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segunda-feira, 11 de junho de 2012





O que anda Miguel Relvas a tramar

Eis que Miguel Relvas lá decidiu comunicar aos portugueses (finalmente!) uma palavrinha sobre o seu futuro no 
executivo de Passos Coelho. Para dizer o quê? 
Que finalmente adquiriu algum sentido de Estado e está disposto a sacrificar o seu interesse pessoal em benefício do 
interesse de Portugal? 
Que finalmente tomará uma atitude digna e respeitável e decide abandonar o Governo pelo seu próprio pé? 
Não, nada disso. Tais decisões não seriam compagináveis com o perfil político de Miguel Relvas: 
o Ministro-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares limitou-se a dizer que continuará no Governo - 
e ainda mais forte. 
Passo Coelho aceita e até defende-o acerrimamente: o Governo vai pagar caro, 
muito caro, por transportar alguém que 
está completamente descredibilizado aos olhos dos portugueses. 
E não é um Ministro qualquer: é tão somente a sombra 
de Passos Coelho (aliás, oficiosamente, o que sucede é o inverso: 
Passos Coelho é que é uma sombra de Miguel Relvas!). 
O Governo Passos Coelho só terá duas soluções possíveis: 
ou livra-se de Miguel Relvas já e confere um ar de desassombro e confiança; ou então, 
Passos Coelho cairá com Miguel Relvas. Não tenham dúvidas: 
já o disse e reitero aqui que Passos Coelho tem medo de Miguel Relvas.
Dito isto, como tem sido a vida de Miguel Relvas desde a revelação do escândalo em que está envolvido? 
Por estranho que pareça, tem sido de uma serenidade bizarra face à 
gravidade do escândalo e dos interesses envolvidos.
 No que concerne ao PSD, a reacção foi a esperada e normal, dentro da anormalidade em que o 
nosso sistema partidário se instalou. 
Tenho a certeza que pessoas inteligentes, como Jorge Moreira da Silva, 
estão muito incomodadas 
com o episódio das secretas em que Relvas está envolvido: 
mas, mesmo assim, aceitam dar a cara para defender o ministro - 
só porque pertencem ao mesmo partido. 
Muitos e muitos militantes do PSD me confidenciaram este fim-de-semana 
que consideram que Miguel Relvas não tem perfil, 
nem substrato intelectual ou profissional para integrar o Governo - 
mas não o podem afirmar publicamente, 
porque, apesar de tudo, o Miguel Relvas 
ainda manda no partido, manda no país (" o Passos não manda nada", 
eis o sentimento geral do povo português) 
e sabe-se lá mais no quê -logo, mais vale aguentar Miguel Relvas do que reconhecer a sua fragilidade. 
O CDS, naturalmente, 
não foi tão convicto na defesa, nem tão crítico quanto idealmente deveria ser, 
mas, honra lhe seja feita, 
não embarcou na defesa irracional do Ministro.
Posto isto, convém centrar a nossa atenção na questão mais pertinente face aos dados actuais do problema: 
o que fará Miguel Relvas agora, face à confirmação das suspeitas 
dos portugueses face à sua falta de 
independência para exercer o cargo? Vejamos.
Ora, Miguel Relvas irá resguardar-se, aparecendo o mínimo possível, só surgindo em 
aparições públicas e apresentações que se insiram 
no âmbito de actividades ou funções do seu Ministério. 
Apenas e só! Nem mais, nem menos. Com que intuito? Desde logo, tornar um 
escudo protector que salvaguarde Relvas 
de responder a perguntas incómodas dos jornalistas; em segundo lugar, para tentar mostrar 
aos portugueses que enquanto uns criticam, especulam, 
outros (como ele) trabalham. 
No fundo, quer mostrar aos portugueses que apenas está no Governo para servir o interesse público. 
O problema é que este comportamento de Miguel Relvas faz lembrar as pessoas em estado 
de coma grave: por muito miserável, desprezível que essa pessoa tivesse sido durante a sua vida, 
tentará fazer as pazes 
e desculpar-se pelos seus erros quando a morte se avizinha.
 Mas, depois, uma vez recuperada, volta a ser a mesma pessoa desprezível. 
Não tenhamos dúvidas: Miguel Relvas, 
daqui a uns meses, vai julgar que os portugueses 
já esqueceram os seus casos e voltará com aquele 
sorriso hipócrita e sinistro de sempre. Porque esse é o verdadeiro Miguel Relvas. 
Entretanto, não se admirem que haja!
O problema de tudo isto é que Miguel Relvas de é o responsável pela comunicação do Governo. 
Ora, num momento, em que Passos Coelho 
e restantes membros têm de explicar as políticas de várias 
áreas de governação , Passos vai arrepnder-se - e muito - de o manter.


Expresso

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