quanto a eventuais complexos de perseguição – sobre que eu próprio me interrogo –, reflectirei (por escrito) noutro tempo e oporunidade,
Via: Anónimo Séc. XXI
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