Desgrécia europeia
Na União Europeia, embora o Governo da cada país ainda tenha algumas minudências para decidir, mandam os mais fortes ― Alemanha e França ―, como é sobejamente sabido. São eles que telecomandam os restantes. É, por isso, à partida, um projeto fadado para o fracasso.
Quando um país cai na situação em que caíram a Irlanda, Portugal, Grécia… perde toda e qualquer margem de decisão. Só não perde o Governo para se manter a fachada da democracia e da autodeterminação. Mas é mera fachada, porque os eleitos por esses povos, durante os ditos resgates ― que são, de facto, sequestros ― não passam de meros fantoches. O que se está a passar na Grécia é disso eloquente e gritante exemplo.
Tsipras quis governar com o seu cérebro ― foi para isso que o povo o elegeu e o “reconduziu”, através do recente referendo ―, mas a manápula europeia disse aos Gregos, alto e bom som, que nem o povo, nem o Parlamento nem o Governo têm voto na matéria. Se querem dinheiro, têm de admitir a perda da soberania. Dito de outra forma: “Só vos emprestamos dinheiro, se formos nós a governar-vos, porque vós sois incapazes!”. Agora, Tsipras tem de governar ao contrário. Democracia ao contrário, portanto.
Neste momento, a Grécia é um território o ocupado, vergado, desautorizado e miseravelmente humilhado pelos seus ímpares e pares europeus. Está privada da liberdade e da democracia. É uma expressiva alegoria desta Europa grávida de desuniões.
diogodaveigabravio.blogspot.pt
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