Com Maria de Belém, são já 17 os candidatos presidenciais. A segunda volta é cada vez mais provável. E ainda faltam os da direita. Marcelo ficou surpreendido ontem, mas insiste: não há pressa.
Com a confirmação da candidatura de Maria de Belém, a hipótese de uma segunda volta nas presidenciais ganha força. A socialista junta-se a um rol de 16 pré-candidatos que já oficializaram a sua vontade de concorrer, deixando antever que esta será uma das campanhas mais disputadas de sempre.
Mesmo admitindo as desistências que sempre acontecem pelo caminho – ora pela falta de apoio político, ora pela falta de cumprimentos dos requisitos para oficializar a candidatura -, há candidatos que parecem sólidos na intenção de ir a votos. Henrique Neto, Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém ou Paulo Morais garantem já uma corrida… concorrida, muito perto do máximo de candidatos que disputaram uma primeira volta presidencial: seis (1980, 2006 e 2011).
Mas nestas contas falta ainda o candidato à direita. Melhor dizendo, os candidatos à direita. E são muitos os que se perfilam. Marcelo Rebelo de Sousa é um deles: é “prematuro fazer cenários”, especialmente quando se desconhecem os resultados das legislativas, diz ao Observador. Mas sempre adianta que tanto Maria de Belém como Sampaio da Nóvoa poderão ter mais de 20% dos votos – o que reforça a tese de uma segunda volta obrigatória, face à dificuldade de alguém recolher mais de 50% dos votos à primeira. Marcelo admite até que, dependendo de quem avança pela direita, essa segunda volta, até pode ser decidida “só com candidatos de esquerda”.
Para levar a corrida a uma nova votação muito contará, também, a decisão final do PCP. Se o Livre já fez um referendo que resultou num apoio a Nóvoa, se o Bloco continua uma incógnita, os comunistas já decidiram em Comité Central apresentar um candidato próprio. Desde 2001 que o PCP apresenta um candidato sem desistir.
Marcelo Rebelo de Sousa acha que esta multiplicidade de candidaturas se deve, também, ao cenário que temos pela frente nas legislativas: a de um governo sem maioria absoluta. “Isto dá uma importância acrescida à corrida para as presidenciais. Tem-se a noção que o próximo Presidente vai resolver”, ganha outra relevância. Até o fenómeno de termos eleições legislativas coladas às presidenciais é rara na história da democracia portuguesa – e tem influência, garante o muito anunciado pré-candidato, que admite só tomar uma decisão final lá mais para o fim do ano.
Ainda à direita, há outros dois candidatos possíveis e anunciados: Rui Rio e Santana Lopes. Se todos avançarem, teremos 21 candidatos ao todo – pelo menos oito sem vontade de desistir. “Não tem mal nenhum”, diz uma fonte próxima do atual provedor da Santa Casa, que foi o primeiro à direita a falar da primeira volta como uma etapa, sem dramas. Só em Portugal é que “a direita tem este complexo de um candidato unitário. Deve estar nos genes”, admite a mesma fonte, esperando que, com estes avanços de Nóvoa e Belém, “a direita aprenda”. Em Portugal, as presidenciais só foram uma vez à segunda volta (1986) e são raras as corridas com mais de uma mão cheia de candidatos:
Marcelo Rebelo de Sousa diz ter ficado “surpreendido” com o timing da candidatura de Belém – “Entre Maria de Belém e o processo entre o Benfica e Jesus, a mensagem de António Costa desapareceu”. E continua a defender que ninguém deveria avançar antes das legislativas, mesmo os candidatos à esquerda. “Se Nóvoa tivesse esperado pelas legislativas, talvez não tivesse aparecido Maria de Belém”, afirma.
Quanto aos potenciais candidatos à direita, Marcelo diz que a oficialização de uma candidatura enfraquece as hipóteses de uma vitória por parte da coligação nas legislativas. “Em vez de unir, vem desunir o partido. Olhemos para o PS: há intenções manifestadas à direita, mas ninguém anunciou coisa nenhuma. Houve bom senso, até porque há uma irreversibilidade nas candidaturas. Quando avançam, partem os partidos”, diz o académico.
Já agora, olhemos para os outros candidatos, aqueles de que ninguém fala e que já oficializaram a sua intenção de concorrer: Manuela Gonzaga, historiadora, escritora e ex-jornalista; Paulo Freitas do Amaral, antigo autarca e militante do CDS; Graça Castanho, professora universitária; Orlando Cruz, empresário; Jorge Sequeira, psicólogo; Manuel Almeida, ninja e segurança – que entretanto já retirou a sua candidatura-; Fernando Vale, conhecido como “o advogado de Ermesinde”; Sérgio Gave Fraga, advogado de Braga; Cândido Ferreira, médico; Paulo Borges, fundador do PAN; Castanheira Barros, advogado e militante do PSD, Manuel João Vieira, cantor, e Paulo Antão. Nenhum dos candidatos terá ainda reunidos as 7500 assinaturas necessárias para formalizar a candidatura.
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